16 de outubro de 2019

Barão Vermelho supera a desconfiança dos fãs e lança belo disco


Como todos já sabem, o Barão Vermelho em 1985 era uma das maiores bandas do rock brasileiro, a consagração veio com um show histórico no Rock in Rio. Cazuza já despontava como um dos maiores compositores de sua geração quando decidiu deixar a banda e seguir em carreira solo. O Barão passava por um grande baque e o guitarrista Roberto Frejat se viu obrigado a ocupar os vocais do grupo.


Essa nova fase com Frejat nos vocais no início foi bem complicada, as vendas dos discos diminuíram e a banda tinha dificuldade de emplacar músicas nas rádios. Gradativamente, o grupo foi reconquistando espaço e Frejat se consolidou como vocalista do Barão Vermelho, tendo muita gente que prefere ele nos vocais do grupo ao Cazuza (eu, por exemplo).

Em 2017, depois de um hiato de 4 anos, alguns integrantes resolveram voltar com a banda, no caso, o baterista Guto Goffi, o tecladista Mauricio Barros e o guitarrista Fernando Magalhães. Roberto Frejat preferiu continuar com sua carreira solo e não quis participar desta volta, então os outros integrantes recrutaram o cantor e guitarrista Rodrigo Suricato para os vocais e caíram na estrada.

Este ano o Barão Vermelho lançou um novo álbum, “Viva” (por enquanto disponível apenas nas plataformas digitais) seu primeiro disco de material inédito desde o disco homônimo de 2004. A desconfiança do público em geral foi grande, será que a banda conseguiria superar mais uma troca de vocalista e lançar músicas boas e relevantes?

“Viva” começa com o Rock/Blues vigoroso de “Eu nunca estou só”, uma canção marcada por um belo arranjo no piano e conta com a participação do Rapper BK, um bom aquecimento para o restante do álbum que tem em seguida a música “Por onde eu for”, que tem teclados moog e uma levada Pop/Rock com uma letra pra cima. “Jeito” também tem uma levada mais leve com um refrão fácil.


“Tudo por nós” é um rock mais vigoroso que as canções anteriores, lembra mais o Barão antigo, com belos riffs de guitarra e um vocal mais forte de Suricato. “Um dia igual ao outro” é a música mais bonita do disco, com uma letra mais reflexiva, uma bela levada no piano e um marcante refrão. “Vai ser melhor assim” também lembra o velho Barão Vermelho, com um riff de guitarra seco, um rock vigoroso e potente.


“Castelos” é outra belíssima balada, agora cantada pelo tecladista Mauricio Barros, com arranjo de cordas. Em “A solidão de engole vivo”, Suricato tem um timbre vocal que mais lembra o de Frejat de todas as canções do álbum. Encerrando o disco, “Pra não te perder” tem uma pegada meio Folk/Blues e conta com a cantora Letrux, mostrando que a banda quer dialogar musicalmente com a nova geração, como o Capital fez em seu último disco “Sonora” com diversas participações de novos expoentes do rock brasileiro.

Em “Viva”, o Barão Vermelho acabou calando a boca de muitos críticos que achavam que a banda iria ser uma imitação de si mesma, com Suricato nos vocais. Um disco que mostra que o grupo ainda tem muita relevância e que pode ainda criar belas canções. O que era improvável aconteceu, a banda se reinventou mais uma vez. Vida longa ao Barão Vermelho!