20 de maio de 2016

Legião Urbana 30 anos – Resenha

Depois do imbróglio com o filho e herdeiro de Renato Russo e com um ano de atraso, finalmente saiu a edição especial de 30 anos do primeiro disco da Legião Urbana, lançado em 1985. Composto por dois CDs, esta edição conta com o primeiro CD com o disco da Legião na íntegra e remasterizado e o segundo CD tem versões demo e algumas raridades, mas nenhuma música inédita da banda.


A remasterização do disco realçou as boas linhas de baixo feitas pelo saudoso baixista Renato Rocha e as guitarras econômicas e eficientes de Dado Villa-Lobos ficaram bem mais nítidas do que no lançamento original. No encarte do disco há várias referências à história do rock de Brasília, como o surgimento do Aborto Elétrico, banda que após seu término resultou no surgimento da Legião e do Capital Inicial.

Mesmo sem nenhuma canção inédita, o segundo CD tem momentos interessantes, como as três primeiras faixas, versões demos e cruas de “Geração Coca-Cola”, “Ainda é cedo” e “A dança”. Ambas estavam na primeira demotape da banda que foi mostrada ao produtor Marcelo Sussekind, que não se empolgou muito com o som do grupo.

“Química” aparece com uma versão bem crua e foi gravada para o programa Clip Clip Pirata da Rede Bobo e tem uns trechos antes da música de Renato Russo explicando aos câmeras como gostaria de ser filmado, somente de frente sem ser de perfil. Depois de duas outtakes de “Perdidos no espaço” e “O reggae” há uma faixa em que Renato Russo apresenta a banda de uma forma divertida e didática. Em “Ainda é cedo (take 9)”, Renato Russo mostra sua impaciência com o baixista Renato Rocha, que não toca a linha de baixo como Russo gostaria, tanto que foi o próprio vocalista que gravou o baixo na versão original do disco.


“Chamadas de rádio” é uma faixa desnecessária, com os integrantes da Legião chamando o pessoal para ver o show da banda. “Petróleo do futuro”, “Será” e outra versão de “Ainda é cedo” (a terceiro do cd) saíram da primeira fita demo gravada pela banda em Brasília, com uma tosquíssima qualidade de som. Outra faixa desnecessária é “Aduhhhhhhhh!” uma vinheta que a banda tocava nos shows quando alguma corda de algum instrumento tinha que ser trocada. No final ainda há duas versões remixes, uma da música “A dança” feita pelo produtor dos Beastie Boys, Mario Caldato e de “O reggae” feita pelo Liminha.


Legião Urbana 30 anos é uma bela homenagem a um dos discos mais importantes já lançados no rock brasileiro. Um álbum que mostra uma banda crua e ainda sem o tom messiânico que Renato Russo iria colocar nos discos posteriores. Mesmo com poucas surpresas é uma boa pedida para os fãs de uma das maiores bandas do rock brasileiro.