7 de dezembro de 2016

Peter Hook mostra repertório arrebatador de New Order e Joy Division em show em São Paulo

Peter Hook após sua conturbada saída do New Order montou uma nova banda com o nome de Peter Hook and The Light, que desde 2010 vem fazendo shows celebrando o repertório das duas bandas em que Hook foi fundador, os lendários New Order e Joy Division. O repertório da apresentação de ontem foi calcado em dois discos chamados Substance, o do New Order foi lançado em 1987 e o do Joy Division lançado em 1988.


Esta nova empreitada de Hook conta com seu filho, Jack Bates, no baixo, o ex-vocalista de outro projeto de Hook, o Monaco, David Potts, nas guitarras e vocais, além de Paul Kehoe na bateria e Andy Poole nos teclados e programações. O show começou pontualmente às 22:00 hs com a tribal “In a lonely place” do Substance do New Order. O primeiro grande momento foi a execução de “Ceremony” uma daquelas canções que mostram a fase de transição do New Order que no começo ainda tinha bastante do som do Joy Division. Hook mostrou que ainda está em grande forma com seu baixo sempre se destacando e seguro nos vocais também.

Quando começaram as primeiras batidas de “Blue monday”, um dos maiores clássicos do New Order, o público já começou a dançar e depois cantar a letra em uníssono, relembrando o apogeu da banda nos anos 80. Assistir ao vivo a linha de baixo impressionante de Hook em “The perfect kiss” foi uma experiência e tanto, fora que a banda executou com muita fidelidade os efeitos e percussões da música, um dos pontos altos do show.

Com o jogo começando a ficar ganho era só deixar rolar mais uma tonelada de sucessos do New Order cantados pelo público com paixão e nostalgia como em “Bizzare love triangle”, “True Faith” e “1963”. A primeira parte do show com canções do New Order estava encerrada e o melhor do show ainda estava por vir.

Após um pequeno intervalo, a banda volta ao palco para tocar as canções do disco Substance do Joy Division. O eletro rock dançante dá lugar a um pós-punk hipnotizante, transformando a segunda parte do show em um culto ao finado e genial vocalista e letrista Ian Curtis. Começando com “No love lost” logo em seguida veio uma sequência que era covardia, “Disorder” com sua linha de baixo fantástica e o peso da clássica “Shadowplay” levaram o público ao delírio. Ouvir “Transmission” e “She lost control” em sequência, canções que moldaram o gosto musical de muita gente (inclusive o meu) foi algo arrebatador, mostrando que estar ali era um momento único e especial.

Hook dedicou a linda “Atmosphere” ao time de futebol da Chapecoense, vítima de um trágico acidente aéreo, o que tornou sua execução algo ainda mais belo e emocional. Para fechar o show não poderia faltar o maior clássico do Joy Division, “Love will tear us apart”, emocionando todos que estavam ali presentes. No final da apresentação, Hook ainda deu uma de Morrissey, tirou a camisa e jogou para a galera, que a disputou como um verdadeiro troféu.


Depois da saída da banda do palco o público ainda ficou cantando a melodia de “Love will tear us apart” por alguns minutos, o que tornou tudo ainda mais belo e emocionante. Este show mostrou que esta nova banda de Hook não é somente uma banda tributo, mas também é a prova que o baixista é um dos artistas mais importantes e influentes dos últimos trinta anos. Mostrou também a importância de Joy Division e New Order, duas bandas essenciais para quem quer entender o pós-punk e o rock feito nos 80. 

Setlist:

New Order

In a Lonely Place
Procession
Cries and Whispers
Ceremony
Everything's Gone Green
Blue Monday
Confusion
Thieves Like Us
The Perfect Kiss
Subculture
Shellshock
State of the Nation
Bizarre Love Triangle
True Faith
1963

Joy Division

No Love Lost
Disorder
Shadowplay
Komakino
These Days
Warsaw
Leaders of Men
Digital
Autosuggestion
Transmission
She's Lost Control
Incubation
 Dead Souls
Atmosphere
Love Will Tear Us Apart