Em 1991 o R.E.M. se tornou
uma das bandas de maior sucesso ao redor do mundo graças ao disco Out of Time e
seu maior hit, a canção “Losing my religion”, que além de ser brilhante tem um videoclipe
icônico que alavancou ainda mais a carreira da banda. Parecia improvável que o
R.E.M. conseguisse algo que chegasse perto de todo aquele sucesso e em 1992
lançaram um novo álbum intitulado Automatic for the People, nome de um
restaurante que ficava na cidade natal dos integrantes, Athens na Geórgia.
A sonoridade do álbum assim
como do disco anterior era predominantemente acústica, sem muitas guitarras e
com arranjos de cordas feitos por nada mais nada menos que John Paul Jones, ex-baixista
do Led Zeppelin. As letras eram ainda mais tristes e introspectivas do que o
disco anterior e segundo o vocalista Michael Stipe, era resultado da crise dos
trinta anos dos integrantes da banda e a preocupação com o que estava ocorrendo
com a juventude nos Estados Unidos.
O disco começa com “Drive”,
uma canção sombria e misteriosa com belos arranjos de cordas que vai crescendo
durante sua execução. O videoclipe também marcou época, mostrando Michael Stipe
sendo carregando por uma multidão de fãs. “Try not to breathe” é uma canção que
fala sobre morte, enquanto “The sidewinder sleeps tonite” é mais otimista e tem
uma das melhores performances vocais de Michael Stipe.
“Everybody hurts” foi sem
dúvida o maior sucesso do álbum, uma canção triste que foi inspirada no aumento
de casos de suicídio no começo da década de 90 nos Estados Unidos. O videoclipe
também fez muito sucesso e ganhou vários prêmios e foi inspirado no filme
"8 ½" de Frederico Fellini, lançado em 1963. No vídeo várias pessoas
estão presas em um congestionamento, mostrando todo o vazio e a angústia delas.
“Sweetness follows” é uma
canção estranhamente bela e triste (pra variar) e mesmo não tendo sido um
grande sucesso é um dos melhores momentos do álbum. Em “Monty got a raw deal” e
“Ignoreland” o clima fica mais animado, saindo um pouco do tom depressivo do
disco. “Man on the moon” foi outro sucesso e foi feita em homenagem ao
comediante Andy Kaufman.
“Nightswimming” é uma linda
canção com um piano tocado pelo baixista Mike Mills e fala sobre a juventude
dos integrantes e quando eles nadavam nus nas piscinas de sua cidade natal. “Find
the river” fecha o álbum com um clima nostálgico. Mesmo com o estrondoso
sucesso do disco, a banda preferiu não sair em turnê para divulgá-lo, assim
como no trabalho anterior. Automatic foi produzido por Scott Litt e a capa foi feita por Anton Corbijn.
O álbum vendeu mais de 15
milhões de cópias e é considerado por muita gente o melhor disco da banda. Kurt
Cobain era um grande fã do R.E.M. e esse era um de seus discos preferidos,
tanto que ele se inspirou bastante nele para fazer o Acústico do Nirvana e reza
a lenda também que foi último álbum que ele escutou antes de morrer. Automatic
for the People foi a obra prima definitiva do R.E.M., depois disso a banda
voltou às guitarras com o fenomenal disco Monster (o meu preferido deles), mas
nunca mais chegou perto do sucesso alcançado com Automatic for the People.