22 de junho de 2015

Johnny Marr ao vivo em São Paulo – Resenha

Ontem em São Paulo, aconteceu mais uma edição do Festival Cultura Inglesa, no Memorial da América Latina. O Festival teve como atrações os ingleses do The Strypes, a “cantora” de tecnobrega Gaby Amarantos e a atração principal, claro, foi o ex-guitarrista do Smiths, Johnny Marr.


Não cheguei a assistir ao show do Strypes, que parece ser uma banda interessante, mas peguei a parte final da performance de Amarantos, que destruiu clássicos dos anos 80, como “Sweet dreams” do Eurythmics, “Blue Monday” do New Order e “Suedehead” do Morrissey, em versões tecnobregas, com a voz forçada de Amarantos. Que tal ano que vem chamarem uma banda de rock nova brasileira para participar, para dar uma força ao combalido rock nacional? Fica a dica.

Pontualmente às 19 horas, o lendário guitarrista do Smiths entrou no palco e abriu o show com “Playland”, faixa de seu bom segundo disco solo, de mesmo nome, lançado em 2014. O som estava bem equalizado e apesar da recepção um pouco fria da plateia, que estava mais interessada em ouvir canções do Smiths, já demonstrava que seria um grande show e que ainda é um dos melhores guitarristas em atividade.

O público se animou um pouco mais com a primeira canção do Smiths que foi tocada, “Panic”. Marr tocou fielmente ao arranjo original e ainda mostrou que canta muito bem, nesta canção que pertence ao disco Louder Than Bombs de 1987. O show foi pegando força gradualmente com a sequência “The right thing right” de seu primeiro disco solo, The Messenger, de 2013 e a dançante “Easy money” de seu segundo disco.

Apesar da falta de interesse da maioria do público com as músicas de seu trabalho solo, Marr demonstrou que as canções são de muita qualidade, principalmente ao vivo, graças a sua boa banda de apoio e é claro, aos belos arranjos de guitarra de Marr. Depois de “25 hours” e “New town velocity” veio o segundo clássico do Smiths na noite. A guitarra hipnótica de “Headmaster ritual” me levou ao delírio, em uma das minhas canções preferidas da banda, que tem uma letra que fala sobre uma pessoa que sofre abusos em uma escola. 

Em “Bigmouth strikes again” o público parece ter acordado de vez, cantando junto um dos maiores clássicos do Smiths, tocado com emoção e fidelidade ao original por Marr. “Getting away with it”, canção do Eletronic, projeto que Johnny participou no começo dos anos 90 com Bernard Sumner do New Order também emocionou bastante, relembrando uma grande fase do pop rock mundial.

Para encerrar o show antes do bis, a bela e emocionante, “There´s a light that never goes out”, cantado em uníssono pelo público, nesta canção que pertence ao clássico disco The Queen is Dead de 1986. Marr e sua banda saíram do palco já com o público na mão, a espera de mais canções do Smiths.

Logo na volta para o Bis, Marr mandou “Stop if you think that you´ve heard this one before” para levantar o público de vez, nesta música que fez parte do último disco de estúdio do Smiths, Strangeways Here We Come de 1987. Depois veio “Upstars” de seu primeiro disco solo e uma sensacional cover de “I feel you” do Depeche Mode. Para encerrar com maestria, a tão esperada “How soon is now” com sua letra emocionante que fala de solidão e timidez , que ganha muita força graças aos efeitos de guitarra usados por Marr, em uma das canções mais emblemáticas dos anos 80.

Com este show, Johnny Marr mostrou porque é um dos artistas mais influentes e importantes do rock mundial. Se Morrissey sempre foi o coração do Smiths, Marr sempre foi a alma, com suas melodias e harmonias perfeitas e sua competente guitarra. Um artista que não vive apenas do passado e mostra que tem novas canções muito consistentes e que ainda vai produzir muita música de qualidade.


Setlist:

Playland
Panic
(The Smiths song)
The Right Thing Right
Easy Money
25 Hours
New Town Velocity
The Headmaster Ritual
(The Smiths song)
Back in the Box
The Messenger
Generate! Generate!
Bigmouth Strikes Again
(The Smiths song)
Candidate
Getting Away with It
(Electronic song)
There Is a Light That Never Goes Out
(The Smiths song)

Encore:

Stop Me If You Think You've Heard This One Before
(The Smiths song)
Upstarts
I Feel You
(Depeche Mode cover)
How Soon Is Now?
(The Smiths song)

8 de junho de 2015

A história por trás da canção – Sunday Bloody Sunday

Hoje no blog uma nova sessão, em que eu vou relembrar as histórias por trás de grandes canções do rock. A música de hoje é um dos maiores clássicos do rock mundial e da carreira dos irlandeses do U2: “Sunday bloody sunday”. A canção foi lançada como single em 11 de março de 1983 e é a música de abertura do terceiro disco da banda, War.


Na letra da canção, a banda lembra o Domingo Sangrento, um massacre ocorrido na Irlanda do Norte em 30 de janeiro de 1972. O Bloody Sunday foi um confronto entre manifestantes católicos e protestantes e o exército inglês na cidade de Derry. O movimento teve início com uma passeata de dez mil manifestantes que pretendiam chegar à prefeitura, partindo do bairro de Creggan em marcha pelas ruas católicas da cidade.

O exército inglês partiu para a ofensiva e disparou contra os manifestantes antes que eles chegassem à prefeitura, deixando quatorze ativistas católicos mortos e vinte e seis feridos. Das quatorze vítimas mortas, seis eram menores de idade e um sétimo morreu meses depois do incidente. Todas as vítimas estavam desarmadas e algumas foram atingidas pelas costas.

Os manifestantes protestavam contra a política do governo norte-irlandês de prender sumariamente pessoas suspeitas de atos terroristas. O ato era em apoio ao Exército Republicano Irlandês, o IRA, uma organização clandestina que lutava pela separação da Irlanda do Norte do Reino Unido e posterior união com a República da Irlanda. Após o Domingo Sangrento, o IRA ganhou um grande número de jovens voluntários, dando maior força a este grupo guerrilheiro.

A música ganhou um videoclipe ao vivo que virou outro clássico da MTV na década de oitenta. Gravado em um show no dia 5 de junho de 1983 no anfiteatro Red Rocks, um palco a céu aberto aos pés de montanhas rochosas. O show acabou virando um vídeo chamado Under a Blood Red Sky e se tornou um marco na carreira do U2, que a partir daí se consolidou como uma das maiores bandas da década de 80.

Com esta canção o U2 entrou de vez para o hall das grandes bandas da história do rock e mostrou o lado politizado do grupo, característica que acompanha a banda até os dias de hoje. Com um riff simples e arrebatador de The Edge, junto com a batida militar de Larry Mullen Jr e o vocal marcante de Bono Vox, Sunday Bloody Sunday é uma das melhores, se não a melhor canção do U2.