Semana passada
completaram-se trinta anos do lançamento do quinto disco de estúdio dos
irlandeses do U2. The Joshua Tree foi lançado em 9 de março de 1987 e se tornou
um dos discos mais vendidos da história do rock, com quase 30 milhões de cópias
vendidas. A banda irá realizar uma turnê comemorativa dos 30 anos do álbum e só
resta torcer para que essa turnê passe pelo Brasil, onde provavelmente o disco
será tocado na íntegra.
O tema principal de Joshua
Tree é o sentimento de amor e ódio dentro dos Estados Unidos, a religião e a
política do país. A banda excursionou por cinco meses na América antes da
gravação do álbum e pode perceber todas as desigualdades e problemas dos
americanos, o que acabou influenciando o tema do novo disco. Na capa a banda
aparece em meio ao deserto em uma belíssima foto em preto e branco, tirada pelo
fotógrafo e diretor Anton Corbijn, que trabalhou com bandas como Joy Division e
Depeche Mode, além de dirigir o clássico clipe do Nirvana, “Heart-Shaped Box” e
o filme “Control” sobre Ian Curtis e o Joy Division.
Para a produção do álbum, um
time de craques como Brian Eno (que trabalhou com David Bowie na trilogia de
Berlim), Steve Lillywhite (que produziu os primeiros discos do U2 e foi
produtor dos Smiths) e o engenheiro de som Flood, que trabalhou com o Depeche
Mode e com o Smashing Pumpkins. O U2 queria um som mais orgânico neste disco,
ao contrário das experimentações do disco anterior, The Unforgettable Fire de
1984.
O disco abre com uma das
introduções mais empolgantes do rock. “Where the Streets Have no Name” inicia
com a guitarra característica de The Edge, cheia de Delays e com uma linha de
baixo marcante. No clipe a banda aparece em cima de um prédio em Los Angeles ao
estilo Beatles, causando grande confusão e alvoroço no centro da cidade.
"I Still Haven't Found
What I'm Looking For" foi outro single de sucesso do disco, com um clipe
gravado nas ruas de Las Vegas. “With or Without You” se tornou um dos maiores
sucessos da banda, sendo sempre tocada em casamentos, algo que intriga Bono
Vox, já que a letra fala sobre separação. “Bullet the Blue Sky” é uma das
canções mais pesadas e politizadas do grupo, com a “cozinha” sempre competente
do baterista Larry Mullen Jr, e do baixista Adam Clayton. Um das canções mais fortes do U2, apesar de certo exagero na letra da canção.
“In a God´s Country” é uma
das pérolas perdidas do repertório da banda, como um riff de guitarra memorável
e uma interpretação apaixonante de Bono Vox. Em "Trip Through Your
Wires" Bono Vox assume a gaita e transforma a canção em uma das mais belas
do disco. “Exit” é uma das canções mais tensas e estranhas da carreira do U2, enquanto
"Mothers of the Disappeared" é
uma homenagem a todas as mães que tiveram seus filhos desaparecidos.
Com o disco The Joshua Tree,
o U2 se consolidou como uma megabanda de rock, com o status de heróis da
juventude, com seu discurso politizado e idealista, se tornando uma das bandas
mais bem sucedidas de todos os tempos. Um dos melhores discos da década de
oitenta, completa 30 anos de seu lançamento ainda com uma temática atual,
mostrando que os grandes clássicos são aqueles que não se tornam datados
conforme o passar do tempo.