Como todos já sabem, o Barão
Vermelho em 1985 era uma das maiores bandas do rock brasileiro, a consagração
veio com um show histórico no Rock in Rio. Cazuza já despontava como um dos
maiores compositores de sua geração quando decidiu deixar a banda e seguir em
carreira solo. O Barão passava por um grande baque e o guitarrista Roberto
Frejat se viu obrigado a ocupar os vocais do grupo.
Essa nova fase com Frejat
nos vocais no início foi bem complicada, as vendas dos discos diminuíram e a
banda tinha dificuldade de emplacar músicas nas rádios. Gradativamente, o grupo
foi reconquistando espaço e Frejat se consolidou como vocalista do Barão
Vermelho, tendo muita gente que prefere ele nos vocais do grupo ao Cazuza (eu,
por exemplo).
Em 2017, depois de um hiato
de 4 anos, alguns integrantes resolveram voltar com a banda, no caso, o
baterista Guto Goffi, o tecladista Mauricio Barros e o guitarrista Fernando
Magalhães. Roberto Frejat preferiu continuar com sua carreira solo e não quis participar
desta volta, então os outros integrantes recrutaram o cantor e guitarrista Rodrigo
Suricato para os vocais e caíram na estrada.
Este ano o Barão Vermelho
lançou um novo álbum, “Viva” (por enquanto disponível apenas nas plataformas
digitais) seu primeiro disco de material inédito desde o disco homônimo de
2004. A desconfiança do público em geral foi grande, será que a banda
conseguiria superar mais uma troca de vocalista e lançar músicas boas e
relevantes?
“Viva” começa com o Rock/Blues
vigoroso de “Eu nunca estou só”, uma canção marcada por um belo arranjo no
piano e conta com a participação do Rapper BK, um bom aquecimento para o
restante do álbum que tem em seguida a música “Por onde eu for”, que tem
teclados moog e uma levada Pop/Rock com uma letra pra cima. “Jeito” também tem
uma levada mais leve com um refrão fácil.
“Tudo por nós” é um rock
mais vigoroso que as canções anteriores, lembra mais o Barão antigo, com belos
riffs de guitarra e um vocal mais forte de Suricato. “Um dia igual ao outro” é
a música mais bonita do disco, com uma letra mais reflexiva, uma bela levada no
piano e um marcante refrão. “Vai ser melhor assim” também lembra o velho Barão
Vermelho, com um riff de guitarra seco, um rock vigoroso e potente.
“Castelos” é outra belíssima
balada, agora cantada pelo tecladista Mauricio Barros, com arranjo de cordas.
Em “A solidão de engole vivo”, Suricato tem um timbre vocal que mais lembra o
de Frejat de todas as canções do álbum. Encerrando o disco, “Pra não te perder”
tem uma pegada meio Folk/Blues e conta com a cantora Letrux, mostrando que a
banda quer dialogar musicalmente com a nova geração, como o Capital fez em seu
último disco “Sonora” com diversas participações de novos expoentes do rock
brasileiro.
Em “Viva”, o Barão Vermelho
acabou calando a boca de muitos críticos que achavam que a banda iria ser uma
imitação de si mesma, com Suricato nos vocais. Um disco que mostra que o grupo
ainda tem muita relevância e que pode ainda criar belas canções. O que era
improvável aconteceu, a banda se reinventou mais uma vez. Vida longa ao Barão
Vermelho!