20 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 8)

Ney Matogrosso – Atento aos sinais


Ney Matogrosso após a conturbada saída dos Secos e Molhados iniciou uma carreira solo vencedora, desde seu clássico disco de estreia Água do Céu / Pássaro até os dias de hoje, sempre com um ótimo gosto para escolha de seu repertório, com autores com letras de nível poético acima de média e grandes arranjos.

Antes de lançar seu novo disco, Atento aos Sinais, Ney ficou um ano em turnê tocando as músicas deste álbum até que os arranjos amadurecessem e ganhassem corpo para que as canções chegassem ao nível de qualidade que é marca registrada em sua carreira.

Neste novo trabalho, Ney Matogrosso escolheu canções de artistas consagrados e novos artistas, que em sua maioria não são tão conhecidos pelo grande público. Esta escolha de repertório funcionou muito bem e mostra que temos bons novos compositores na música brasileira e não só as picaretagens que ouvimos nas rádios e na televisão na maior parte do tempo.

“Rua de passagem”, um rock com maracatu de autoria de Arnaldo Antunes e Lenine, tem uma letra que fala um pouco sobre direitos igualitários, com um belo arranjo de metais. “Incêndio” é de Pedro Luís e fala um pouco sobre a onda de protestos no Brasil, numa levada rock, mostrando que Ney está “antenado” com os fatos recentes no Brasil.

Em “Roendo as unhas”, moderniza o samba de Paulinho da Viola, com bons solos de guitarra de Maurício Negão e com a percussão de Marcos Suzano. A música ganha um clima mais tenso graças a grande interpretação de Ney. O cantor ainda resgata duas canções de Itamar Assumpção em “Noite torta” e no quase reggae “Isso não vai ficar assim”.

“Ilusão da casa” é a música mais emocionante do disco, com seu piano e um ótimo desempenho vocal de Ney, nesta canção do não tão conhecido compositor Vitor Ramil. “Oração” é do jovem compositor Dani Black e tem a frase que dá nome ao disco. Em “Freguês da meia noite” do rapper Criolo, Ney dá um tom mais dramático à música e faz uma versão superior à original.

O disco ainda tem grandes momentos reservados, com no suíngue e guitarras cheias de wah wah de “Pronomes”, o belíssimo arranjo de cordas em “Não consigo” e a divertida “Samba do Blackberry” da banda Tono. O disco termina com o rock “Todo mundo o tempo todo” de Dan Kagawa.

Ney Matogrosso faz um trabalho impecável neste disco, que não perde a energia em nenhum momento, com belos arranjos e letras acima da média dentro do cenário da música atual. Ney mostra (com o perdão do trocadilho) que está mais do que atento aos sinais da nova música brasileira. 















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