Peter Hook após sua
conturbada saída do New Order montou uma nova banda com o nome de Peter Hook
and The Light, que desde 2010 vem fazendo shows celebrando o repertório das
duas bandas em que Hook foi fundador, os lendários New Order e Joy Division. O repertório
da apresentação de ontem foi calcado em dois discos chamados Substance, o do
New Order foi lançado em 1987 e o do Joy Division lançado em 1988.
Esta nova empreitada de Hook
conta com seu filho, Jack Bates, no baixo, o ex-vocalista de outro projeto de
Hook, o Monaco, David Potts, nas guitarras e vocais, além de Paul Kehoe na
bateria e Andy Poole nos teclados e programações. O show começou pontualmente
às 22:00 hs com a tribal “In a lonely place” do Substance do New Order. O
primeiro grande momento foi a execução de “Ceremony” uma daquelas canções que
mostram a fase de transição do New Order que no começo ainda tinha bastante do
som do Joy Division. Hook mostrou que ainda está em grande forma com seu baixo
sempre se destacando e seguro nos vocais também.
Quando começaram as
primeiras batidas de “Blue monday”, um dos maiores clássicos do New Order, o
público já começou a dançar e depois cantar a letra em uníssono, relembrando o
apogeu da banda nos anos 80. Assistir ao vivo a linha de baixo impressionante
de Hook em “The perfect kiss” foi uma experiência e tanto, fora que a banda
executou com muita fidelidade os efeitos e percussões da música, um dos pontos
altos do show.
Com o jogo começando a ficar
ganho era só deixar rolar mais uma tonelada de sucessos do New Order cantados
pelo público com paixão e nostalgia como em “Bizzare love triangle”, “True Faith”
e “1963”. A primeira parte do show com canções do New Order estava encerrada e
o melhor do show ainda estava por vir.
Após um pequeno intervalo, a
banda volta ao palco para tocar as canções do disco Substance do Joy Division.
O eletro rock dançante dá lugar a um pós-punk hipnotizante, transformando a
segunda parte do show em um culto ao finado e genial vocalista e letrista Ian
Curtis. Começando com “No love lost” logo em seguida veio uma sequência que era
covardia, “Disorder” com sua linha de baixo fantástica e o peso da clássica “Shadowplay”
levaram o público ao delírio. Ouvir “Transmission” e “She lost control” em
sequência, canções que moldaram o gosto musical de muita gente (inclusive o meu) foi algo arrebatador, mostrando que estar ali era um momento único e
especial.
Hook dedicou a linda “Atmosphere”
ao time de futebol da Chapecoense, vítima de um trágico acidente aéreo, o que
tornou sua execução algo ainda mais belo e emocional. Para fechar o show não
poderia faltar o maior clássico do Joy Division, “Love will tear us apart”,
emocionando todos que estavam ali presentes. No final da apresentação, Hook
ainda deu uma de Morrissey, tirou a camisa e jogou para a galera, que a
disputou como um verdadeiro troféu.
Depois da saída da banda do
palco o público ainda ficou cantando a melodia de “Love will tear us apart” por
alguns minutos, o que tornou tudo ainda mais belo e emocionante. Este show
mostrou que esta nova banda de Hook não é somente uma banda tributo, mas também
é a prova que o baixista é um dos artistas mais importantes e influentes dos
últimos trinta anos. Mostrou também a importância de Joy Division e New Order,
duas bandas essenciais para quem quer entender o pós-punk e o rock feito nos
80.
Setlist:
New Order
In a Lonely Place
Procession
Cries and Whispers
Ceremony
Everything's Gone
Green
Blue Monday
Confusion
Thieves Like Us
The Perfect Kiss
Subculture
Shellshock
State of the Nation
Bizarre Love Triangle
True Faith
1963
Joy Division
No Love Lost
Disorder
Shadowplay
Komakino
These Days
Warsaw
Leaders of Men
Digital
Autosuggestion
Transmission
She's Lost Control
Incubation
Dead Souls
Atmosphere
Love Will Tear Us
Apart