24 de fevereiro de 2014

O que aconteceu com o Silverchair?

Em meados dos anos 90, três moleques australianos, Daniel Johns, Cris Joanou e Ben Gillies ganharam um concurso de bandas em um canal de TV australiano com a música “Tomorrow”. Eles estavam na faixa dos 14 e 15 anos e logo conseguiram contrato com o selo Murmur, para a gravação de três álbuns.

Frogstomp, o primeiro disco do Silverchair, saiu em 1995 e logo chegou ao topo das paradas australianas de não demorou muito para fazer sucesso nos Estados Unidos. O som da banda era muito influenciado pelo som que era feito em Seattle na época, por bandas como Nirvana e Pearl Jam, mas o grupo também tinha influências de bandas como Helmet, Black Sabbath e Led Zeppelin.

Músicas como “Israel´s son”, “Tomorrow” e “Pure massacre” mostravam as grandes qualidades da banda e ajudaram o disco graças também aos seus videoclipes, a chegar ao topo das paradas. As pessoas até chegaram a pensar que eles eram uma armação, que não tocavam seus instrumentos ao vivo, sendo uma espécie de Milli Vannili (dupla de picaretas surgidos no começo dos anos 90 que só dublavam suas músicas). Logo a crítica percebeu que os moleques tinham uma pegada pesada ao vivo e tinham uma boa capacidade musical apesar da pouca idade.

O grupo passou por momentos difíceis por causa da música “Israel´s son”. Houve um caso de assassinato e a acusação alegou que a música incitou os assassinos a cometerem o crime. Isto gerou uma grande briga judicial e deu uma dor de cabeça para os jovens integrantes do Silverchair. 




Em 1997 era chegada a hora de lançar o segundo disco. Freakshow também fez bastante sucesso, graças as músicas “Freak”, “Abuse Me” e “Cemetery”. A crítica acusou a banda de falta de originalidade, pois algumas músicas e riffs pareciam muito com outras que já existiam. O riff de “Slave” é bem parecido com “I don´t know anything” do Mad Season, “Lie to me” lembra bastante “Territorial pissings” do Nirvana e enquanto o Nirvana tem a música “Rape me” o Silverchair  fez a música “Abuse me”. Coisas de crítico musical, mas o disco em si trazia um avanço no instrumental e o uso de alguns novos elementos como a cítara em “Petrol & Clorine”.





Neon Ballroom saiu em 1999 e trazia uma banda muito mais madura e sabendo o que queria fazer no estúdio. Neste álbum a influência de Led Zeppelin é bem evidente, principalmente nos arranjos orquestrados de músicas como “Emotion Sickness” e "Black Tangled Heart". As letras do disco foram influenciadas pelos problemas de saúde enfrentados pelo vocalista Daniel Johns, que teve anorexia. Talvez Neon Ballroom seja o melhor disco da banda e o ápice de sua carreira, mostrando uma banda muito segura nos arranjos e nas letras das canções.







Depois do sucesso de Neon Ballroom, o Silverchair mudou um pouco seu estilo. A banda começou a usar outros tipos de roupas e visualmente se aproximavam cada vez mais de uma “boy band”. Esta mudança também refletiu em sua música, Diorama, lançado em 2002 tinha muitas músicas com piano e o som do grupo tinha perdido um pouco do peso dos outros álbuns. Em 2003 assisti um show do grupo, que até foi legal, apesar da histeria das fãs adolescentes que estavam ali e do certo “convencimento” do vocalista Daniel Johns que até tirou a camisa no final do show para delírio das meninas que estavam ali.


Mas a mudança mais radical no som do grupo estava por vir. Em 2007 o Silverchair lançou seu disco mais polêmico: Young Modern. O som da banda mudou de vez e deu espaço para maiores experimentações e nota-se uma grande influência de Beatles, principalmente do trabalho de George Harrison. O resultado final é satisfatório com musicas mais inspiradas e outras nem tanto. A música “Straight lines” chegou a tocar nas rádios, mas o disco não chegou nem perto do sucesso dos anteriores.



Em 2011 a banda anunciou através de seu site que estavam dando um tempo por período indeterminado. Muito se especulou que este era o fim da banda, mas eles afirmam que o grupo ainda existe e tem possibilidades de novos trabalhos. Só resta então aguardar e torcer que se vier algo novo, que traga o espírito rock do começo de carreira, a fase mais legal da banda, em que faziam um rock com uma pegada forte e instrumental muito bem tocados. 

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