Há vinte e cinco anos um disco
que mudaria os rumos do rock era lançado. Três caras que vieram do nada, Kurt
Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl não imaginariam que iriam entrar para a
história da música mundial com seu recém-lançado disco Nevermind em vinte e
quatro de setembro de 1991.
O cenário musical da época
era infestado de armações musicais e o rock estava em baixa, as bandas de hard
rock farofa estavam saindo de cena e só quem tinha bala na agulha, ou seja, um
grande investimento por trás poderia entrar nas paradas de sucesso e tocar nas
rádios. Havia uma cena underground, mas em uma era pré-internet era
praticamente impossível sair desse gueto de pequeno público.
O Nirvana, liderado por Kurt
Cobain, apareceu com um rock explosivo e autêntico, mostrando em suas letras e
som a raiva e a frustração de uma juventude entediada e sem rumo. Uma banda que
apareceu sem grande marketing e de forma intensa e natural, ao contrário do que
vemos na cena musical de hoje em dia.
A mistura perfeita de punk e
pop fez deste álbum um disco essencial, talvez o último grande clássico da
história do rock. A produção de Butch Vig também foi de suma importância para o
sucesso de Nevermind, Vig conseguiu “polir” o som do grupo sem perder o peso e
o punch do som do Nirvana.
Como praticamente tudo já
foi dito deste disco e eu também já fiz um post sobre ele (leia aqui ), vou
fazer um faixa a faixa fazendo um pequeno comentário sobre este clássico do
rock:
“Smells like teen spirit” –
Um grande disco tem começar com um hino. O riff simples e ao mesmo forte e
impactante transformou a canção em um verdadeiro fenômeno assim que a música e
o clipe começaram a tocar incessantemente na rádio e na TV. A performance
explosiva de Kurt nos vocais surpreende até hoje.
‘In Bloom” – O Nirvana virou
uma máquina a partir da entrada de Dave Grohl na banda em 1990. Percebe-se a
diferença nítida na dinâmica da música com ele na bateria em relação ao
baterista anterior, Chad Channing que criou a batida característica da música.
A canção tem uma letra estranha e irônica, criticando aqueles que nem sabem o
que estão cantando.
“Come as you are” – Outro hino do disco começa com um riff roubado da música “Eighties” do Killing Joke. Com uma das melhores letras e harmonias feitas por Cobain é a primeira música que praticamente todo mundo aprende no violão.
“Breed” – Uma canção
incendiária com um baixo distorcido e aquela fúria característica de Cobain
tanto nos vocais quando na guitarra. Uma das melhores para ser tocada ao vivo,
presente em quase todos os shows do Nirvana após o lançamento do disco.
“Lithium” – Outro hino e uma
das músicas mais confessionais de Kurt. Um refrão que dá vontade de cantar a
plenos pulmões e a música que o público mais agitava nos shows do Nirvana.
Muitos jovens se identificaram com a letra, que fala sobre um vazio que
praticamente todos nós sentimos em alguma fase da vida.
“Polly” – Um dos poucos
momentos acústicos do disco, fala sobre o caso de uma garota que foi raptada,
na visão do sequestrador. A interpretação de Kurt e o tosco som do violão dão
um clima tão intimista que você pode até imaginar a história que Cobain está
contando na canção.
“Territorial pissings” – Uma
canção que critica o machismo, com um instrumental demolidor, uma música punk
em sua essência, capaz de deixar o roqueiro mais durão totalmente atordoado com
tamanho barulho e peso.
“Drain you” – Momento romântico
do disco, com uma letra dedicada a uma ex-namorada de Cobain que deu um pé na
bunda dele, a roqueira do grupo Biquini Kill, Tobi Vail. Era a canção preferida
de Kurt, tanto que tocava ela em praticamente todos os shows do grupo.
“Lounge act” – Mais uma
dedicada a Tobi Vail, tanto que Cobain nem tocava ela quando Courtney Love
estava por perto. Uma música melodiosa e romântica, mostrando de Kurt não era
só ódio e ressentimento.
“Stay away” – Outra canção incendiária
em que Kurt dispara contra todos, da moda até mesmo Deus, dizendo que ele é
gay.
“On a plain” – Uma pérola
perdida do disco, uma das músicas mais belas compostas por Cobain, um recado
velado aos seus familiares e todos aqueles que rejeitaram Kurt durante sua
vida. “Amo a mim melhor do que você / Sei que é errado, mas o que posso fazer?”
“Something in the way” – Uma
mítica canção em que Kurt narra uma época que ele morou embaixo de uma ponte.
Na verdade ele não chegou a morar, ficava apenas matando um tempo nela, mas
Cobain era especialista em se auto depreciar. Um final belo e melancólico para
um disco fenomenal.
“Endless nameless” –
A famosa música secreta de Nevermind. Uma canção experimental e desconexa, que
servia para a banda destruir tudo no final dos shows.