26 de julho de 2015

Casais que marcaram época no rock

Hoje no blog vamos relembrar alguns relacionamentos que foram além do sentimento amoroso e que geraram inúmeros bons momentos musicais. Casais que além de construírem uma vida juntos terem filhos e etc. fizeram grandes canções que entraram para a história do rock. Alguns deles se desfizeram outros estão juntos firmes e fortes. Vamos rever algumas músicas que foram frutos destas parcerias.

John Lennon e Yoko Ono   


Em 20 de março de 1969 John Lennon e Yoko Ono se casavam e começava ali oficialmente a história do casal mais famoso da história do rock. Apesar de muitos relacionarem a união dos dois com o fim dos Beatles, foi uma das histórias de amor mais bonitas já conhecidas. A parceria musical dos dois também foi muito importante, começando pelo primeiro disco gravado por eles, o disco experimental Unifished Music Number 1 - Two Virgins de 1968, o famoso álbum em que eles aparecem em nu frontal na capa. O último trabalho lançado por eles foi o disco Double Fantasy de 1980, lançado pouco antes da trágica morte de John Lennon.



Poison Ivy e Lux Interior


Poison e Lux formaram em 1976 o The Cramps, banda que ficou famosa por ser uma das pioneiras a misturar rockabilly com o rock de garagem e o punk rock se tornando um das bandas mais lendários da cena underground de Nova Iorque fazendo parte da cena que tocou muito no clássico clube CBGB´s ao lado de bandas como Ramones e Blondie. O primeiro disco do Cramps foi lançado em 1980 e o último trabalho lançado em 2003. A união terminou infelizmente com o falecimento do vocalista e performer Lux Interior em 2009 por problemas cardíacos, culminando também com o fim do The Cramps e uma das parcerias mais incendiárias do rock.



Kim Gordon e Thurston Moore


O Sonic Youth é uma das bandas mais influentes do rock alternativo de todos os tempos. Seu fã mais ilustre era Kurt Cobain, que nunca escondeu que a banda era uma de suas preferidas e que os admirava muito. Kim e Thurston formaram o Sonic Youth em 1981 e foram 15 discos lançados e uma sonoridade que revolucionou o rock underground nos anos 80, abrindo portas para o boom do rock alternativo no início dos 90. Kim e Thurston se separaram em 2011 e a banda segue em hiato, sem previsão de novos lançamentos, mas sem dúvida foi uma das uniões mais importantes da história do rock. 



Rita Lee e Roberto de Carvalho


Após o fim de seu casamento com Arnaldo Baptista e sua saída dos Mutantes, Rita Lee começou uma vitoriosa carreira solo e no final dos 70 se casou com o guitarrista Roberto de Carvalho, começando uma parceria musical que resultou nos maiores sucessos comerciais da cantora. O primeiro disco da parceria, o álbum Rita Lee de 1979 foi um grande sucesso e teve hits como “Mania de você” e “Doce vampiro”. Com mais de 35 anos de união, os dois seguem firmes e fortes até hoje, sendo um dos casais mais bem sucedidos da música brasileira.



Jack e Meg White


Esse é sem dúvida o casal mais misterioso da história do rock. Quando estavam juntos no White Stripes, muito se especulava sobre a relação dos dois, uns diziam que os dois eram irmãos, outros falavam que eram só amigos. Após o término da banda, em 2011, descobriu-se que os dois foram casados de 1996 até 2000 e mesmo com o fim do casamento a parceria musical continuou por muitos anos. O White Stripes lançou seis discos de estúdio e foi uma das maiores bandas dos anos 2000. Depois do término do grupo, Jack White começou uma bem sucedida carreira solo, enquanto Meg acabou sumindo da mídia musical.



13 de julho de 2015

Muse aposta no peso e na temática forte em seu novo disco

No mês passado saiu o sétimo disco de estúdio da banda inglesa Muse. Drones é um álbum conceitual, que tem como tema as guerras modernas, os drones e os conflitos interiores de pessoas que hoje são facilmente manipuladas pelo sistema. Produzido por Robert Lange, tem como característica um maior peso nas guitarras do que os discos anteriores, lembrando um pouco os primeiros trabalhos do Muse.


“Dead inside”, música de abertura do disco, é uma típica faixa da banda: um eletro-rock com uma levada bem marcada de baixo. Uma das melhores faixas do disco tem belos toques eletrônicos e um belo desempenho vocal de Matt Bellamy, sem os tradicionais exageros que acompanham os vocais do líder do Muse.


“Psycho” tem uma introdução de um general e um soldado obedecendo a suas ordens, para se tornar um assassino frio e calculista. Com um riff blueseiro é uma das mais pesadas do disco e reforça o conceito de alienação e como alguns governantes e líderes transformam pessoas em psicopatas sociais.


“Mercy” é uma das mais pop do álbum e nas primeiras audições parece ser enjoativa, mas com o tempo se torna mais interessante, mas longe de ser a melhor música e mais criativa feita pela banda. “Reapers” é a melhor canção de Drones, pesada, com belos riffs e um refrão certeiro cheio de efeitos. Destaque também para o efeito de guitarra usado por Bellamy no solo.


“The handler” é uma das mais pesadas feitas pelo Muse, destaque para a interessante escala feita por Bellamy e a linha de baixo feita por Christopher Wolstenholme no meio da música. “Defector” tem uma introdução com um trecho de um discurso feito por John Kennedy nos anos 60 e aposta em riffs nervosos e um discurso contra a dominação ideológica e militar.

“Revolt” é uma canção que fala sobre se revoltar contra o que está estabelecido, com um refrão mais pop. “Aftermath” é uma bela balada com bons arranjos de guitarra e orquestração. “The globalist” é a canção mais extensa do Muse, com dez minutos de duração. A música fica um pouco entediante durante sua execução e poderia ter uns cinco minutos a menos que não fariam muita falta. O disco se encerra com um canto estilo música sacra do século 16 na canção que dá título ao álbum.

Se no disco anterior, The 2nd Law, o Muse atirava em várias direções, às vezes tentado soar como o Queen, o U2 e até mesmo Prince, apelando até para o Dubstep nas últimas faixas, em Drones a banda parece mais concisa e com uma sonoridade um pouco mais própria, com Bellamy não exagerando tanto em seus vocais.

O Muse pode não ser a salvação do rock, mas pelo menos investe em uma sonoridade mais básica e pesada e com uma temática séria em suas letras, ao contrário de muitas bandas da atualidade que não dizem nada em suas músicas. Além disto, são grandes instrumentistas que conseguem extrair arranjos interessantes, apesar de alguns exageros. Drones pode não ser considerado o melhor disco do trio, mas deve agradar em cheio os fãs da banda, porém, não vai ser com este álbum que o Muse vai conseguir mudar a opinião de seus detratores. 

1 de julho de 2015

Montage of Heck mostra a fragilidade de Kurt Cobain

Ontem assisti pela terceira vez ao documentário sobre a vida de Kurt Cobain, Montage of Heck, do diretor Brett Morgen. Este é o primeiro documentário com o suporte da viúva de Kurt, Courtney Love e a filha dele, Frances Bean Cobain. Com um vasto arquivo de áudio, imagens e obras de arte do líder do Nirvana, Morgen construiu um documentário que foge do lugar comum, misturando entrevistas e trechos de apresentações da banda com animações que às vezes mostravam partes dos diários e desenhos feitos por Kurt, e outras representavam trechos de sua vida em forma de desenho animado.


Morgen preferiu entrevistar somente as pessoas mais próximas da vida de Kurt, como os pais dele, sua madrasta, o seu amigo e companheiro de banda Krist Novoselic, sua irmã Kim, além de sua primeira namorada Tracy Marander e claro, a viúva Courtney Love. Não ficou muito bem explicada a ausência de entrevistas com Dave Grohl. Segundo o diretor, a entrevista dele foi feita depois que o filme já tinha sido terminado e que não daria tempo de colocar no documentário e também achou que a presença de Novoselic já era suficiente.

Logo de cara no filme, impressionam as imagens da infância de Kurt, mostrando uma criança linda e extremamente carismática. As imagens têm uma qualidade tão boa que parecem que são cenas feitas agora, com atores representando aquela época. No começo do filme, a mãe de Kurt fala que ele era hiperativo e que o médico receitou remédios para o garoto. Um grande erro que pode ter sido o começo de uma longa trajetória de dependência química do vocalista do Nirvana.

Outro fato crucial na vida de Cobain foi a separação dos pais, que tornaram Kurt um cara fechado e extremamente rebelde, mudando de casa em casa, morando com vários parentes até finalmente voltar contrariado a casa de sua mãe. Há também a parte musical do Nirvana, que é o mais importante, com apresentações ao vivo que mostram o quanto a banda era impactante, graças a sua batida forte, riffs de guitarras incríveis e o jeito forte e emocional de cantar de Kurt, mostrando uma visceralidade que poucas bandas na história do rock tiveram.  

O documentário também mostra vídeos pessoais de Kurt e Courtney, em momentos de descontração em casa (visivelmente chapados pelo uso de drogas), que chegam a ser engraçados e melancólicos ao mesmo tempo, mostrando um lado bem humorado e sarcástico de Kurt, que faz várias piadas com o Guns n´ Roses. Vídeos que mostram um casal apaixonado e perturbado ao mesmo tempo, revelando uma intimidade deles nunca antes mostrada.

As cenas de Kurt com sua filha ainda bebê são emocionantes e chegam a dar aquele aperto no coração, mostrando um homem com muito afeto e amor pela filha. Uma das cenas finais, que mostram um Kurt mal conseguindo ficar de pé e levando bronca de Courtney por estar drogado em frente de sua filha, são muito chocantes, mostrando como Kurt estava chegando ao fundo do poço.

Após o filme ainda passa uma entrevista com o diretor do documentário, Brett Morgen, em que ele fala que se inspirou no filme The Wall do Pink Floyd e como ficou obcecado pelo artista Kurt Cobain, após ter acesso ao material que usaria no filme. Seu envolvimento foi tão grande que ele se sentia mais próximo de Kurt estes últimos anos do que de seus próprios amigos.

Em Montage of Heck, vemos um artista ambicioso e ao mesmo tempo sensível às críticas, aos problemas estomacais, às responsabilidades e ao sucesso. Mas nada mesmo o afetou tanto quanto seu vício em heroína. Infelizmente era uma tragédia anunciada, Kurt não conseguiu vencer o vício, graças a sua fragilidade física e psíquica. Um artista que tinha uma arte muito genuína e sincera e que teve um fim repentino e trágico, mas que deixou sua marca e foi um dos últimos suspiros do rock.