O cantor norte americano
Mark Lanegan ficou conhecido mundialmente como vocalista da banda de Seattle
Screaming Trees que lançou os seguintes álbuns de estúdio em sua carreira:
Clairvoyance (1986), Even If and Especially When (1987), Invisible Lantern(1988),
Buzz Factory(1989), Uncle Anesthesia (1991), Sweet Oblivion (1992) e Dust
(1996).
O Screaming Trees pode não
ter feito o mesmo sucesso das outras bandas de Seattle como Nirvana,
Soundgarden, Pearl Jam ou Alice in Chains, mas gravou discos de destaque em sua
carreira, em especial o disco Sweet Oblivion de 1992, que tem os sucessos
“Nearly Lost You” e “Dollar Bill”, e o elogiado último disco Dust de 1996.
Já no Screaming Trees,
Lanegan se destacava pela sua voz rouca e inconfundível e por sua postura
introspectiva, bem diferente dos rockstars tradicionais. Seu primeiro álbum solo Winding Sheet foi lançado em 1990,
depois vieram Whiskey for the Holy Ghost (1994), Scraps at Midnight (1998),
I'll Take Care of You (1999), Field Songs (2001), Here Comes That Weird Chill (EP/2003),
Bubblegum (2004), Funeral Blues (2012) e Imitations (2013).
Em seu primeiro disco solo, Winding
Sheet, a sonoridade soturna é característica, além da utilização de arranjos
mais calmos com violão, bandolim e percussão. Vale destacar a parceria com Kurt
Cobain nas músicas “Down in the dark” e “Where did you sleep last night”, sendo
a segunda de autoria do bluesman Leadbelly, música que também foi gravada pelo
Nirvana no Unplugged in New York.
Lanegan e Cobain eram bem
amigos e tinham um projeto de gravar um disco juntos, o nome do projeto seria
“The Jury”. Eles chegaram a gravar algumas músicas, a maioria covers de
Leadbelly, porém pelos constantes problemas de Kurt com drogas o projeto não
vingou.
Em seu penúltimo álbum,
Funeral Blues, Lanegan apostou em elementos eletrônicos para fazer uma mistura
inusitada de rock e música eletrônica. O resultado ficou muito bom, o disco foi
eleito um dos melhores de 2012. Vale também destacar a participação e Lanegan em
discos das bandas Queens of the Stone age e Mad Season, sendo o último um supergrupo
formado nos anos 90 com Layne Staley do Alice in Chains, Barret Martin do
Screaming Trees e Mike Mccready do Pearl Jam.
Este ano lançou um
disco só de covers chamado Imitations, no qual gravou artistas como Frank
Sinatra, Jhon Cale e Nick Cave. Um dos cantores de mais força da atualidade,
Lanegan é um daqueles caras que não seguem a corrente, com uma música de muita
personalidade. Um som que vale muito a pena conferir.
Neste domingo, dia 27 de outubro, morreu Lou Reed aos 71
anos. Lou foi vocalista, guitarrista e fundador do Velvet Underground, uma das
bandas mais influentes da história do rock. Sem ele, provavelmente o Glam Rock,
o Punk, o gótico e o rock alternativo não seriam os mesmos, ou até mesmo, não
existissem.
Com o Velvet Underground gravou discos clássicos como Velvet
Underground and Nico (Disco da Banana de 1967), White Light White Heat (1968)
entre outros e em sua carreira solo lançou o essencial Transformer (1972), que
foi produzido por David Bowie e Mick Ronson, álbum que foi a base para o Punk
Rock e para o Glam, que surgiram posteriormente na década de 70.
Enquanto os hippies nos anos 60 pregavam a paz e falavam de
como os homens deveriam ser, Reed falava em suas músicas sobre como os homens
realmente eram, o submundo das drogas, da prostituição e da violência nas
grandes cidades.
Mesmo não tendo vendido tantos discos, sua música levou
diversos garotos a formarem suas bandas, e sua arte influenciou artistas como
Sonic Youth, R.E.M., Nirvana, Morrissey entre muitos outros. Seu último
trabalho foi o estranhíssimo disco Lulu (2011), com o Metallica.
Para homenagear este grande nome do rock, vamos relembrar
alguns artistas que regravaram suas músicas, dando a ideia da importância de
suas canções para diversos estilos da música. Um cantor e compositor autêntico
que nunca se deixou engolir pela indústria da música.
Pale blue eyes
( Do álbum Velvet Underground de 1969)
Perfect day
( Do álbum Transformer de 1972)
Here she
comes now ( Do álbum White Light/White Heat de 1968)
Femme Fatale
( Do álbum Velvet Underground and Nico de 1967)
O Brasil passava por diversas dificuldades
no início dos anos 90, altas taxas de desemprego, hiperinflação, baixo
crescimento econômico entre outras coisas. Um novo presidente havia sido
eleito, o primeiro eleito democraticamente depois de vários anos da ditadura
militar.
O rock passava por uma espécie de ressaca
dos anos 80, após um imenso sucesso comercial, as bandas começaram a ter seu
espaço reduzido na mídia e a vendagem de discos e agenda de shows começavam a
diminuir, tendo a concorrência de outros estilos musicais como a Lambada e o
Sertanejo.
Dentro deste contexto, a Legião Urbana
lançava em novembro de 1991 seu quinto disco, intitulado apenas V, em forma de
algarismo romano. O álbum sucedia As Quatro Estações, que tinha vendido mais de
Um milhão de cópias.
O disco tem uma temática densa,
influenciada pelo polêmico Plano Collor, que afetou a vida de milhões de
pessoas e pelos problemas de dependência química de Renato Russo. Renato
costumava dizer que este álbum era similar na discografia da Legião Urbana ao
disco Pornography do The Cure, talvez o mais denso e depressivo da banda.
O Plano Collor I teve entre outras medidas
o confisco do dinheiro da poupança e a mudança da moeda do Cruzado Novo para o
Cruzeiro, com o intuito de acabar com a inflação e de estabilizar a economia,
porém o plano não deu certo e acabou prejudicando muitas pessoas, entre elas o
vocalista Renato Russo.
O disco tem várias referências medievais e
da literatura, já em sua sonoridade tem uma grande influência do rock
progressivo. A primeira música “Love Song” trata-se de um uma cantiga de amor
em português arcaico, composta no século XIII por Nuno Fernandes Torneol.
Renato Russo disse em uma entrevista que a primeira frase da letra da música
“Pois nasci nunca vi amor” descreveria bem a temática do disco.
A música seguinte “Metal contra as nuvens”
mostra o lado mais progressivo do som do disco, um épico de mais de onze
minutos, dividida em quatro partes. Nesta música fica mais evidente a rusga de
Renato com o Governo Collor. Nos trechos “Quase acreditei na sua promessa / E o
que vejo é fome e destruição” ou em “Existem os tolos e existe o ladrão / E há
quem se alimente do que é roubo / Mas vou guardar o meu tesouro / Caso você
esteja mentindo” fica claro o descontentamento do povo com as medidas do
governo.
Nesta música percebe-se a evolução musical
da banda. Mesmo não sendo grandes instrumentistas, o guitarrista Dado Villa
Lobos e o baterista Marcelo Bonfá (considerado por muitos um baterista fraco),
conseguem fazer belos arranjos, mais elaborados em relação aos discos
anteriores da banda.
A música “A montanha mágica” é bem
enigmática, mas dá a entender que fala sobre a dependência química de Renato
Russo. No trecho “Minha papoula da Índia / Minha flor da Tailândia / És o que
tenho de suave / E me fazes tão mal”, possivelmente fala sobre a dependência
química, pois a papoula é uma substância utilizada em alguns alucinógenos.
A música “Teatro dos Vampiros” foi composta
pelo baterista Marcelo Bonfá, sendo a letra feita pelo Renato Russo. Aqui a
temática gira em torno da crise econômica “Vamos sair, mas não temos mais
dinheiro / Os meus amigos todos estão procurando emprego” e a desilusão da
juventude “Voltamos a viver como a dez anos atrás / E a cada hora que passa /
Envelhecemos dez semanas”
“Vento no litoral” talvez seja a música
mais depressiva da Legião Urbana. A letra versa sobre um amor que se foi, com
um clima bem triste. A citação na letra sobre cavalos marinhos pode ter razão
no fato dos casais desta espécie ficarem juntos pelo
resto da vida. Este fato fica no campo da hipótese, dando um ar enigmático à letra da música.
"L'âge D'or" é também o nome de
um filme surrealista de 1930, dirigido por Luis Bunuel. A música conta com belo
slide guitar de Dado Villa Lobos e também cita um trecho que fala sobre drogas
“Já tentei muitas coisas / De heroína a Jesus”.
V é um disco de grandes referências com um
clima pesado e depressivo. Algo que pode ter influenciado a temática do álbum
foi a descoberta de Renato Russo em ser soropositivo. Mais um grande clássico
lançado pela Legião Urbana, talvez a banda que mais tenha marcado a história do
rock brasileiro.
Estava reparando nos textos
do blog e vi que a maioria dos textos trata de bandas que só tem homens em sua
formação. Seria machismo da minha parte? Creio que não, apesar do meio do rock
ser um pouco machista, não dando tanto espaço para o lado feminino.
Para consertar isto vamos
relembrar algumas grandes personalidades femininas do rock. Quem sabe as novas
gerações de garotas que queiram fazer música se espelhem nestas mulheres e
resolvam fazer música com a alma e não apenas apelando para a vulgaridade, como
vemos em algumas cantoras atuais.
Siouxsie Sioux
Vocalista do Siouxsie and
The Banshees, Siouxsie inspirou diversos artistas, como Bono Vox do U2, por
exemplo. Seu estilo gótico, desempenho vocal e de palco deram a ela status de
ícone do rock pós-punk. Está na ativa até hoje, aos 56 anos.
Debbie Harry
Debbie é vocalista do Blondie,
uma das bandas de maior sucesso do final dos anos 70. Graças a sua beleza e
carisma, ganhou diversos fãs ao redor do mundo. O que poucos sabem é que ela
também é atriz e participou de mais de 30 filmes.
Patti Smith
Cantora e poetisa
norte-americana, Patti Smith influenciou gente como Michael Stipe e Bono Vox.
Seu primeiro disco, Horses, de 1975 foi um marco do movimento punk, dando a
Patti Smith o status de “poetisa do punk”. Também é muito conhecida pelo seu
ativismo político nos Estados Unidos.
Joan Jett
Começou sua carreira na
banda Runnaways, que foi a primeira banda de rock só de mulheres a fazer
sucesso. Seguiu em carreira solo e influenciou artistas como Courtney Love. Ano
passado tocou no Brasil no festival Lolapalooza e mostrou que está em plena
forma, fazendo participação também no show do Foo Fighters.
Rita Lee
Quando se fala em rock
feminino no Brasil o primeiro nome que se vem à cabeça é o de Rita Lee. Começou
sua carreira nos Mutantes e depois que foi expulsa da banda começou uma
prolífera carreira solo. Inspirou artistas como Pitty, Fernanda Takai entre
outras.
Chrissie Hynde
Vocalista e guitarrista dos
Pretenders, sempre com sua indefectível franja, Hynde segue na estrada fazendo
rock da mais alta qualidade aos 62 anos. Chegou a morar em São Paulo em 2004,
no edifício Copan, no centro da cidade.
Dia 15 de outubro saiu o décimo
disco de estúdio do Pearl Jam, Lightning Bolt. Das principais bandas de
Seattle, o Pearl Jam foi a que conseguiu construir uma carreira mais constante
e duradora, sem separações, morte de vocalista ou longos períodos sem lançar um
disco novo, tendo uma carreira fonográfica muito constante.
Mesmo não conseguindo fazer
álbuns tão bons e significativos como o primeiro disco da banda, Ten, que
catapultou o grupo para o estrelato, o Pearl Jam lançou discos sempre
respeitando uma coerência musical, sem fazer mudanças tão radicais em seu som e
sempre fiéis ao tradicional som de rock que fazem, mesmo com algumas
experimentações ao longo da carreira.
Neste novo disco a banda vem
mais inspirada do que em seus dois discos anteriores, o irregular Pearl Jam
(disco do abacate) de 2006 e o mediano Backspacer de 2009. Em Lightning Bolt, o
Pearl Jam aparece com arranjos mais bem resolvidos e com uma produção mais cuidadosa
(do que, por exemplo, discos com sons bem rústicos como No Code e Binaural). A
produção ficou a cargo de Brendan O´Brien, que trabalhou com a banda na maioria
de seus discos.
Começando com o rock robusto
de “Getaway”, um tradicional rock do Pearl Jam com riff potente e com uma
“cozinha” pesada para que Eddie Vedder com sua voz marcante fale sobre fé e
encontrar seu próprio lugar no mundo. Logo de cara percebe-se que o disco tem
um vigor a mais do que os discos anteriores. Em “Mind your manners”, um rock
frenético que lembra bandas como Dead Kennedys, a banda demonstra seu tradicional
lado político na letra, que fala que jovens estão sendo jogados na fogueira
pelos políticos dominantes.
“My father´s son” foi
composta por Jeff Ament e tem uma linha de baixo acachapante e mantem o ritmo
mais forte do começo do disco. “Sirens” é uma das músicas mais bonitas que o
Pearl Jam fez nos últimos tempos, com violões, bons solos e a tradicional
interpretação de Eddie Vedder, em uma letra que fala em despedida. Esta música
composta pelo guitarrista Mike McCready é um dos pontos mais altos do disco.
Em “Lightning Bolt” a banda
volta para o rock, com uma pegada vigorosa e com um refrão que lembra um pouco
a música “Animal” de seu segundo disco. “Infalible” tem um arranjo que foge
mais das características da banda, mas funciona muito bem, com uma letra
emocional sem ser piegas.
“Pendulum” mostra um lado
mais experimental, com piano e uma batida percussiva, mas aqui também os
arranjos funcionam e a música se encaixa bem no disco. Em “Let records play” a
banda arrisca um blues e a música fica com uma ótima pegada, no último momento mais rock do
disco.
Nas três últimas músicas, a
banda dá uma diminuída no ritmo. Em “Sleeping by myself” mostram um lado mais
folk e regravam esta música de Eddie Vedder que já tinha sido lançada em seu
disco solo Ukelele Songs. “Yellow moon” é uma balada com violões, solos
característicos de McCready e piano. “Future days” encerra o disco, outra bela
música, com violinos e uma letra reflexiva. Mesmo com este final priorizando
músicas mais leves, o disco não cai em qualidade e consegue prender o ouvinte
até o fim.
Com Lightning Bolt o Pearl
Jam fez seu melhor disco desde Yield de 1998. Com o rústico Binaural, o
político Riot Act e os dois últimos discos a banda talvez tenha batido na trave
e não tenha conseguido lançar um disco mais homogêneo, que possa ser ouvido
inteiro sem perder o pique. A banda mostra com este novo álbum que ainda pode
fazer grandes canções e dar continuidade a sua sólida carreira.
Este ano completaram-se 40
anos do lançamento do primeiro álbum da banda brasileira Secos e Molhados. O
grupo formado por Ney Matogrosso (vocais), Gérson Conrad (vocais e violão) e João
Ricardo (vocais, violões e harmônica) foi um verdadeiro fenômeno musical, tendo
seu primeiro álbum vendido mais de um milhão de cópias.
Inspirados pelo movimento
Tropicalista, liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, o Secos e Molhados
construiu um som único neste disco. Uma panela de influências e ritmos, que
iam do Glam Rock ao Baião, do Blues ao Vira , (tradicional ritmo português)
entre outros estilos.
A banda tinha uma parte
performática muito forte, graças principalmente a Ney Matogrosso que também era
ator. O grupo incorporou o uso de maquiagem em suas apresentações, alguns dizem
que era pelo fato de quererem o anonimato, outros dizem que uma vez Ney chegou com
a cara pintada de uma peça direto para o show e eles acharam que a ideia era
interessante.
Uma grande lenda que cerca o
uso da maquiagem pelo Secos e Molhados é a história de que o Kiss tenha
roubado a ideia de se pintar da banda brasileira. Segundo Ney Matogrosso,
quando a banda foi ao México em 1974 ofereceram a ele uma carreira
internacional, mas ele teria que fazer um som mais pesado. Ney recusou a oferta
e disse que logo depois o Kiss estourou com seu Hard Rock e suas caras
pintadas. Muitos dizem que isto é lenda, que o Kiss já tocava com a cara
pintada desde 1972 e que não imitaram os Secos e Molhados. Eu não duvido que a
versão de Ney Matogrosso de que o Kiss imitou a banda brasileira seja verdade,
pois em se tratando dos marqueteiros do Kiss, tudo é possível.
A capa do primeiro disco do Secos e Molhados é um clássico à parte. A ideia veio do nome da banda, que foi
tirado de um armazém de Ubatuba que se chamava Secos e Molhados. Os objetos
colocados em cima da mesa seriam os mantimentos vendidos neste armazém e a
própria banda serrou a madeira da mesa para que suas cabeças coubessem e se
transformassem numa espécie de banquete macabro. Esta capa foi considerada pelo
jornal Folha de São Paulo a melhor capa de disco de todos os tempos da música
brasileira.
O disco começa com a música
“Sangue Latino”, com uma harmonia que ao mesmo tempo é linda e simples, e com
uma clássica marcação de baixo, que de tão econômica acaba sendo genial. A
letra fala do sentimento Latino Americano, a vontade de vencer os obstáculos e
de resistir à opressão.
A segunda música, “O Vira” é
um mistura de rock com a dança tradicional portuguesa. No meio da música, a
utilização do acordeom também mostra a tradicional música brasileira, como os
gêneros tradicionais do Nordeste e Rio Grande do Sul. A música cita ainda
personagens do folclore brasileiro como Sacis e Pirilampos. Muitos dizem que a
letra e o ritmo da música dão a entender certa liberação sexual, porém é uma
questão interpretativa, não podemos afirmar que isto seja totalmente
verdadeiro.
As letras deste disco também
são grande destaque, muitas são poemas musicados por João Ricardo, de autores
como Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes e Cassiano Ricardo. A música “O patrão
nosso de cada dia” tem uma belíssima letra, que critica a exploração dos
patrões aos empregados, além de um belíssimo solo de flauta. "Amor" tem uma linha de baixo fantástica, com uma harmonia de violões e um toque de psicodelia. Um dos momentos de virtuosismo do disco, mostrando que ali estavam músicos que sabiam muito bem o que estavam fazendo.
A canção “Primavera nos dentes”
foi feita a partir de um poema do pai de João Ricardo, o poeta João Apolinário,
que lutou contra a ditadura em seus anos mais rígidos. A letra fala de uma
forma velada sobre a resistência ao que é imposto, no caso a ditadura no
Brasil. A música é um blues com uma grande parte de introdução, com um grito
primal de Ney a cada fim de estrofe. A introdução desta música lembra bastante o começo da música "Breathe" do Pink Floyd.
“Assim assado” é um crítica à
violência policial contra os negros, uma música que tem uma grande variação
rítmica, o que pode ser considerado uma espécie de rock progressivo. “Mulher
barriguda” fala da incerteza sobre o futuro das crianças no Brasil.
“Rosa de Hiroshima” é um
poema de Vinícius de Moraes, musicada por Gérson Conrad. A letra fala sobre a
bomba de Hiroshima e suas trágicas consequências, uma ode contra a guerra e as
injustiças causadas por ela. Destaque para a excelente interpretação vocal
de Ney nesta música, que emociona até os mais durões.
Na sequência do disco três
músicas curtas, porém não menos poéticas. “Prece cósmica”, “Rondó do capitão”
(poema de Manuel Bandeira musicado por João Ricardo) e “As andorinhas” formam
uma tríade em que fica mais explícita a delicadeza e qualidade instrumental do
disco.
Para encerrar o disco, o
grande sucesso “Fala”, com mais um excepcional desempenho vocal de Ney
Matogrosso. Para este disco a banda teve a participação de grandes músicos de
apoio como, por exemplo, o lendário músico Zé Rodrix, que tocou também com Raul
Seixas entre outros. Rodrix tocou ocarina, sintetizador, acordeão e piano,
enriquecendo os arranjos e a qualidade do álbum.
O Secos e Molhados era uma
banda de rock que não tocava rock. Mesmo utilizando instrumentos que não são
tão ligados ao estilo, como flauta e violão de 12 cordas, a atitude do grupo fazia com que os simpatizantes do rock se identificassem com aquela postura
contestadora e impressionante do Secos e Molhados.
Em 1974 a banda lançava seu
segundo disco, que se chamava também apenas Secos e Molhados. O disco conseguia
ser tão bom quanto o primeiro, porém, devido à desavenças, Ney Matogrosso
deixou o grupo logo após o lançamento. A banda acabou não podendo divulgar o
disco adequadamente. O álbum infelizmente não fez o sucesso merecido, e a banda
até continuou depois com outras formações, mas nunca mais alcançou o sucesso
inicial.
Realmente o Secos e
Molhados foi uma marco na música brasileira, com suas grandes músicas e com
um instrumental bem tocado misturado com ritmos regionais, rock e poesia. Um
dos pilares do rock brasileiro que merece todo o tipo de homenagem.
No começo dos anos 2000, uma
banda Nova iorquina despontou no cenário musical como grande esperança do rock.
Não demorou muito para o hype ser feito em cima da banda, com diversas resenhas
e elogios ao som feito pelo quinteto formado pelo vocalista Julian Casablancas,
os guitarristas Albert Hammond Jr. e Nick Valensi, pelo baixista Nikolai
Fraiture e pelo baterista brasileiro Fabrizio Moretti.
O primeiro álbum dos
Strokes, Is This It, foi lançado em 2001 e logo foi eleito um dos melhores
álbuns do ano, principalmente pela crítica especializada. No começo tive certa
resistência ao som dos caras, mas como o grande "oba oba" em cima da banda,
comecei a ver os vídeos e ouvir melhor o som deles.
Realmente, (tirando todo o
hype feito em cima dos Strokes e pelo fato de serem caras bem criados, com pais
ricos, longe do estereótipo “fodido” de ser integrante de uma banda de rock) o
disco era muito bom. Percebiam-se claras influências de Velvet Underground e
Television no som da banda, graças ao duelo de guitarras de Valensi e Hammond
Jr. e pelo vocal preguiçoso de Casablancas.
O disco gerou alguns
sucessos como “Last nite”, “Modern age” e “Someday”, a banda tocou em diversos
festivais e rodou direto na programação da MTV, sempre com um visual retrô nos
vídeos e nas roupas da banda, que pareciam compradas de um brechó.
Depois deste sucesso todo,
era hora de lançar um novo disco e em 2003 saiu Room on Fire. Era o momento
para provar se a banda viria para ficar ou se era só fogo de palha. O disco até
que tinha bons momentos como, por exemplo, em “12:51” ou “Reptilia”, mas tinha
músicas também bem dispensáveis como “Meet in the bedroom” e “Under control”.
A coisa começou mesmo a degringolar
com o terceiro disco First Impressions on the Earth de 2006. As três primeiras
músicas do disco “You only leave once”, “Juicebox” e “Heart in a cage” são
muito boas, porém, o restante do disco é uma chatice sem tamanho, a banda
tentando novas sonoridades sem o menor êxito.
Após este disco, a banda deu
uma parada e cada integrante foi fazer algum projeto solo. Casablancas por
exemplo, lançou um disco e Moretti se juntou a Rodrigo Amarante para formar a
banda Little Joy. Após este hiato, em 2011 saiu o 4º disco da banda, chamado Angles.
Parecia que a banda tinha tomado rumo certo novamente, o disco era bem melhor
do que o fiasco anterior e tinha uma influência ainda maior do som da new wave
dos anos 80.
Quando parecia que estava
tudo se encaixando novamente, os Strokes lançam outra bomba, este ano saiu
Comedown Machine. Eu pensava que neste disco a banda iria fazer o velho clichê
que várias bandas de rock fazem e que dá certo muitas vezes: voltar a fazer o
som do início da carreira, um rock mais básico, sem arriscar muito.
Neste disco a banda preferiu
seguir o caminho oposto ao do rock básico, fazendo músicas mais dançantes e com
Julian Casablancas cantando com a voz fina na maioria das músicas. O disco tem
momentos legais como a mistura de A-Ha com Calypso em “One Way Trigger” ou na
sobra de discos anteriores de “All the time”, mas o disco em si não empolga
muito e não aponta para um futuro animador para a banda.
A pergunta feita no título
do post caberia para muitas bandas surgidas no início dos anos 2000, como The
Killers e Coldplay, bandas que começaram bem, mas a cada disco vem piorando e
cada vez menos inspiradas. O Strokes era a grande esperança do rock, mas agora
resta saber qual caminho a banda irá seguir, se vai voltar a fazer o rock
empolgante do primeiro disco ou irá sucumbir no ostracismo com discos medianos.
Em maio deste ano saiu a
edição comemorativa aos 25 anos do disco Green, sexto disco de estúdio da
carreira da banda R.E.M. Além das 11 músicas do disco remasterizadas, nesta
edição vem um cd com um show da banda em 1989, em Greensboro, com 21 músicas.
Nesta edição de luxo também acompanham algumas fotos no formato Polaroid dos
integrantes e um pôster também com os membros do R.E.M.
O R.E.M. teve uma história
um pouco diferente das outras bandas. Geralmente as bandas de sucesso já “estouram”
logo nos primeiro ou segundo disco. O sucesso da banda foi gradativo, tocando primeiramente
nas rádios universitárias americanas e só foram explodir mundialmente com o
disco Out of Time de 1991.
Descontente com a
distribuição de sua gravadora até então, a I.R.S., o R.E.M. assina com a
gravadora Warner e lança em 7 de novembro de 1988 seu melhor trabalho até
então. Green foi sucesso de público e de crítica e o R.E.M. eleito pela revista
Rolling Stone a melhor banda de rock do ano.
O disco trazia inovações ao
som tradicional da banda, foram utilizados instrumentos como bandolim, acordeom,
violoncelo e violão de aço. Para a produção foi recrutado Scott Litt, que
trabalharia na maioria dos discos lançados pelo R.E.M. após Green.
Começando com a irônica
música pop “Pop song 89”, já se percebe o tom de crítica e reflexão do álbum.
“Stand” é outra faixa que mostra um R.E.M. mais pop também, mas sem deixar de
lado a ironia na letra. “You are everything” é um dos momentos mais bonitos do
disco, uma daquelas músicas melancólicas que emocionam pela sutileza e beleza
do arranjo de bandolim e acordeom.
O lado político do álbum
também é muito forte, tanto que o disco foi propositalmente lançado um dia
antes das eleições para presidência dos Estados Unidos, na qual a banda
criticava o candidato George Bush.
A música “World leader
pretend” critica os ditadores em geral, como nos trechos “Eu reconheço as armas
/ Eu usei-as bem / Este é o meu erro / Deixe-me fazê-lo bem / Eu levantei o
muro e eu serei o único a derrubá-lo”. A clássica “Orange Crush” faz referência
ao Agente Laranja, arma química jogada pelos Estados Unidos na Guerra do
Vietnã.
A banda pega firme no rock
nas músicas “Get Up” e “Turn you inside out”, revelando o lado pesado do disco,
mostrando um equilíbrio no álbum, que tem tanto músicas mais tranquilas como
músicas em que a guitarra fala mais alto.
Encerrando o disco está a
climática “Remember California”, um rock com clima denso e letra enigmática,
bem ao estilo R.E.M. Green foi o disco que os elevou ao status de grande banda,
a partir daí o R.E.M. deixou de ser uma banda alternativa, para se tornar uma
das maiores bandas do rock norte-americano.
Na história da música há
diversos casos de acusação de plágio. Até mesmo grandes artistas como Led
Zeppelin e George Harrison foram acusados de copiar músicas de outros artistas.
Alguns casos geraram processos milionários, outros foram deixados para lá pelo
artista copiado, mas às vezes espanta a similaridade entre as músicas e a cara
de pau dos copiadores em não fazer a mínima questão de disfarçar a cópia (o que
eu estou falando? este post é um plágio também!). Vamos relembrar alguns casos
famosos de plágio e a polêmica que eles geraram.
Led Zeppelin x Small Faces x Willie Dixon
Que o Led Zeppelin copiou
diversas bandas em seus primeiros discos todo mundo já sabe. Mas em “Whota
Lotta Love” eles exageraram na dose. A música parece uma cover de “You need loving”
da banda mod Small Faces. A original foi lançada em 1966, enquanto a do Led
Zeppelin foi lançada em 1969, no segundo disco da banda.
O rolo não termina por aí,
na verdade quem copiou primeiro foi o Small Faces. No caso, pegaram uma música
gravada pelo Muddy Waters chamada “You need love” e gravaram como “You need
loving” e não creditaram ao autor original, chamado Willie Dixon.
Na verdade então o Led
Zeppelin copiou mesmo foi a música de Dixon e não a do Small Faces (que
confusão!). No final das contas sobrou para o Led Zeppelin que foi processado
por Dixon. Ele não processou o Small Faces mesmo eles não tendo creditado o
seu nome na música “You need loving”.
Rod Stewart x Jorge Ben
Outro caso famoso de plágio
aconteceu entre o cantor brasileiro Jorge Ben e o cantor inglês Rod Stewart. Em
1972, Jorge Ben lançou a música “Taj Mahal”, em referência ao histórico mausoléu
situado em Agra, na Índia.A obra foi construída a mando do
imperador Shah Jahan, como prova de amor a Aryumand Banu Begam, sua esposa
favorita. Begam morreu após dar à luz o 14º filho de Jahan.
Em 1978, Rod Stewart lançou
a música “Do ya think I´m sexy” que tinha um refrão idêntico ao coro da música
de Ben Jor. O cantor brasileiro percebeu a imitação e entrou com um processo
contra o cantor inglês e ganhou a ação.
Stewart admitiu o plágio,
disse que foi ao carnaval do Rio de Janeiro em 1978 com Freddie Mercury e Elton
John e esta música de Ben Jor tocava direto e a melodia ficou em sua cabeça.
Ele pensou que pelo fato do autor ser brasileiro nunca iria descobrir o plágio,
mas acabou se dando mal.
Elastica x Wire
Em meados dos anos 90, a
banda inglesa Elastica fez bastante sucesso com a música “Connection”. O vídeo
da música passava bastante na MTV e a música tocava bastante nas rádios mais
alternativas.
Esta música, porém, tem o
riff idêntico ao da música “Three Girl Rumba” da banda norte americana Wire. O
Elastica admitiu que a banda era uma grande influência, mas não creditou em seu
disco o trecho da música da banda Wire. O Wire entrou com um processo contra o
Elastica e foi necessário um acordo judicial para resolver este imbróglio.
George Harrison x The
Chiffons
Nem mesmo o ex-beatle George
Harrison escapou de uma acusação de plágio. Em 1970, em seu primeiro disco
solo, lançou um de seus maiores clássicos, a música “My sweet lord”, uma canção
fantástica que pregava uma mensagem pacifista e religiosa, de forma ecumênica.
A música foi um sucesso
imediato e aí que começaram os problemas. Harrison sabia que a música tinha
muitas similaridades com a música “He´s so fine”, composta por Ronnie Mack e
gravada pelo grupo vocal The Chiffons. Não demorou muito para que uma ação fosse
aberta contra George, que alegava que o plágio não era intencional, pois a
melodia ficou em sua cabeça na hora de fazer a música, sem a intenção de
copiá-la.
A ação se estendeu por
vários anos e George teve que pagar em 1981 uma indenização no valor de 587
mil dólares. O caso foi dado como plágio inconsciente, pois foi reconhecido que
houve plágio nos trechos das notas iniciais da parte em que canta “my sweet
lord...” e no trecho “I really want to see you...” ocorreu o plágio em cerca de
cinco notas musicais.