30 de janeiro de 2014

As bandas de rock femininas

Que o rock é um estilo predominantemente masculino todos já sabem, mas a participação feminina sempre foi presente, mesmo com o preconceito e as barreiras enfrentadas pelas garotas que queriam fazer um som e se destacar em meio a tantos marmanjos. O problema ficava maior se as garotas decidissem fazer uma banda só com mulheres. Acabava rolando uma desconfiança e se aquilo teria qualidade suficiente para vingar.

Mas algumas bandas só com mulheres conseguiram se sobressair e marcar seu território dentro da história do rock, mesmo em um estilo geralmente conservador. Vamos relembrar neste post algumas bandas femininas legais que apareceram e quebraram alguns paradigmas dentro do rock.


The Runaways


O grupo The Runaways surgiu em 1975, tendo como integrantes principais a guitarrista Joan Jett, a vocalista Cherie Curie e a outra guitarrista Lita Ford. As Runaways foram a primeira banda de rock só de mulheres a fazer sucesso. Em 1976, com o single Cherrie Bomb, alcançaram o sucesso nos Estados Unidos e logo depois no Japão.

Em 1977, a vocalista Cherie Curie deixou a banda e Joan Jett assumiu os vocais. Em 1979 a banda acabou devido a problemas internos e Joan Jett construiu uma sólida carreira com sua nova banda, Joan Jett  and The Blackhearts, gravando sucessos como “I love rock n´roll” e “Bad reputation”. Em 2010 saiu um filme sobre a banda (muito fraco por sinal) chamado The Runaways. 





As Mercenárias


Talvez a primeira banda brasileira só com mulheres a ficar conhecida tenha sido a banda pós-punk de São Paulo As Mercenárias. A banda começou suas atividades no começo dos anos 80 e lançou dois álbuns de estúdio, Cadê as Armas de 1986 e Trashland de 1988.

A banda tem em seu núcleo principal Sandra Coutinho no baixo, Rosália no vocal e Ana Machado na guitarra. O primeiro baterista da banda foi Edgard Scandurra do Ira!, mas ele ficou pouco tempo na banda, pelo fato de tocar em mais quinhentas bandas naquele início de anos 80 (como Ultraje a rigor, Smack, além do próprio Ira!), sendo substituído pela baterista Lou.

Mesmo com a boa recepção de crítica e público de seu segundo álbum, a banda foi dispensada da gravadora e terminou suas atividades em 1988, voltando à ativa em 2005, fazendo shows esporádicos e com planos para gravar um novo disco.








L7



O L7 foi formado em 1985, mas só alcançou o sucesso mundial com o disco Bricks are Heavy de 1992, que explodiu junto com o movimento grunge. O disco foi produzido por Butch Vig, produtor de discos como Nevermind do Nirvana e Siamese Dream do Smashing Pumpkins. Deste disco saíram sucessos como “Pretend we´re dead” e “Everglade”.

A banda teve certo sucesso no disco posterior Hungry For Stink, mas a banda não durou muito tempo mais, encerrando suas atividades não oficialmente no ano 2000. O L7 com seu sucesso inspirou muitas garotas nos anos 90 a fazerem um rock pesado, sem medo do preconceito que poderiam sofrer.







Luscious Jackson


A banda Luscious Jackson surgiu em meados dos anos 90 e gravou quatro discos de estúdio. O som delas era uma mistura de vários elementos o que acabou virando uma espécie de pop alternativo. Elas nunca estouraram de fato, mas tiveram certo sucesso e tocaram em diversos festivais famosos dos anos 90.

A banda encerrou suas atividades no ano 2000 e voltou à ativa no ano de 2011. Como principais “quase hits” da banda, podemos citar a música “Nacked Eye” e a música “Here”, que foi trilha sonora do filme As Patricinhas de Beverly Hills.










Babes in Toyland


A banda Babes in Toyland foi formada em Minneapolis em 1987. Courtney Love chegou a ser integrante da banda por algum tempo, mas com seu espírito barraqueiro não ficou por muito tempo na banda, recebendo uma singela homenagem das outras integrantes na música “Bruise violet”.

A banda chegou a fazer um relativo sucesso na década de 90, com alguns vídeos passando com frequência na MTV e abrindo shows para bandas alternativas como Sonic Youth. Destaque para o som barulhento e raivoso que estas meninas faziam. A banda encerrou suas atividades e seu último disco foi lançado em 1995.







27 de janeiro de 2014

Discos essenciais para entender o Britpop (Parte 3)

Suede – Suede (1993)


O Suede foi formado em 1989 com Brett Anderson nos vocais, Bernard Butler na guitarra, Mat Osman no baixo e Simon Gilbert na bateria. Não demorou muito para a banda virar queridinha das revistas musicais inglesas e até mesmo antes de lançar um single, em 1992, já era capa da revista Melody Maker.

Seu álbum homônimo de estreia foi lançado em 1993 e causou um verdadeiro alvoroço na indústria musical. O hype feito pela mídia foi estrondoso e não demorou para a banda chegar ao topo das paradas e virar a banda do momento na Inglaterra.

O sucesso do grupo não vinha só pelo apoio da mídia musical, mas sim pela qualidade das músicas. Um disco que começa com uma música como “So young”, um hino que falava sobre uma juventude inglesa desiludida e sem rumo já é um clássico instantâneo, com a interpretação emocionante de Anderson e os belos solos de Bernard Butler.

“Animal nitrate” foi o maior sucesso do disco, com seu estilo Glam e sua letra que falava de dominação sexual. A guitarra genial de Butler e o jeito afetado de Anderson criavam um clima que fascinava os jovens, carentes de uma banda que representasse seus medos e desilusões.

A capa do disco já demonstrava um ar de androgenia e ambiguidade sexual, algo que era reforçado pela “boiolice” forçada do vocalista Brett Anderson. Essa ambiguidade vinha das maiores influências da banda, The Smiths e David Bowie.


O clima triste de músicas como “Sleeping pills”, “She´s not dead” e “The next life”, mostram problemas comuns na vida das pessoas, como dependência química, suicídio e desilusões amorosas. A inspiração para as letras de Anderson eram situações que ocorreram com pessoas próximas, o que dava um tom emocional maior às canções.

Em “Moving” percebe-se que a banda também tinha outras influências no rock inglês dos anos 80, lembrando um pouco o Echo & The Bunnymen. “Animal lover” foi feita em “homenagem” ao vocalista Damon Albarn do Blur, que era o namorado na época de Justine Frischmann, vocalista do Elastica e que também foi integrante do Suede por um tempo e ex-namorada do vocalista Brett Anderson.

O disco de estreia do Suede catapultou a banda para o estrelato e consolidou a parceria de Anderson e Butler como uma das mais promissoras do novo rock inglês. Infelizmente a disputa de egos foi maior e Butler deixou a banda em 1994. Um dos pontos altos do Britpop e um dos melhores discos da década de 90.








24 de janeiro de 2014

A volta do Ira! e tributo a Hélcio Aguirra

Depois de quase sete anos de separação a banda paulistana Ira! voltará a fazer shows, pelo menos com seu “Núcleo Base”, Nasi e Edgard Scandurra. O baterista André Jung e o baixista Ricardo Gaspa não participarão da turnê, que terá 200 shows e durará dois anos.


O baixista Gaspa já tinha afirmado em entrevista que não tinha o menor interesse em voltar a tocar com o Ira! pelo fato de agora ter sua própria banda e ter total controle sobre sua música. André Jung até considerou a ideia de voltar para a banda, porém Nasi provavelmente não o aceitaria de volta, já que foi ele quem trouxe Jung para a banda, depois dele ter sido expulso do Titãs e André foi o primeiro a ir contra Nasi na famigerada briga que culminou no fim do Ira! em 2007. Leia a história da entrada de Jung para o Ira! aqui.

A reconciliação de Nasi e Scandurra foi selada em outubro do ano passado com a realização de um show beneficente, que teve a participação de Paulo Ricardo do RPM e Arnaldo Antunes. A banda tocou diversos clássicos da carreira da banda e alguns covers. Integrantes das bandas de apoio da carreira solo de Edgard Scandurra e Nasi substituíram Gaspa e Jung, fato que também acontecerá na turnê.


Depois de tantas brigas e vexames causados pelos desentendimentos ocorridos em 2007, será muito bom rever esta grande banda tocando ao vivo, mesmo sem ser com todos seus integrantes. Principalmente se tocarem mais músicas de discos clássicos como Psicoacústica e Vivendo e não Aprendendo, e fazendo um repertório que mescle grandes sucessos com músicas novas e outras nem tão conhecidas, variando o repertório.


Tributo a Hélcio Aguirra

Infelizmente faleceu dia 21 de janeiro o guitarrista da banda Golpe de Estado, Hélcio Aguirra. Aguirra foi um dos melhores guitarristas do rock brasileiro, foi integrante de uma banda pioneira do heavy metal nacional, o Harppia, banda que cantava em português, com um som pesado que não devia em nada para as bandas de fora.

Com o Golpe de Estado, mesmo não tendo estourado como outras bandas do rock dos anos 80, construiu uma sólida carreira, fazendo um hard rock de muita qualidade, sempre com sua guitarra marcante. Uma grande perda para o rock nacional.










22 de janeiro de 2014

Grandes lançamentos para 2014

O ano de 2013 foi movimentado musicalmente, com grandes lançamentos e bons discos feitos principalmente de artistas consagrados como Black Sabbath, David Bowie e Paul McCartney. Em 2014 esperamos que também seja um ano de bons lançamentos e se possível, que apareçam boas bandas novas que se destaquem no meio de rock, principalmente no Brasil, em que a cena está carente de boas bandas. Vamos falar então de alguns lançamentos que prometem para 2014.

U2


Em 2009 saiu o último disco da banda No Line On The Horizon, a banda começou a trabalhar com o produtor Rick Rubin, mas não rolou uma identificação e logo a banda decidiu trabalhar com os parceiros de sempre Brian Eno e Daniel Lanois, o resultado foi satisfatório, mais ainda se espera um grande disco da banda, que lembre um pouco os grandes momentos de sua carreira. Este ano está previsto o lançamento do 13º disco de estúdio da banda. Vamos aguardar para ver o que vem por aí, rocks radiofônicos ou algo mais arriscado e inventivo.


Morrissey


Finalmente o bom e velho Morrissey assinou um contrato com uma gravadora, a Capitol/Harvest Records e promete um novo disco com lançamento para o segundo semestre deste ano. Será o décimo disco de estúdio de sua carreira solo e sucederá o ótimo Years of Refusal de 2009, disco que tinha um sonoridade mais rock e básica. Levando em consideração o nível de qualidade de seus lançamentos desde o início de sua carreira pós Smiths, podemos esperar coisa boa por aí.


The Horrors


Uma das melhores bandas da nova safra da Inglaterra terá um trabalho novo lançado este ano. Este disco será o quarto álbum do grupo e sucederá o bom Skying de 2011. A banda tem influências de Jesus and Mary Chain e Echo and the Bunnymen e mesmo assim faz um rock de muita personalidade, com um pouco de psicodelia e experimentalismo.


Titãs


O Titãs é outra banda que promete disco novo para 2014. A banda até chamou o guitarrista Andreas Kisser do Sepultura para produzir o disco, mas infelizmente devido à agenda do guitarrista ele não pode aceitar o convite. Este novo lançamento sucederá o disco Sacos Plásticos de 2010. A banda já tocou algumas músicas em shows feitos no Sesc e pelo visto o resultado tende a ser melhor do que o último disco a banda. É esperar para ver.


Foo Fighters


Este ano sairá o novo disco do Foo Fighters. Wasting Light, último e ótimo disco da banda, que sucedeu o regular Echoes, Silence, Patience and Grace de 2007, foi um sucesso e teve um ótimo resultado final, sendo que a banda utilizou um processo mais antigo, gravando tudo em fita e em analógico. Resta saber se a banda vai arriscar mais e fugir um pouco da fórmula que consagrou o grupo nestes quase vinte anos de carreira.


20 de janeiro de 2014

Grandes discos de 1994 - Purple

Após o sucesso de seu disco de estreia, Core de 1992, era o momento de o Stone Temple Pilots lançar o temoroso segundo disco, geralmente o disco que vai consolidar ou não as bandas, mostrando se a banda veio para ficar ou era só fogo de palha.


A situação do Stone Temple Pilots era mais complicada, pois a banda era acusada injustamente de ser uma cópia barata do Pearl Jam, devido ao timbre de voz parecido de Scott Weiland com o vocal de Eddie Vedder, no maior sucesso da banda até então, “Plush”.


Em junho de 1994 saía Purple e não demorou muito para o disco estourar e ficar em primeiro lugar na parada da Bilboard. O álbum foi produzido por Brendan O’Brien, mesmo produtor do Pearl Jam, o que alimentava ainda mais os detratores da banda, que adoravam chamá-los de Pearl Jam cover.

O disco começa com o riff pesado de “Meat Plow” mostrando que a banda vinha com uma pegada bem rock em seu novo trabalho. “Vasoline” foi um sucesso instantâneo, graças também ao seu bem produzido videoclipe, que chegou rapidamente ao primeiro lugar do Top 10 da MTV. O clipe foi dirigido por Kevin Kerslake, que firmou uma parceria vitoriosa com a banda, dirigindo vários clipes e ganhando vários prêmios.



“Lounge fly” é um rock pesado, com influência do psicodelismo e com uma grande ênfase na parte percussiva. “Interstate love song” é outro grande sucesso do disco, uma das músicas mais belas feitas pela banda, com destaque para as partes simples mas criativas de guitarra de Dean Deleo e também para o belíssimo videoclipe, mais uma super produção de Kevin Kerslake.




“Still remains” é outra grande canção, que mesmo não se tornando um single ou ganhando um videoclipe, ainda é tocada nas turnês da banda e sempre pedida pelos fãs. Em “Pretty penny” percebe-se as influências Led Zepellianas no som do STP, nesta bela balada acústica. “Silvergun Superman” tem o peso tradicional da banda, com grande presença do vocal de Weiland.

“Big empty” também foi um grande sucesso do disco. A banda já tinha tocado a música no programa Acústico MTV em 1993 e a canção fez parte da trilha sonora do filme O Corvo de 1994. O slide guitar de Dean Deleo aliado à linha de baixo de seu irmão Robert Deleo e o vocal de Weiland fazem da música uma das melhores dos anos 90, com seu fantástico refrão, marcando muita gente da chamada “geração grunge”. 


O disco ainda tinha pedradas como “Unglued” e “Army ants”, músicas energéticas, perfeitas para dar mais pegada aos shows da banda. A última música “Kitchenware & Cannonbars” ainda conta com uma música escondida, a bem humorada “The second álbum”, onde Weiland canta como se fosse uma espécie de Crooner.

Com este álbum, o Stone Temple Pilots mostrou que não era uma mera cópia do Pearl Jam, com um rock autêntico e vigoroso. O disco vendeu seis milhões de cópias e consolidou a banda dentro do cenário do rock dos anos 90. Muitos críticos queimaram a língua ao apostarem que o STP não passaria do segundo disco.







16 de janeiro de 2014

Lobão x Herbert Vianna: Paranoia ou plágio conceitual?

Em 1982 saia o primeiro disco do cantor Lobão, Cena de Cinema. O disco não chegou a ser um grande sucesso, vendendo apenas 6 mil cópias. Lobão chegou a ficar na “geladeira” por sua gravadora, devido a uma briga com o diretor da RCA e o disco logo sairia de catálogo.


No mesmo ano, Lobão tocou em um festival com várias bandas e neste mesmo festival ocorreu um jogo de futebol com integrantes destas bandas. Após este jogo conheceu dois rapazes que tocaram neste festival que diziam que eram fãs do disco Cena de Cinema. Esses rapazes eram João Barone e Herbert Vianna do Paralamas do Sucesso.

Os integrantes do Paralamas disseram que tocavam as músicas de Lobão em seus ensaios e Lobão ficou muito lisonjeado e até mostrou um trecho de uma música nova em inglês que sairia em seu novo disco com os Ronaldos. Uns três meses depois sairia o primeiro disco do Paralamas, chamado Cinema Mudo.

Alertado por um amigo, Lobão ouviu o disco do Paralamas e achou que era uma cópia de seu trabalho, dizia que Herbert Vianna cantava com a mesma voz que a dele. Enquanto seu disco era Cena de Cinema o do Paralamas era Cinema Mudo e que a música que ele tinha mostrado para o Paralamas anteriormente, era a base para a música “Cinema Mudo”, ou seja, eles tinham copiado praticamente tudo de seu trabalho.

Lobão ainda conta que a perseguição não parou por aí. Quando ele fez a música “Me chama”, Vianna fez “Me liga”, quando fez a música “Revanche”, que falava sobre a favela, Herbert fez “Alagados” com a mesma temática. Diz ainda que depois que ele começou a tocar com a bateria da Mangueira, não demorou muito e Vianna produziu um disco de Fernanda Abreu com o título Da lata, com a participação da mesma bateria. 





O Paralamas nunca entrou na pilha de Lobão. O baterista João Barone disse que a banda admirava sim na época o primeiro disco de Lobão, mas as músicas que a banda gravou em Cinema Mudo já tinham sido compostas bem antes do lançamento do disco de Lobão. Barone ainda afirma que isto tudo é recalque, que o cantor tinha inveja por não fazer o mesmo sucesso do Paralamas e outros grupos dos anos 80.

As semelhanças realmente existem, mas dizer que uma grande banda como o Paralamas plagiou o trabalho de Lobão parece ser exagero. O jeito é ouvir os dois discos e fazer uma análise, para ver se Lobão tem ou não razão. Tirem suas conclusões.
                                                              
                                              








13 de janeiro de 2014

Discos essenciais para entender o Britpop (Parte 2)

Blur – Leisure (1991)


O Blur começou suas atividades em 1989 com o nome de Seymour, com Damon Albarn nos vocais, Graham Coxon na guitarra, Alex James no baixo e Dave Rowntree na bateria. Após conseguir um contrato, teve que mudar o nome para Blur, devido a exigências de sua gravadora.

O som da banda em seu início era bastante influenciado pela música feita pelo Stone Roses e também um pouco de influência do rock alternativo, em especial de bandas shoegazer como My Bloody Valentine.

Em 1991 saia o primeiro trabalho do Blur, intitulado Leisure. O sucesso veio com a música “There´s no other way” com seu clássico videoclipe da família se empanturrando em uma mesa de jantar. O álbum ainda teve hits como “She´s so high”, “Bang” e a música “Sing” que anos mais tarde fez parte da trilha sonora do filme Trainspotting.

Com letras simples que falavam de garotas inatingíveis, o tédio cotidiano e inseguranças da juventude, o Blur se destacou logo de cara em seu primeiro trabalho. O guitarrista Graham Coxon, mesmo não sendo um virtuoso, era muito criativo em seus arranjos que iam de camadas de guitarras sobrepostas e invertidas a riff simples e grudentos.


O disco foi produzido por Stephen Street, lendário produtor que fez grandes trabalhos com o The Smiths. Street captou bem o espírito juvenil da banda, que mesmo com uma sonoridade mais crua e simples, já demonstrava que tinha um diferencial e já era o esboço da mega banda que iria disputar o topo das paradas à tapa com o Oasis anos depois.

Leisure era o Blur em seu estado inicial, mas foi um disco chave para o Britpop, a primeira banda após o Stone Roses a estourar e dar continuidade a boa safra de bandas britânicas que estavam por vir na década de 90. 















10 de janeiro de 2014

Discografia Básica - Meat is Murder

A banda inglesa The Smiths entrou em estúdio em 1985 para gravar seu segundo disco, com objetivo de fazer um álbum que soasse um pouco diferente de seu disco de estreia de 1984. O grupo queria novas sonoridades e um som que captasse melhor o que a banda reproduzia nos shows.


As concepções ideológicas de Morrissey, letrista e vocalista da banda, ficaram ainda mais explícitas neste trabalho. A começar pela capa, a foto de um soldado vietnamita, já causava um impacto que Morrissey gostava de deixar em seus trabalhos e neste disco ele vem mais afiado e contundente em suas ideologias e letras.

Em “Headmaster ritual” (O ritual do diretor), Morrissey fala sobre os abusos físicos sofridos na escola em que estudou na infância, como nos trechos: “O professor golpeia você nos joelhos / Dá uma joelhada na sua virilha / Cotovelada no seu rosto / Hematomas maiores que pratos de jantar” ou “Ele me agarra e devora / Me bate nos chuveiros / Me bate nos chuveiros / E me agarra e devora”. Uma das letras mais contundentes de Moz.




Em "Rusholme Ruffians", o Smiths pega emprestada (para não dizer copia) a base rítmica da música “His latest flame” de Elvis Presley. A banda não colocou os créditos no disco e curiosamente não sofreu nenhum tipo de processo, mas fez sua homenagem ao autor em seu disco ao vivo "Rank", no qual quando é tocada esta música, Morrissey canta a letra original da canção de Elvis.

"That Joke Isn't Funny Anymore" fala sobre alguém que está provocando Morrissey, como uma espécie de bullying, em uma música que tem um clima tenso e emocionante: “Quando você ri de pessoas / Que se sentem tão sozinhas / Que o seu único desejo é morrer” e “Mas esta piada não tem mais graça / É muito familiar / E é muito doloroso”.

“How soon is now” foi incluída apenas na versão em cd do disco, não fazendo parte do lançamento original. Mesmo um pouco fora do contexto do álbum, é uma música fantástica que só acrescenta a este clássico dos Smiths. As críticas à família real também não poderiam faltar e estão presentes em “Nowhere fast”: “Eu gostaria de baixar minhas calças para a rainha / Qualquer criança sensível saberá o que isso significa / Os pobres e necessitados / São mesquinhos e gananciosos no ponto de vista dela”.

“Barbarism beggins at home” tem uma linha de baixo fantástica feita por Andy Rourke num estilo mais “funky” com uma letra que critica a violência doméstica. Para encerrar o disco, a tensa “Meat is murder”, que critica o consumo de carne, afirmando que carne é assassinato: “E a carne que você distraidamente frita / Não é suculenta, saborosa ou algo do tipo / É morte sem razão / E morte sem razão é assassinato”. 




O guitarrista Johnny Marr também é outro destaque deste álbum. Um dos maiores guitarristas de todos os tempos, neste trabalho ele mostra versatilidade, seja nos arpejos hipnóticos de “Headmaster ritual”, no rockabilly de "Rusholme Ruffians", nas porradas de “What she said” e “Nowhere fast”, nos efeitos de guitarra de “How soon is now” e na funkeada “Barbarism beggins at home”.

Com Meat is Murder, o The Smiths se consolidou como uma das melhores bandas de sua geração e foi o único disco do grupo a ficar em primeiro lugar da parada britânica. Um trabalho que só não é mais reconhecido porque logo em seguida o Smiths lançou um disco ainda mais clássico: "The Queen is Dead". 



8 de janeiro de 2014

Os vinte anos do disco Da Lama ao Caos

No início de 1991, o artista Chico Science, que já tinha tocado em bandas como Legião Hip Hop e Loustal, entra em contado com o grupo de percussão Lamento Negro, um bloco afro que trabalhava com educação popular em um centro comunitário da periferia de Recife. O vigor da percussão do grupo, que misturava black music com música de raiz (como maracatu e coco de roda), impressionou Chico.


A identificação musical foi instantânea e surgia ali o embrião de um novo movimento, com a formação de uma nova banda, chamada Chico Science e Nação Zumbi. O primeiro show da banda foi em junho do mesmo ano e logo após foram acontecendo novas apresentações, só que com a presença de outros artistas de Recife, com a banda Mundo Livre S/A, artistas plásticos e punks. Começava então um movimento cultural chamado de Manguebit.


Em 1992 era lançada a coletânea com diversas bandas e o manifesto escrito pelo vocalista da banda Mundo Livre S/A Fred 04 chamado “Caranguejos com cérebro”. A coletânea não teve grande repercussão e a banda de Chico Science saiu em turnê por algumas grandes capitais do Brasil como Belo Horizonte e São Paulo. O grupo acabou chamando atenção da crítica e do público, culminando na contratação da banda pela gravadora Sony Music.

No final de 1993, Chico Science e Nação Zumbi entraram em estúdio para a gravação de seu primeiro álbum que ganharia o nome de Da Lama ao Caos. O estúdio escolhido foi o Nas Nuvens no Rio de Janeiro, que pertencia ao produtor mais renomado da época, Liminha, ex-baixista dos Mutantes, que já tinha produzido discos clássicos como Cabeça Dinossauro dos Titãs e Nós Vamos Invadir sua Praia do Ultraje a rigor.

Liminha infelizmente não conseguiu captar com fidelidade o som da Nação Zumbi no disco, que perdeu a força dos graves dos instrumentos de percussão, tirando o peso da sonoridade que a banda tinha nos shows. Este fato, porém, não tirou a qualidade musical do álbum, que tinha uma sonoridade revolucionária, ao misturar a música tradicional do Recife, como o maracatu e a embolada com o rock.

Não demorou muito para o disco conquistar a crítica e o público, o clipe da música “A cidade” rodava constantemente na MTV e a banda começou a excursionar, tocando na Europa e Estados Unidos. O som inovador de Chico Science e Nação Zumbi chamou a atenção de grandes nomes da música brasileira como Gilberto Gil e Herbert Vianna. 



As letras de Chico falavam sobre as diferenças sociais, a violência e o descaso dos governantes com as áreas pobres do mangue, uma situação que se encaixava em várias regiões pobres e excluídas do Brasil. A poesia contundente e o jeito de cantar de Science, que tinha uma habilidade incomum de pronunciar as palavras com a clareza que os ritmos nordestinos pedem, como a embolada e o repente, davam a força que as músicas precisavam, com um toque também de humor e otimismo de aquela situação poderia mudar.

A percussão da banda aliada à guitarra afiada de Lúcio Maia dava o apoio perfeito para as divagações de Chico, em um estilo musical que era novo e original, numa mistura nunca feita antes na música brasileira. Lúcio Maia é um dos grandes guitarristas de sua geração e neste disco se sobressaia tanto nos momentos mais pesados, como nos riffs metálicos de “Da lama ao caos” e “Lixo de mangue” quanto nos momentos mais suingados como “A praieira” e "Rios, pontes & overdrives", abusando do uso do efeito wah wah.



A banda ainda lançou o disco Afrociberdelia em 1996, que tinha uma sonoridade mais fiel ao que era a banda ao vivo. O álbum tinha a participação de gente como Marcelo D2 e Gilberto Gil e consolidou de vez o grupo dentro do cenário musical brasileiro.

Infelizmente Chico Science acabou falecendo em fevereiro de 1997, devido a um acidente de carro. A música perdia ali um de seus artistas mais promissores e inventivos, que fez da música uma revolução e foi a peça chave de um movimento que teve um impacto tão grande, que não se via desde o movimento Tropicalista do final de década de 60. Um artista de uma força inigualável, sem dúvida. 





6 de janeiro de 2014

10 grandes clipes do R.E.M.

O R.E.M. foi uma banda que teve 30 anos de carreira, sendo ela de uma qualidade inquestionável, mantendo um nível musical elevado até seu último disco “Colapse Into Now” de 2011. Além da qualidade musical, a banda sempre se destacou por seus videoclipes, com grandes influências cinematográficas e artísticas.


Seria difícil fazer um post com todos os grandes videoclipes do R.E.M, portanto foram escolhidos dez clipes para fazer uma recapitulação da parte audiovisual do trabalho desta grande banda norte-americana.

“It´s the end of the world as we know it and I feel fine” (Document - 1987)

Este vídeo foi dirigido por James Herbert, no qual aparece um garoto solitário que fica em uma casa abandonada no meio do nada, enquanto a letra da música divaga sobre o fim do mundo. 



“The one I love” (Document – 1987)

O primeiro grande hit do R.E.M. ganhou um clipe belíssimo, com imagens entrecortadas e sobrepostas. Dirigido por Robert Longo.




“Finest worksong” (Document – 1987)

Mais um clássico do R.E.M. que ganhou um excelente vídeo. As imagens rápidas em preto e branco dos homens trabalhando pesado, casa perfeitamente com o clima da letra da música. Dirigido pelo vocalista Michael Stipe.



“Pop song 89” (Green – 1988)

Um videoclipe estranhíssimo, no qual Stipe dança sem camisa com mais três garotas com os seios à mostra. Feito em preto e branco e também dirigido por Michael Stipe. Segue abaixo a versão não censurada do clip:




“Losing my religion” (Out of Time – 1990)

Um dos maiores videoclipes feitos em todos os tempos, revolucionando a linguagem, inspirado nas obras do pintor Caravaggio e do cineasta russo Andrei Tarkovsky. O clipe ganhou diversos prêmios no Vídeo Music Awards e foi dirigido por Tarsem Singh.




“Everybody hurts” (Automatic for the People – 1992)

Quem nunca se emocionou com este clipe, no qual os integrantes e diversas pessoas ficam presas em um congestionamento gigante. Dirigido por Jake Scott, este vídeo teve inspiração no filme de Frederico Fellini "8 ½", de 1963.



“Drive” (Automatic for the People – 1992)

Neste clipe fantástico, Stipe é carregado pela multidão como se fosse a plateia de um show. Feito em preto e branco e com uma fotografia perfeita, dá o clima de tensão da letra e música. Dirigido por Peter Care.





“Crush with eyeliner” (Monster – 1994)

De um dos melhores e mais subestimados álbuns da banda, este clipe mostra um grupo de japoneses fazendo de conta que são o R.E.M. As caras e bocas desta banda cover são as melhores, neste clipe dirigido por Spike Jonze.




“Imitation of life” (Reveal – 2001)

Outro vídeo sensacional, em que o diretor Garth Jennings usa um efeito inovador no qual mexe em cada um dos frames indo para frente e para trás, causando um grande efeito ótico. 




“I´ll take the rain” (Reveal – 2001)

O R.E.M. sempre foi especialista em fazer baladas melancólicas. O diretor David Weir captou muito bem o clima triste da música, nesta animação que conta a história de um cachorro triste que se parece com o personagem Snoopy.