4 de dezembro de 2019

Automatic for the People – A obra prima definitiva do R.E.M.


Em 1991 o R.E.M. se tornou uma das bandas de maior sucesso ao redor do mundo graças ao disco Out of Time e seu maior hit, a canção “Losing my religion”, que além de ser brilhante tem um videoclipe icônico que alavancou ainda mais a carreira da banda. Parecia improvável que o R.E.M. conseguisse algo que chegasse perto de todo aquele sucesso e em 1992 lançaram um novo álbum intitulado Automatic for the People, nome de um restaurante que ficava na cidade natal dos integrantes, Athens na Geórgia.




A sonoridade do álbum assim como do disco anterior era predominantemente acústica, sem muitas guitarras e com arranjos de cordas feitos por nada mais nada menos que John Paul Jones, ex-baixista do Led Zeppelin. As letras eram ainda mais tristes e introspectivas do que o disco anterior e segundo o vocalista Michael Stipe, era resultado da crise dos trinta anos dos integrantes da banda e a preocupação com o que estava ocorrendo com a juventude nos Estados Unidos.

O disco começa com “Drive”, uma canção sombria e misteriosa com belos arranjos de cordas que vai crescendo durante sua execução. O videoclipe também marcou época, mostrando Michael Stipe sendo carregando por uma multidão de fãs. “Try not to breathe” é uma canção que fala sobre morte, enquanto “The sidewinder sleeps tonite” é mais otimista e tem uma das melhores performances vocais de Michael Stipe.


“Everybody hurts” foi sem dúvida o maior sucesso do álbum, uma canção triste que foi inspirada no aumento de casos de suicídio no começo da década de 90 nos Estados Unidos. O videoclipe também fez muito sucesso e ganhou vários prêmios e foi inspirado no filme "8 ½" de Frederico Fellini, lançado em 1963. No vídeo várias pessoas estão presas em um congestionamento, mostrando todo o vazio e a angústia delas.


“Sweetness follows” é uma canção estranhamente bela e triste (pra variar) e mesmo não tendo sido um grande sucesso é um dos melhores momentos do álbum. Em “Monty got a raw deal” e “Ignoreland” o clima fica mais animado, saindo um pouco do tom depressivo do disco. “Man on the moon” foi outro sucesso e foi feita em homenagem ao comediante Andy Kaufman.

“Nightswimming” é uma linda canção com um piano tocado pelo baixista Mike Mills e fala sobre a juventude dos integrantes e quando eles nadavam nus nas piscinas de sua cidade natal. “Find the river” fecha o álbum com um clima nostálgico. Mesmo com o estrondoso sucesso do disco, a banda preferiu não sair em turnê para divulgá-lo, assim como no trabalho anterior. Automatic foi produzido por Scott Litt e a capa foi feita por Anton Corbijn. 


O álbum vendeu mais de 15 milhões de cópias e é considerado por muita gente o melhor disco da banda. Kurt Cobain era um grande fã do R.E.M. e esse era um de seus discos preferidos, tanto que ele se inspirou bastante nele para fazer o Acústico do Nirvana e reza a lenda também que foi último álbum que ele escutou antes de morrer. Automatic for the People foi a obra prima definitiva do R.E.M., depois disso a banda voltou às guitarras com o fenomenal disco Monster (o meu preferido deles), mas nunca mais chegou perto do sucesso alcançado com Automatic for the People.