24 de novembro de 2017

Os vinte e cinco anos do disco Incesticide do Nirvana

Em 1992, depois do estrondoso sucesso do clássico Nevermind de 1991 houve um grande alvoroço por parte dos fãs do Nirvana, ávidos por novas canções da banda e também da gravadora, de olho nos novos milhões que poderia arrecadar com a venda de discos (sim, naquela época a divulgação das músicas era na base do cd, da fita k-7 e do LP, as plataformas digitais de música eram coisa de filme de ficção científica).


Para saciar esta sede por novas canções, em 15 de dezembro de 1992 era lançado o álbum Incesticide, uma coletânea de raridades do Nirvana, contendo músicas que tinham sido lançadas em EPs, compactos e sessões de programas de rádio. Com este lançamento o Nirvana teria também mais tempo para lançar um novo disco de inéditas que saiu somente em setembro de 1993, o também clássico e essencial In Utero.

Na capa do disco aparece um ser raquítico segurando algo que parece ser uma papoula, um desenho feito pelo próprio Kurt Cobain que representava a si mesmo e sua luta contra o vício de heroína. Outra curiosidade sobre o álbum é que quatro bateristas tocaram nas 15 músicas do disco, sendo eles: Dave Grohl ("Turnaround", "Molly's Lips", "Son of a Gun", "Been A Son", "New Wave Polly" e “Aneurysm”), Chad Channing (“Dive”,“Stain e “Big Long Now”), Dale Crover, baterista do Melvins ("Beeswax", "Downer", "Mexican Seafood", "Hairspray Queen" e "Aero Zeppelin") e Dan Peters, baterista do Mudhoney (“Sliver”).

A canção inicial “Dive” (que iria fazer parte de um segundo disco do Nirvana pela gravadora Sub Pop, algo que acabou não acontecendo) é uma das mais raivosas e estranhas do repertório do Nirvana, abre o disco com um riff de baixo tenebroso logo entrando a guitarra envenenada de Kurt Cobain, tendo uma das letras mais depressivas de Kurt, “Me escolha, me escolha, yeah / Todo mundo está esperando / Me bata, me bata, yeah / Eu sou realmente bom em apanhar / Mergulhe, Mergulhe, Mergulhe em mim”.


“Stain” (que fez parte do EP Blew de 1989) tem uma sonoridade bem underground e uma letra autodepreciativa, enquanto em “Sliver”, Kurt faz a letra na visão de uma criança que quer mais atenção de seus pais. “Been a Son” é uma das melhores canções pop/punk do Nirvana. “Turnaround” é um cover da banda Devo, uma das preferidas de Cobain, assim como “Molly´s Lips” e “Son of a Gun” são covers da banda Vaselines, outro grupo cultuado pelo líder do Nirvana (essas duas últimas fizeram parte de uma sessão do famoso programa de rádio de John Peel da BBC de Londres).



“New Wave (Polly)” é uma versão punk da clássica canção do disco Nevermind enquanto "Beeswax", "Downer", "Mexican Seafood", "Hairspray Queen" e "Aero Zeppelin" fizeram parte da primeira demo que a banda gravou ainda com o nome de Ted Ed Fred em 1988 contando com Dale Crover na bateria. O disco fecha com “Big Long Now” (que ficou de fora do disco Bleach por ser lenta e arrastada demais) e ”Aneurysm”.



Se Incesticide não é um dos discos mais vendidos e preferidos dos fãs, pelo menos é um álbum que mostra uma vertente mais underground e punk do Nirvana, mostrando o que o grupo era realmente diferente do som bem produzido e polido de Nevermind. Uma coleção de canções belas e ao mesmo tempo estranhas, que ajuda a entender a mente genial e confusa de Kurt Cobain, um dos maiores ícones do rock dos últimos tempos.