30 de junho de 2014

Tributo a Michael Jackson – O legado de um mito

Semana passada completaram-se 5 anos da morte de Michael Jackson, o artista mais importante da música pop de todos os tempos. Como a maioria já sabe Michael teve uma carreira meteórica, começando a cantar na banda de sua família, o The Jackson Five, aos cinco anos de idade. Logo cedo o pequeno Michael já convivia com o sucesso, vários shows, turnês e inúmeras cobranças, principalmente de seu pai, deixando sua infância de lado e sofrendo muito com isto.


Sua carreira solo foi revolucionária, lançando disco clássicos e inovadores dentro da música pop, como o primeiro disco de sua fase adulta, Off The Wall de 1979 e Thriller de 1982. Michael também se destacou pelas danças e coreografias, criando passos de dança clássicos como o Moonwalk e o “The Lean” (inclinando o corpo em 45º).

Sua vida foi muito conturbada e sua mudança de cor e as diversas plásticas feitas durante os anos, o transformaram em uma figura excêntrica e estranha, fora os escândalos e acusações de abuso sexual, que renderam processos milionários e desgastaram muito a imagem do pop star. Vamos esquecer um pouco desta parte trágica e relembrar alguns grandes momentos de Rei do Pop e seus grandes videoclipes. 

“Rock with you” (Do disco Off The Wall de 1979)

Talvez um dos maiores discos de black music, junto com What´s going on de Marvin Gaye, Off The Wall rendeu preciosidades como esta deliciosa música, “Rock with you”. Excelente linha de baixo, ótimas guitarras e o excelente desempenho vocal de Michael, tudo funciona bem nesta canção.





“Don´t stop till get enough” (Do disco Off The Wall de 1979)

Outra pérola de Off The Wall, esta canção ficou muito famosa no Brasil por ser abertura por muitos anos do programa Vídeo Show. Nesta música percebemos a ótima extensão vocal de Michael e excelente produção de Quincy Jones, com um arranjo moderno e inovador para os padrões da época.




“Thriller” (Do disco Thriller de 1982)

O disco mais vendido de todos os tempos, rendeu hits incontestáveis. A música “Thriller” ganhou um clipe revolucionário para a época. A coreografia feita no vídeo é imitada por milhares de pessoas até hoje. Um dos maiores sucessos da carreira de Michael e a música que consolidou ele como o maior ícone pop de sua geração.




“Beat it” (Do disco Thriller de 1982)

Nesta canção Michael flerta de vez com o rock ao chamar nada mais nada menos que Eddie Van Halen para gravar as guitarras. O sensacional riff e o complexo solo de guitarra dão uma pegada rockeira ao tradicional pop feito por Michael. Detalhe para a lendária cena do videoclipe com as mesas de sinuca sem caçapa. Genial.




“Billie Jean” (Do disco Thriller de 1982)

Da batida da bateria até chegar ao refrão perfeito, esta música é uma aula de como uma canção pop deve ser. Uma letra que fala um pouco sobre os inúmeros boatos sobre sua vida que Michael já enfrentava naquela época. 




“Bad” (Do disco Bad de 1987)

Jackson tenta mostrar um lado mais “durão” e “mau” neste disco, mas como todos sabem que Michael de durão nunca teve nada, sempre teve aquela imagem de garoto meigo e delicado. O clipe que mostra uma briga de gangues em forma de coreografia de dança se tornou mais clássico de sua carreira. Neste vídeo já se percebia a mudança de cor da pele do cantor e algumas alterações em sua fisionomia, resultado das primeiras de inúmeras plásticas feitas em Michael.




"Smooth Criminal" (Do disco Bad de 1987)

Mais uma superprodução cinematográfica de Michael, o vídeo é inspirado nos filmes de Gangsteres. Uma aula de dança e de coreografia. Quem nunca imitou o jeito estranho que Jackson canta esta música?





“Black Or White” (Do disco Dangerous de 1991)

Nesta época Michael já estava completamente branco e enfrentou diversas críticas, dizendo que ele não gostava de ser negro, por mais que Michael afirmasse que clareou a pele para esconder o Vitiligo. Na letra ele celebra a igualdade de raças e a música tem a participação de Slash na guitarra de McCaulay Culkin no clipe. 




"Remember the time" (Do disco Dangerous de 1991)

Outra produção cinematográfica de Jackson com participações de Magic Johnson e Eddie Murphy. Um dos vídeos mais divertidos do rei do pop. 




“They don´t care about us” (HIStory: Past, Present and Future, Book I de 1995)

Este vídeo foi gravado no Brasil e marcou a vida de muita gente. Com uma percussão ao ritmo baiano, a letra fala da desigualdade social e foi um dos últimos grandes momentos da carreira vitoriosa de Michael Jackson.




26 de junho de 2014

Band on the Run - O melhor disco solo de Paul McCartney

Em 1973 Paul McCartney já tinha lançado alguns álbuns solos, porém nenhum deles tinha chegado perto do sucesso dos discos gravados com os Beatles. O single de “Live and let die”, trilha sonora do filme de James Bond foi o mais próximo que Paul chegou aos seus êxitos anteriores com o Fab Four.


Em 1971, Paul McCartney formou a banda The Wings, que era uma espécie de banda de apoio sua, que contava com sua mulher, Linda McCartney nos teclados, Denny Laine nas guitarras, o baterista Denny Seiwell e o guitarrista solo Henry McCulloch. Com esta formação McCartney e sua trupe lançaram os discos Wild Life de 1971 e Red Rose Speedway em 1973, ambos com certo sucesso comercial e uma fraca receptividade da crítica.

Cansados de gravar em estúdios da Inglaterra, Linda e Paul pediram para a gravadora mostrar várias opções de estúdio ao redor do mundo, para que escolhesses um lugar diferente para gravar o novo álbum. O lugar escolhido foi Lagos, na Nigéria. Os dois procuravam um lugar exótico para que lhes inspirassem na gravação deste novo trabalho. 

Antes de irem para a viagem para a Nigéria o Wings teve duas baixas: O guitarrista Henry McCulloch e o baterista Denny Seiwell deixaram a banda. Foram para a Nigéria somente o núcleo da banda, Paul, Linda e Denny Laine, acompanhados com o engenheiro de som dos Beatles, Geoff Emerick. Chegando à Nigéria encontram um estúdio com equipamentos obsoletos, a mesa de controle estava com defeito e havia apenas uma máquina “one tape”, uma Struder de oito canais.

A situação de Lagos era bem diferente do lugar paradisíaco que os integrantes remanescentes do Wings esperavam encontrar. A Nigéria era governada por militares que chegaram ao poder através de um Golpe de Estado. Miséria, violência, doenças e muita corrupção faziam parte de um cenário nem um pouco receptivo.

Para compensar a falta dos outros integrantes, Paul tocou bateria e guitarra solo (além do baixo, é claro) separadamente, enquanto Laine tocava a guitarra rítmica e Linda gravava os teclados. A banda revezava as gravações com passeios turísticos e mesmo sendo desaconselhados a saírem à noite, resolveram fazer um passeio. Linda e McCartney foram assaltados e ameaçados com uma faca. Seus pertences foram roubados, entre eles alguns cassetes que continham as demos que acabavam de serem gravadas.

Outros incidentes aconteceram durante a gravação do disco: McCartney desmaiou um dia no meio das gravações e o artista e ativista político africano, Fela Kuti, acusou a banda de estar lá para roubar ideias da música africana. Paul teve que chamá-lo no estúdio e mostras as músicas para Kuti ver que elas não tinham nada a ver com a música africana. 


O baterista da banda Cream, Ginger Baker, convidou McCartney para ir gravar no ARC Estudio, na Escócia. Lá foi gravada a música “Picasso last words” com a participação de Baker na percussão. Terminada a gravação do disco, a banda terminou a parte final no estúdio de George Martin, colocando os overdubs e orquestração nas faixas.

O disco Band on the Run foi finalmente lançado em dezembro de 1973. Na capa do disco aparecem, além de Linda e Paul, alguns personagens ilustres, com se estivessem em fuga, como por exemplo, o ator Cristopher Lee e o boxeador John Conteh. O disco demorou um pouco para emplacar, mas chegou ao topo da parada americana da Billboard, graças aos hits “Band on the run” e “Jet”.

O disco abre com a música título, uma suíte com várias mudanças de ritmo, que lembra um pouco algumas das músicas super produzidas do disco Abbey Road. Com seu refrão contagiante, se tornou um dos maiores clássicos da carreira da Paul. “Jet” é outra grande música com muito apelo pop, com corinhos e guitarras que ficam na cabeça. 



A sutileza da “Bluebird” com uma deliciosa percussão torna a música uma espécie de “prima” de “Blackbird” do álbum branco dos Beatles. “Mrs. Vandelbilt” é outra música contagiante, com seu coro “Ho, hey ho”, um dos melhores momentos da carreira de McCartney, que ainda a inclui em seus shows.



“Let me roll it” tem um riff de guitarra estranho, mas conquistador e um tom meio desesperado. O álbum ainda tem grandes momentos como “Mamunia”, "Picasso's Last Words (Drink To Me)", terminando com a épica “Nineteen Hundred and Eighty-Five". Band on the Run foi o melhor momento da carreira solo de McCartney, mostrando que o sonho não tinha acabado ainda.



23 de junho de 2014

The Horrors lança mais um belo disco

A banda The Horrors surgiu em 2005 em Suthend, Inglaterra e lança agora seu quarto álbum, Luminous, depois de Strange House de 2007, Primary Colours de 2009 e Skiyng de 2011. O som da banda em seu primeiro disco era mais puxado para o pós-punk, com mais guitarras e um vocal mais agressivo. Com o passar do tempo, o grupo foi mudando sua sonoridade, acrescentando doses de psicodelia e experimentalismo à sua música.


Luminous de certa forma é uma continuidade do álbum Skiyng de 2011. Vocais cheios de reverb, guitarras psicodélicas e um clima dark dão o tom neste novo trabalho. As influências de bandas como Primal Scream e Echo & The Bunnymen continuam claras no som do The Horrors, mas a banda ainda faz um som com muita personalidade e com um nível acima das bandas de rock atuais.

“Chasing shadows” abre o disco com uma longa introdução, com muita psicodelia, percussão e vocais cheios de reverb. “First day of spring” tem uma ótima combinação entre baixo, guitarra e bateria, um belo refrão e uma sonoridade que lembra Echo & The Bunnymen.

“So now you know” foi o segundo single do álbum e é uma das melhores músicas do disco, com um ótimo refrão, sintetizadores e teclados que elevam a qualidade da canção e um videoclipe bem perturbador. “In and out of sight” é também uma das melhores músicas de Luminous, com uma linha de baixo envolvente, que fica na cabeça e um refrão bem construído. 



“Jealous sun” tem mais psicodelia e uma guitarra mais suja, com um sintetizador com um som fantasmagórico. “Falling star” tem uma linda melodia e belos teclados e um final bem energético . “I see you”, primeiro single de Luminous tem sete minutos, mas não é cansativa. Tem um começo meio “Baba O´riley” do The Who e parece sobra do disco anterior, poderia pertencer ao disco Skiyng facilmente.



“Change your mind” é mais tranquila, com ótimo vocal de Faris Hotter. “Mine and yours” tem um slide guitar interessante e “Sleepwalk” fecha este belo trabalho com mais experimentalismo. O excesso de reverb nos vocais pode tornar a audição deste álbum um pouco enjoativa para alguns, mas em comparação com outras bandas atuais que tem influências psicodélicas, como por exemplo, o Tame Impala, a experiência é bem mais agradável.

Com Luminous, o The Horrors dá mais um passo em sua bela discografia e mostra que é uma das bandas mais talentosas do cenário atual do combalido rock. Muitos podem se decepcionar pelo fato do disco ser uma continuação do disco anterior, mas na minha opinião este novo trabalho é mais um avanço do que um retrocesso. Ao contrário de algumas bandas atuais, como The Killers e Coldplay, que vêm piorando a cada novo disco, o The Horrors vem evoluindo e melhorando a capa novo trabalho. 

18 de junho de 2014

Os 10 anos de Hot Fuss

Em 2002, quatro rapazes de Las Vegas resolveram montar uma banda de rock, com bastante influência dos anos 80. O vocalista Brandon Flowers, o guitarrista Dave Keuning, o baixista Mark Stoemer e o baterista Ronnie Vannuci escolheram o nome The Killers inspirados na banda fictícia que aparece no clipe “Crystal” do New Order.




Em 2004 saiu o primeiro trabalho do grupo, Hot Fuss e tinha todos os elementos para o sucesso: Um vocalista carismático e boa pinta, uma mistura envolvente de rock oitentista com o Indie Rock dos anos noventa, muitos sintetizadores, bons riffs de guitarra e ótimas melodias pop. Chegar ao topo das paradas de sucesso era só questão de tempo.

“Somebody told me”, primeiro single do disco, fez muito sucesso nas pistas de dança do mundo inteiro, com um refrão empolgante e linhas de guitarras simples, mas muito bem construídas, alinhados ao uso de sintetizadores, que remetiam a bandas como New Order e Depeche Mode. No clipe também podemos perceber que não foi só o nome fictício da banda que eles roubaram do vídeo “Crystal” do New Order. 


O disco estourou mesmo com a música “Mr. Brightside”, uma das primeiras composições do vocalista Brandon Flowers com o guitarrista Dave Keuning. “Jenny was a friend of mine”, música de abertura do disco, tem uma linha de baixo marcante e fala sobre uma garota que foi assassinada pelo namorado ciumento. A canção faz parte de uma espécie de trilogia, com músicas que falam sobre este mesmo tema. As outras duas que fazem parte desta trilogia são "Midnight Show" e "Leave the Bourbon on the Shelf", que faz parte do disco de lados B da banda, Sawdust, lançado em 2007.

A nostálgica “Smile like you mean it” também é um dos grandes momentos do disco, com seu belo riff feito com sintetizadores. “All these things that I´ve done” é o hino da banda, cantada sempre em uníssono nos shows, uma das melhores composições do The Killers. “On top” é outra canção cheia de sintetizadores, que faz qualquer um sentir saudade dos anos 80. 



“Change your mind” foi substituída na versão inglesa pela música “Glamorous Indie Rock & Roll", canção que ironiza o Indie Rock em geral. Hot Fuss foi talvez o último grande disco de rock a ser lançado, sendo uma das melhores estreias dos últimos tempos. Pena que o The Killers tenha perdido um pouco de sua pegada inicial, se preocupando hoje em dia em ser um novo U2, mas deixou sua marca com este grande álbum. 





16 de junho de 2014

Discografia Básica – Depeche Mode

Um dia desses peguei o teclado e pensei: Vou tentar fazer uma música no estilo do Depeche Mode. Claro que não saiu nada, como se fosse fácil fazer canções tão bem construídas, usando elementos eletrônicos como esta grande banda inglesa. Formado em 1980, o Depeche Mode em sua formação inicial era composto por David Grahan nos vocais, Martin Gore nos teclados e guitarra, Andrew Fletcher nos teclados e Vince Clarke também nos teclados. Vince Clarke deixou o grupo em 1982 e fundou o Erasure e foi substituído no Depeche Mode por Alan Wilder, que foi integrante da banda entre 1982 e 1995.


Não demorou muito para a banda alcançar o sucesso. “Just can´t get enough” do primeiro disco, Speak & Spell de 1981 estourou no mundo inteiro, fazendo muito sucesso nas pistas de dança. O som do inicio de carreira do Depeche Mode era um Synthpop mais ingênuo e com o tempo a banda foi aprimorando seu som e mudando para um estilo mais dark e denso, misturando elementos de rock à sua música. Neste post vamos falar de alguns dos principais álbuns do grupo, os que são discografia básica para aqueles que querem ter os melhores discos do Depeche Mode, ou relembrar a melhor fase desta importante banda.

Black Celebration (1985)


Este disco pode ser considerado como uma fase de transição na carreira do Depeche Mode. A banda já não fazia mais aquele Synthpop do começo de carreira e já começava a fazer um som mais trabalhado, com músicas mais dark. Produzido pela e banda e os produtores Daniel Miller e Gareth Jones, não teve um grande sucesso arrebatador, mas teve músicas que marcaram a carreira da banda, como “Stripped”, “Question of time” e “Question of lust”. Este trabalho também é um dos discos em que Martin Gore, guitarrista e tecladista canta mais músicas, sendo quatro no total, praticamente dividindo os vocais com o vocalista David Grahan.





Music For The Masses (1987)


Foi com este disco que finalmente o Depeche Mode chegou a uma sonoridade única, que acabou influenciando diversas bandas até do rock alternativo como o Smashing Pumpkins, por exemplo. Com uma produção mais elaborada em relação o disco anterior, a banda logo na primeira música, a colossal “Never let me down again” já prova como o título do disco Música para as massas é muito bem apropriado. Neste trabalho o grupo abandonou o uso de samplers e começou a utilizar sintetizadores analógicos e foi o primeiro álbum da banda a ter guitarras em suas músicas. A parceria com o fotógrafo Anton Corbijn tanto nas fotos como na direção dos videoclipes foi selada de vez a partir deste trabalho.





Violator (1990)


Em Violator, o Depeche Mode incluiu de vez o Rock em seu som. Na música “Personal Jesus”, o riff de guitarra é bem influenciado pelo Glam Rock dos anos 70, de artistas como David Bowie e Garry Glitter. “Enjoy the silence” se tornou o maior sucesso da banda e elevou o disco a um dos melhores de sua carreira, graças também ao seu clássico videoclipe. Violator ainda gerou sucessos como “Policy of Truth” e “World in my eyes”. “Personal Jesus” foi gravada por artistas como Marilyn Manson e Johnny Cash, mostrando a qualidade e versatilidade da música, uma das melhores já feitas pelo Depeche Mode.





 Songs of Faith and Devotion (1993)


Songs of Faith and Devotion é o disco que mais tem guitarras na discografia do Depeche Mode. Outra inovação é o uso da bateria acústica nas músicas, deixando de lado um pouco as batidas eletrônicas que acompanharam a carreira da banda. Sucessos como “I feel you” (com um riff de guitarra também influenciado pelo Glam Rock), “Walking in my shoes”, "Comndenation” (com um belo coral Gospel de fundo) e “In your room” garantiram Songs of Faith and Devotion um dos melhores e mais variados trabalhos do Depeche Mode. Foi o último disco com Alan Wilder como um de seus integrantes.





11 de junho de 2014

Outros sons: Doves

Doves é uma banda britânica formada em 1998 e conta com os seguintes integrantes: Os irmãos Jez Willians (Bateria e vocais) e Andy Williams (Guitarra e vocais) e Jimmy Goodwin (Vocal e baixo). O grupo lançou os seguintes álbuns: Lost Souls (2000), Last Broadcast (2002), Lost Sides (2003), Some Cities (2005) e Kingdom of Rust (2009).


O Doves tem como influências do rock dos anos 80, de bandas como New Order e Joy Division, porém a influência do rock dos anos 70, de artistas como Pink Floyd e King Crimsom, também pode ser percebida no som do grupo. Esta mistura de influências é que dá um som bem peculiar ao Doves, com melodias oitentistas, mas também com um toque de psicodelia e rock progressivo.

O primeiro álbum, Lost Souls, foi lançado em 2000 e recebeu várias críticas positivas e indicações a prêmios da indústria fonográfica inglesa. Neste álbum já fica nítido o estilo diferente das outras bandas do britpop, além do som melodioso com o vocal marcante de Jimi Godwin, percebe-se as texturas psicodélicas e sombrias no som do Doves.Outra característica interessante é o revezamento de instrumentos entre os integrantes da banda, como na música “Here it comes” em que o vocalista Jimi Goodwin vai para a bateria e o baterista Jez Williams assume os vocais. 





Em 2002 o Doves alcança o sucesso comercial com Last Broadcast, chegando aos primeiros lugares da parada britânica. O primeiro single “There goes the fear” fez grande sucesso e mostra a criatividade do trio, que coloca até um samba improvisado no final da música.



Last Broadcast ainda teve outros singles de sucesso com “NY” e “Pounding”, além da excelente “Words”, cantada por Andy Williams. Last Broadcast consolidou o Doves como uma das bandas mais promissoras do rock inglês dos anos 2000. Em 2005 lançam o disco Some Cities, que chega ao primeiro lugar das paradas britânicas, destaque para os singles “Black and White Town” e “Pounding”. O disco tem como temática em algumas músicas a dificuldade de crescer e se desenvolver em pequenas cidades.



Kingdom of Rust foi lançado em 2009 e foi o último disco lançado por eles, que agora estão em um hiato indeterminado, sem previsão de novos lançamentos. Doves é uma banda que vale a pena conferir, uma das melhores da nova safra do rock inglês surgido no começo dos anos 2000. 



9 de junho de 2014

Entre erros e acertos Pitty se sobressai em Sete Vidas

A cantora Pitty surgiu em 2003 com o bom disco de estreia, Admirável Chip Novo, com um rock pesado e energético, boas letras e cantando bem, sem as tradicionais desafinações que permeiam o rock brasileiro nos últimos tempos. Depois veio Anacrônico de 2005, o variado Chiaroescuro de 2009 e ainda deu tempo de lançar um trabalho paralelo com o guitarrista Martin, o disco Agridoce, com som mais sutil e acústico, com algumas experimentações que não cabiam em seu trabalho solo.


Pitty chega agora ao seu quarto álbum de estúdio, Sete Vidas, que foi gravado com todo mundo tocando junto no estúdio e produzido por Rafael Ramos. Um dos poucos expoentes do rock brasileiro atual, a cantora vem com a responsabilidade de criar algo que agregue a sua discografia, tendo que agradar os fãs e claro, conseguir equilibrar tudo isto com o sucesso comercial que toda gravadora cobra de cada artista.

A sonoridade do novo trabalho é o Stoner Rock feito por bandas como Queens of the Stone Age. Percebe-se também um pouco de influência do trabalho de Rita Lee em sua fase mais roqueira, principalmente na forma de cantar de Pitty. “Pouco” abre o disco com um riff pesado, com uma letra existencialista, explodindo no final com um vocal gritado. “Deixa ela entrar” também é boa, com bastante peso e uma boa letra.

“Pequena morte” começa bem, com baixo distorcido, mas vai ficando confusa durante sua execução e tem uma letra menos inspirada, falando sobre relacionamento. “Um leão” se destaca, com uma batida quebrada, um bom riff de guitarra combinando com o refrão. “Lado de lá” foi feita em homenagem ao ex-guitarrista e amigo de Pitty, Peu, que cometeu suicídio ano passado, e também a Lou Reed, que morreu também ano passado. Começa com piano, com uma letra emocional, mas decai um pouco na parte em que é cantada por um coro, ficando um pouco piegas nesta parte.

“Olhar calmo” é a melhor música do disco. Uma melodia forte, bem pesada com boas guitarras e uma letra que pode ser interpretada como uma mensagem ao ex-baixista Joe, que saiu da banda recentemente. “Boca aberta” também é muito boa, com uma letra bem irônica. “A massa” também é meio Queens of the Stone Age, com uma letra que faz analogia em entre a massa de bolo e a massa enquanto população. “Setevidas” é a primeira música de trabalho, fala sobre morte e tem um refrão pegajoso. “Serpente” é outra bela música, com uma percussão regional no começo e um coro interessante, que fica na cabeça.



Em Sete Vidas, Pitty mostra um trabalho que teve bastante influência de episódios tristes de sua vida, como a morte de um ex-integrante de sua banda e também de seu trabalho solo anterior, Agridoce, que pode fazer a cantora arriscar novas sonoridades em seu tradicional rock. Com este novo disco, Pitty mostra que é um dos poucos artistas nacionais dentro do rock atual com alguma relevância e que tem coragem de arriscar um pouco mais, com um resultado bem interessante. 



4 de junho de 2014

Boas bandas inglesas que sumiram

O rock inglês sempre foi prolífero. Em cada década centenas de bandas aparecem e desaparecem sem deixar muita saudade, porém algumas bandas com muita qualidade e potencial acabam sumindo e não conseguem dar continuidade ao sucesso inicial, sejam por problemas internos, falta de sorte ou pela cruel indústria fonográfica, que sempre quer coisas novas e poucos acabam sobrevivendo. No post de hoje vamos relembrar algumas destas bandas e as algumas grandes músicas que eles fizeram.

Ocean Colour Scene


O guitarrista Steve Cradock e o baixista Damon Minchella eram membros da banda de apoio do cantor Paul Weller (Ex-vocalista do The Jam e do Style Council). Em 1989 resolveram montar o Ocean Colour Scene, banda com muita influência do Mod, de bandas como The Who e o próprio The Jam. Em 1996 saiu o primeiro disco do grupo, Moseley Schoals. O álbum teve boa recepção de crítica e de público e chamou atenção de gente como Noel Gallagher. O Ocean Colour Scene chegou a fazer turnê com o Oasis e tem um relativo sucesso na parada britânica. Com o passar do tempo a banda foi perdendo espaço dentro do cenário do rock inglês e está em atividade até hoje, mas sem o sucesso do inicio de carreira. Destaque para o ótimo guitarrista Steve Cradock, um dos melhores de sua geração e para o bom vocalista Simon Fowler.







Kula Shaker


O Kula Shaker foi fundado em 1995 e misturava música indiana com o rock, claramente influenciados pelo som feito pelos Beatles, mas especificamente por George Harrison. O primeiro disco da banda, K, de 1996 fez muito sucesso, graças a hits como “Govinda” e “Tattva”. O segundo disco do grupo, Peasants, Pigs, and Astronauts, também foi bem recebido pela crítica e pelo público. O Kula Shaker se separou em 1999 e só voltou aos palcos em 2006, lançando mais dois discos, porém sem a mesma receptividade dos dois primeiros trabalhos gravados na década de 90.







Gene


A banda Gene despontou no cenário do Britpop em 1995, com seu disco de estreia, Olympian. O álbum chamou a atenção graças a sonoridade extremamente emotiva e melódica do grupo, que chegava a lembrar um pouco do espírito de bandas como o The Smiths. Olympian teve sucessos como “Hauted by you” e “Sleep well tonight”. O disco chegou ao oitavo lugar da parada inglesa. Depois disto a banda nunca mais conseguiu fazer o mesmo sucesso e terminou suas atividades em 2004.







Cornershop


O Cornershop é outro grupo que mistura música indiana com o rock, com o agravante do vocalista Tjinder Singh ser filho de indianos, o que dá mais veracidade a mistura proposta pela banda. Seu terceiro álbum, When I Was Born for the 7th Time, de 1997, foi eleito pela crítica especializada um dos melhores discos do ano, o que deu muita visibilidade ao Cornershop. Depois deste pequeno sucesso, a banda deu uma sumida, mas ainda existe e seu último trabalho foi lançado em 2012.







Spacehog


O Spacehog surgiu também em meados dos 90, com a música “In the meantime”, que fez certo sucesso, com um clipe que passava direto na MTV. O som do grupo era bastante influenciado pelo Glam Rock de T-Rex e David Bowie. Depois do êxito do primeiro disco, Resident Alien de 1996, o grupo deu uma sumida, mas ainda está em atividade até hoje.








2 de junho de 2014

Novo disco do Coldplay não é tão ruim quanto parece

A banda britânica Coldplay apareceu para o grande público no início dos anos 2000, com o disco Parachutes, graças ao sucesso estrondoso da música “Yellow”. Não demorou muito para virar uma banda de estádios após um sucesso ainda maior de seu segundo disco, de 2002, A Rush of Blood to the Head. Este ano o grupo lança seu sexto álbum, Ghost Stories, após o disco Mylo Xyloto (que porra de nome é este?) de 2011.


Mylo Xyloto era um álbum “pra cima”, com refrões grandiosos, feitos para serem cantados juntos em grandes shows. A banda se aproximava cada vez mais do pop, tendo até a participação da (cantora?) Rihana na canção “Princess of China”. Em Ghost Histories, o Coldplay vem mais introspectivo, com letras claramente influenciadas pelo término do casamento do vocalista Cris Martin com a atriz Gwyneth Paltrow. 

Confesso que a primeira vez que ouvi este novo trabalho não gostei muito. Achei muito parado, poucas guitarras, somente bateria eletrônica, ou seja um verdadeiro sonífero. Aos poucos, ouvindo melhor e entendendo mais as nuances das músicas, fui mudando de ideia e acostumando os ouvidos a esta nova sonoridade da banda.

“Always in my head”, primeira música do disco dá o tom do conceito do álbum. Uma introdução meio Dream Pop estilo Cocteau Twins, uma música melancólica, cheia de climas, com uma letra que fala de alguém que nunca vai esquecer outra pessoa. “Magic” é uma música com um gancho mais pop, que vai te pegando aos poucos, além de ter um belo videoclipe.



“Ink” tem também uma batida eletrônica e uma letra bem confessional, com pequenos detalhes no arranjo que aos poucos são percebidos e a música vai crescendo durante sua execução. “True love” é uma balada menos inspirada, com arranjo de cordas e bandolim, com um solo de guitarra no final, algo raro neste disco. “Midnight” talvez seja a música mais experimental do Coldplay, com um vocal meio robotizado, com um clima que lembra um pouco artistas como Bon Iver. Uma canção que parece chata e repetitiva no começo, mas vai conquistando o ouvinte aos poucos.



“Another´s arms” é a melhor música do disco, com um belo vocal feminino, com uma letra que fala em separação. “Oceans” lembra bastante o clima de Parachutes, com violão e bem melancólica. “A sky full of stars” é mais animada, no piano, lembrando um pouco o clima de Mylo Xyloto. No meio fica meio dance, meio pastiche de Pet Shop Boys e acaba destoando do resto do álbum.

“O” é instrumental e fecha o disco também com uma atmosfera meio Cocteau Twins. Ainda resta tempo para três boas músicas escondidas: “All your friends”, “Ghost Story” e “O (part II). Em Ghost Histories, o Coldplay arrisca um pouco mais e foge da obsessão em ser um novo U2, que acompanhava a banda há muito tempo. Um trabalho conceitual que leva o Coldplay a novas direções, com um resultado bem satisfatório.