Nine Inch Nails – Hesitation Marks
Trent Reznor, líder,
vocalista e faz tudo do Nine Inch Nails, é um daqueles gênios musicais, que
constroem com sua música um universo próprio, em que é preciso o ouvinte estar
no clima para entender e captar melhor a sonoridade dos discos da banda.
Depois do êxito comercial do
disco The Downward Spiral de 1994, Reznor começou a complicar ainda mais o som
da banda, construindo uma discografia complexa, cheia de nuances e conceitos,
como por exemplo, nos discos The Fragile de 1999 e Ghosts I-IV de 2008, disco
no qual as músicas não tem nome, apenas o número da faixa.
Em seu novo disco, Reznor
decidiu descomplicar um pouco (somente um pouco) a sonoridade do Nine Inch
Nails. Hesitation Marks tem um lado eletrônico mais acentuado, com as guitarras
sendo usados na maioria das músicas apenas para dar um clima mais denso, ao
contrário das paredes de guitarras barulhentas e distorcidas de seus primeiros
trabalhos.
Músicas como “Copy A” (que
tem uma letra que critica um pouco a falta de criatividade musical da
atualidade) e “Come back haunted”, são músicas que são aulas de como os efeitos
eletrônicos quando bem utilizados podem transformar uma música em algo forte e
envolvente. Os arranjos são extremamente empolgantes, dando até um aspecto
dançante às canções em um álbum que não perde o pique em quase nenhum momento.
A reflexiva “Find my
way" dá uma quebrada no ritmo na primeira parte do disco, mas é uma pausa
necessária, que se encaixa bem no álbum. Muitos reclamaram da música “Everything”,
por ser mais alegre e aparentemente desleixada, mas é nada mais nada menos do
que uma homenagem ao rock dos anos 80, de bandas como The Cure. Na minha
opinião a música não compromete e não estraga o clima tenso e dark do disco.
“Satellite” tem uma batida
meio Hip Hop no começo e também tem ares de música pop, mas no decorrer da
música Reznor impõe seu estilo e deixa claro que é uma música acima da média no
cenário da música atual. “Various methods of escape" é outra
música fantástica, na primeira vez no disco em que ouvimos uma bateria
orgânica, sem ser eletrônica.
"Running" lembra
bastante o trabalho de Thom Yorke nos últimos trabalhos do Radiohead e seu
trabalho paralelo, o Atoms for Peace, mas claro, com marca registrada de Reznor,
sem nenhuma sombra de cópia ou plágio. Uma música com um clima tenso e
desesperador, graças ao arranjo que mesmo repetitivo, não se torna irritante.
Com a ajuda do mega produtor
Alan Moulder (que já trabalhou com Depeche Mode e Smashing Pumpkins entre outros),
Trent Reznor finalmente pôs novamente o Nine Inch Nails nos eixos, fazendo um
de seus melhores trabalhos, mesmo se aproximando um pouco mais do pop do que o
rock industrial que consagrou a banda no início de carreira. O melhor disco do
Nine Inch Nails desde Downward Spiral.
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