27 de fevereiro de 2014

Discos essenciais para entender o Britpop (Parte 5)

Oasis – (What´s the Story) Morning Glory? (1995)


Se o Britpop teve seu auge, este momento foi o disco (What´s the Story) Morning Glory?. Depois do sucesso estrondoso de seu disco de estreia, Definately Maybe, o debute mais bem sucedido da história da indústria musical, era o momento de fazer um disco grandioso, com as grandes composições de Noel Gallagher. A produção ficou a cargo de Owen Morris e do próprio Noel e o resultado foi uma coleção de singles de sucesso.

1995 foi o ápice da “guerra” entre o Oasis e o Blur, pelo topo das paradas e pelas vendagens de singles. No dia 14 de agosto de 1995 as duas bandas decidiram lançar singles no mesmo dia. Enquanto o Oasis lançou a música “Roll with it” o Blur lançou “Country house”. Este dia foi chamado de “A batalha do Britpop”. Nesta briga quem se deu melhor foi o Blur, que vendeu cerca de 270 mil cópias do compacto de “Country house”, enquanto “Roll with it” vendeu “apenas” 210 mil cópias aproximadamente. Mas no final das contas What´s the Story vendeu muito mais do que o disco Great Scape do Blur lançado no mesmo ano. 

O Oasis nunca foi de esconder suas referências musicais, neste álbum a cada música havia uma pista, seja em trecho em que a banda pegava emprestada de outro artista, seja nas letras ou com a própria participação do artista que foi referência. Logo na primeira canção do disco, “Hello”, Noel Gallagher pega emprestado o refrão da música “Hello I´m back again” de Gary Glitter, cantor que fez certo sucesso na década de 70. Esta música mostra a influência do Glam rock no som da banda.






“Roll with it” é uma daquelas músicas levantam o público no show, um dos hinos que só Noel Gallagher poderia fazer naquele período do rock inglês, com tanta habilidade. “Wonderwall” bateu todos os recordes, um sucesso fenomenal que elevou o Oasis a status de mega banda. Seu refrão era sempre cantado em uníssono, seja em shows ou em jogos de futebol. O título da música pode ter sido tirado do nome do primeiro disco solo de George Harrison, Wondewall Music de 1968. Noel fez a canção em homenagem a sua namorada na época, Meg Mathews.



“Don´t look back in anger” tem em sua introdução do piano da música “Imagine” de John Lennon. A música é cantada por Noel e é uma das melhores composições dele, com um refrão capaz de contagiar até as pessoas mais frias. Depois da pancada de “Hey Now”, vem a primeira música instrumental do disco, chamada de “Swamp song part 1” (apesar de não ter nome oficial no disco). “Some might say” foi outro single de sucesso e também tem uma forte influência do Glam rock, principalmente em seu riff inicial.



“Cast no shadow” é uma linda balada, dedicada ao vocalista do The Verve, Richard Ashcroft. “She´s eletric” também mostra o potencial melódico do Oasis em outra belíssima canção. “Morning Glory” é um arrasa quarteirão, com sons de Helicópteros e tudo mais, outra canção que tem muita energia nos shows. “Champagne supernova” é um épico de 7 minutos e tem a participação nas guitarras de outro ídolo da banda, Paul Weller, ex-vocalista do The Jam. Um álbum que encerra com uma música fantástica como esta não pode ser um disco qualquer.



(What´s the Story) Morning Glory? vendeu mais de 22 milhões de cópias e pode ser considerado o auge do Britpop. Um álbum que mais parece um greatest hits, de tantas músicas de sucesso que fazem parte dele. O álbum que consolidou Noel Gallagher como o compositor com a maior capacidade de criar hits do rock inglês dos anos 90.

24 de fevereiro de 2014

O que aconteceu com o Silverchair?

Em meados dos anos 90, três moleques australianos, Daniel Johns, Cris Joanou e Ben Gillies ganharam um concurso de bandas em um canal de TV australiano com a música “Tomorrow”. Eles estavam na faixa dos 14 e 15 anos e logo conseguiram contrato com o selo Murmur, para a gravação de três álbuns.

Frogstomp, o primeiro disco do Silverchair, saiu em 1995 e logo chegou ao topo das paradas australianas de não demorou muito para fazer sucesso nos Estados Unidos. O som da banda era muito influenciado pelo som que era feito em Seattle na época, por bandas como Nirvana e Pearl Jam, mas o grupo também tinha influências de bandas como Helmet, Black Sabbath e Led Zeppelin.

Músicas como “Israel´s son”, “Tomorrow” e “Pure massacre” mostravam as grandes qualidades da banda e ajudaram o disco graças também aos seus videoclipes, a chegar ao topo das paradas. As pessoas até chegaram a pensar que eles eram uma armação, que não tocavam seus instrumentos ao vivo, sendo uma espécie de Milli Vannili (dupla de picaretas surgidos no começo dos anos 90 que só dublavam suas músicas). Logo a crítica percebeu que os moleques tinham uma pegada pesada ao vivo e tinham uma boa capacidade musical apesar da pouca idade.

O grupo passou por momentos difíceis por causa da música “Israel´s son”. Houve um caso de assassinato e a acusação alegou que a música incitou os assassinos a cometerem o crime. Isto gerou uma grande briga judicial e deu uma dor de cabeça para os jovens integrantes do Silverchair. 




Em 1997 era chegada a hora de lançar o segundo disco. Freakshow também fez bastante sucesso, graças as músicas “Freak”, “Abuse Me” e “Cemetery”. A crítica acusou a banda de falta de originalidade, pois algumas músicas e riffs pareciam muito com outras que já existiam. O riff de “Slave” é bem parecido com “I don´t know anything” do Mad Season, “Lie to me” lembra bastante “Territorial pissings” do Nirvana e enquanto o Nirvana tem a música “Rape me” o Silverchair  fez a música “Abuse me”. Coisas de crítico musical, mas o disco em si trazia um avanço no instrumental e o uso de alguns novos elementos como a cítara em “Petrol & Clorine”.





Neon Ballroom saiu em 1999 e trazia uma banda muito mais madura e sabendo o que queria fazer no estúdio. Neste álbum a influência de Led Zeppelin é bem evidente, principalmente nos arranjos orquestrados de músicas como “Emotion Sickness” e "Black Tangled Heart". As letras do disco foram influenciadas pelos problemas de saúde enfrentados pelo vocalista Daniel Johns, que teve anorexia. Talvez Neon Ballroom seja o melhor disco da banda e o ápice de sua carreira, mostrando uma banda muito segura nos arranjos e nas letras das canções.







Depois do sucesso de Neon Ballroom, o Silverchair mudou um pouco seu estilo. A banda começou a usar outros tipos de roupas e visualmente se aproximavam cada vez mais de uma “boy band”. Esta mudança também refletiu em sua música, Diorama, lançado em 2002 tinha muitas músicas com piano e o som do grupo tinha perdido um pouco do peso dos outros álbuns. Em 2003 assisti um show do grupo, que até foi legal, apesar da histeria das fãs adolescentes que estavam ali e do certo “convencimento” do vocalista Daniel Johns que até tirou a camisa no final do show para delírio das meninas que estavam ali.


Mas a mudança mais radical no som do grupo estava por vir. Em 2007 o Silverchair lançou seu disco mais polêmico: Young Modern. O som da banda mudou de vez e deu espaço para maiores experimentações e nota-se uma grande influência de Beatles, principalmente do trabalho de George Harrison. O resultado final é satisfatório com musicas mais inspiradas e outras nem tanto. A música “Straight lines” chegou a tocar nas rádios, mas o disco não chegou nem perto do sucesso dos anteriores.



Em 2011 a banda anunciou através de seu site que estavam dando um tempo por período indeterminado. Muito se especulou que este era o fim da banda, mas eles afirmam que o grupo ainda existe e tem possibilidades de novos trabalhos. Só resta então aguardar e torcer que se vier algo novo, que traga o espírito rock do começo de carreira, a fase mais legal da banda, em que faziam um rock com uma pegada forte e instrumental muito bem tocados. 

20 de fevereiro de 2014

Outros sons: Devo

Infelizmente nesta segunda feira, dia 17, faleceu o guitarrista da banda Devo, Bob Casale. Bob era irmão do vocalista Gerald Casale. Juntos formaram a banda em 1974 e fizeram parte de uma das bandas mais criativas do rock. Em homenagem a Bob Casale vamos relembra um pouco da história desta importante banda.


A banda foi precursora do estilo New Wave e do Pós-Punk. Seu som era uma mistura de música com ficção científica kitsch, com toques de humor surrealista e com influência do cinema trash. A banda acabou influenciando a new wave e o rock alternativo, graças também aos inventivos videoclipes feitos pela banda e seu visual maluco e inovador. O nome do grupo foi tirado de um conceito que a própria banda criou, a de-evolução. A banda acreditava que a humanidade tinha chegado ao seu ápice e estava de-evoluindo, voltando à idade das cavernas.

O primeiro sucesso da banda foi a música “Whip it” do disco Freedom of Choice de 1980. Esta canção é uma crítica ao presidente dos Estados Unidos na época, Jimmy Carter, mas o público logo associou a letra à masturbação e a música fez bastante sucesso, graças também ao seu hilário videoclipe.



Outro disco de sucesso do Devo foi Oh, No! It´s Devo de 1982. Este álbum tem os maiores hits de sua carreira, “Time out for fun”, “Peek a boo” e “That´s good”. Como não poderia ser diferente as músicas ganharam vídeos com a tradicional qualidade da banda, com seu estilo irreverente e estranho.





O Devo ainda fez covers inusitadas de “Satisfaction” do Rolling Stones e “Are you experienced” de Jimi Hendrix. A influência do Devo ficou evidente quando o Nirvana regravou a música Turnaround em seu disco Incesticide e quando o Foo Fighters em seu primeiro clipe “I´ll stick around” homenageou o grupo e ainda chamou o vocalista Gerald Casale para dirigi-lo.








A banda estava na ativa até bem pouco tempo e tocou no Brasil no festival Planeta Terra há alguns anos. Algumas bandas brasileiras também foram influenciadas pelo som do Devo como o Pato Fu e Concreteness. O Devo tinha planos de voltar a excursionar, porém com a morte de seu guitarrista original seu futuro agora é incerto. Fica aqui a homenagem a esta banda estranha e divertida.

19 de fevereiro de 2014

Clássicos do Brasil: Rita Lee e seu Fruto Proibido

A saída de Rita Lee do Mutantes foi bastante conturbada. Após o término de seu casamento com Arnaldo Baptista e a posterior guinada musical da banda para o rock progressivo foram cruciais para sua saída. Ainda hoje Rita alega que foi expulsa da banda, por não ser uma instrumentista virtuosa, algo primordial quando se quer fazer rock progressivo. 


Mas há males que vem para bem. Rita Lee poderia então começar uma carreira solo que rendeu inúmeros sucessos e consagraria Rita como o maior nome feminino do rock brasileiro. O ponto alto de sua carreira solo sem dúvida é o disco Fruto Proibido de 1975. Fruto Proibido foi seu terceiro disco solo e o segundo com a banda de apoio Tutti Frutti.

O Tutti Frutti era formado por Lee Marcucci no baixo, Franklin Paolillo na bateria e Luiz Carlini na guitarra. Carlini é um dos maiores guitarristas do rock brasileiro, que já tocou com o Camisa de Vênus e fez participação em aproximadamente 400 discos de diversos artistas. Atualmente Carlini toca com o cantor Guilherme Arantes.

Fruto Proibido tem uma forte influência do Blues, do Hard Rock e do Glam. Com grandes arranjos e uma banda de apoio mais do que competente, Rita Lee fez seu melhor registro. O disco vendeu mais de 200 mil cópias e teve músicas que se tornaram clássicos do rock brasileiro.

O álbum ainda teve músicas em parceria com Paulo Coelho como “Esse tal de Rock Enrow”, uma música que fala de uma mãe preocupada com a mudança do comportamento da filha que começou a ouvir rock, “Cartão postal” um belíssimo blues com a guitarra sempre competente de Carlini e “Toque” com um riff de guitarra irresistível. 



Sucessos como “Agora só falta você”, o rock feminista de “Luz del fuego” e “Ovelha negra” garantiram o disco como um dos maiores feitos no Brasil. “Ovelha negra” acabou se tornando o maior clássico de carreira solo de Rita, graças também ao grande solo de Carlini, que por pouco não ficou na versão final da música.

Rita Lee ainda gravou mais dois discos com o Tutti Frutti, ambos de muita qualidade e grandes canções. Depois disto Rita se casou com o guitarrista Roberto de Carvalho em 1979, a partir de então ele que começou a tomar conta de sua carreira musical. Fruto Proibido é um disco essencial e deve ser ouvido por todos aqueles que querem entender o rock brasileiro dos anos 70.





17 de fevereiro de 2014

Bandas de um hit só dos anos 90

Os anos 90 foram muito ricos musicalmente seja no rock ou até mesmo na música pop. Milhares de bandas apareceram e apenas algumas conseguiram construir uma carreira sólida com vários sucessos e discos consistentes. Vamos relembrar algumas bandas que estouraram com uma música, porém sumiram pouco tempo depois, sem deixar um legado musical maior, mesmo tendo algum potencial.

4 Non Blondes


Esta banda de São Francisco estourou mundialmente em 1993 com o hit “What´s up” e seu álbum de estreia Bigger, Better, Faster, More vendeu Seis milhões de cópias. Depois de tanto sucesso, a vocalista Linda Perry deixou o grupo para uma carreira solo que não teve grande repercussão. Hoje ela compõe para cantoras famosas do mundo pop como Cristina Aguilera e Pink. Ficou então somente a lembrança do clipe e da música de “What´s up”.



Spin Doctors


O Spin Doctors chegou ao sucesso com a música “Two princess” em 1993. A música foi um sucesso mundial e o clipe passou na MTV à exaustão, levando a banda a fazer uma excursão com o Rolling Stones. Infelizmente o grupo nunca mais conseguiu chegar perto ao êxito desta canção. Por incrível que pareça a banda existe até hoje e irá lançar novo disco ainda este ano. Fica a lembrança desta bela canção e seu criativo riff de guitarra que conquistou muita gente mundo afora.




Blind Melon


O vocalista Shannon Hoon era grande amigo de Axl Rose e até apareceu no clipe de “Don´t cry” fazendo backing vocal. Talvez esta amizade tenha facilitado a vida da banda que logo conseguiu um grande contrato com uma gravadora e estourou com a música “No rain”. O clipe da abelhinha virou um clássico dos anos 90 e passava direto na MTV. Infelizmente o vocalista Shannon Hoon morreu de overdose em 1995, um pouco depois do lançamento do segundo trabalho do grupo e a banda não teve tempo de consolidar sua carreira. A banda até voltou com outro vocalista, mas não obteve muito êxito.





Counting Crows


Em 1994 esta banda chegou ao auge com a música “Mr. Jones”. A música alavancou as vendas do álbum de estreia da banda August And Everything After. O Counting Crows até chegou perto de ter um segundo hit, com a música “Accidentally in love” trilha sonora do filme Shrek, porém a banda é sempre associada ao seu mega hit. O grupo existe até hoje e lança discos com frequência e conseguiu manter um público fiel, mesmo sem o sucesso de seu início.




The Nixons


Com o sucesso das bandas de Seattle em meados dos anos 90, geraram um verdadeiro celeiro de cópias de bandas como Pearl Jam e Nirvana. Talvez a banda que mais tenha chegado perto do quesito banda cover não oficial do Pearl Jam foi a banda The Nixons. Seu maior e único sucesso “Sister” era uma cópia descarada do som feito pela banda de Eddie Vedder, sendo que o vocalista nem tentava disfarçar, tentando imitar Vedder na cara dura. Claro que o Nixons não durou muito, tendo encerrado suas atividades no início dos anos 2000.





13 de fevereiro de 2014

Grandes discos de 1994: Dookie

Em fevereiro de 1994, a banda punk californiana Green Day lançava seu terceiro álbum de estúdio, o primeiro por uma grande gravadora. O sucesso no underground de seu disco anterior, Kerplunk, fez com que diversas gravadoras se interessassem pelo punk rock rápido e energético do trio. O grupo acabou fechando com a Reprise Records e trabalhando com o produtor Rob Cavallo.


O processo de gravação do disco foi bem simples. O vocalista Billie Joe Armstrong disse que a banda não queria ficar empacada no estúdio, perdendo muito tempo. A banda estava focada e os arranjos já estavam elaborados, então a banda basicamente só chegou e tocou seus instrumentos com toda a energia possível. Isto refletiu na sonoridade do álbum, músicas com instrumental simples, sem solos de guitarras, mas muito bem tocados e com o punch necessário para um disco de punk rock.

O sucesso não demorou muito para chegar. Logo no primeiro videoclipe, “Longview” a banda estourou e passou direto na MTV. Quem era adolescente na época (como eu), na casa dos seus 13, 14 anos, se identificou com a letra da música, que fala do tédio da adolescência como no trecho: “Quando a masturbação perde a graça você está ferrado” e a obrigação de ter uma ocupação: “Minha mãe diz para eu arranjar um emprego, mas ela não gosta do dela”. Destaque para a bela linha de baixo de Mike Dirnt e as explosões do refrão da música.



O Green Day foi acusado de trair o movimento punk e logo foi tachada de banda “pop punk”. O grupo com sua irreverência habitual não deu bola para as criticas e continuou fazendo seu som e divulgando o álbum que não parava se subir nas paradas de sucesso. O bom humor do grupo fez com que a banda batizasse o disco de Dookie, uma gíria para cocô, excremento.

A capa do disco também é sensacional, uma espécie de Onde Está Wally, mas sem personagem principal. Entre os personagens desenhados, podemos encontrar Angus Young do AC/DC e a mulher misteriosa da capa do primeiro disco do Black Sabbath.


O sucesso do disco chegou ao status de fenômeno com o lançamento do clipe de “Basketcase”. O vídeo foi inspirado no filme Um Estranho No Ninho, filme que se passa em um sanatório, com Jack Nicholson. Até a clássica cena em que o Índio arranca o bebedouro e joga na janela foi copiado no clipe. O vídeo também passou direto na MTV catapultando a banda para o estrelato.



“Welcome to Paradise” foi outra música que tocou bastante na rádio e fez muito sucesso. Na letra da música, uma das mais belas do disco, Armstrong fala na vontade de voltar para a casa da mãe e saudade que sente na estrada. “She” e “When I come around” também fizeram grande sucesso, sendo que a segunda foi feita em homenagem a namorada na época e futura esposa de Armstrong.




A participação da banda no festival Woodstock em 1994 aumentou ainda mais a popularidade do Green Day. O festival foi marcado pela lama e os caras da banda que adoravam uma zoeira, não demoraram a entrar no clima e participar da guerra de lama feita pelos expectadores do show.



Dookie vendeu mais de vinte milhões de cópias ao redor do mundo e é um dos maiores discos da década de 90. Graças as grandes composições de Billie Joe, o competente baixo de Mike Dirnt e o excelente baterista Tré Cool (que canta na faixa escondida “All by myself) o álbum teve um merecido sucesso. Hoje o Green Day é uma banda que toca em grandes estádios e faz discos conceituais, mas com certeza foi esta fase de irresponsabilidade juvenil que mais marcou sua carreira.





10 de fevereiro de 2014

Discos essenciais para entender o Britpop (Parte 4)

Pulp – Different Class (1995)


O Pulp pode não ter vendido tantos discos quanto Blur e Oasis, mas deixou sua marca no Britpop com este álbum. Enquanto o Blur soava como um Stone Roses mais diversificado e o Oasis tentava soar como os Beatles, o Pulp procurava se distanciar destas bandas com um rock “classudo” e elegante, com um toque dançante e envolvente.

O disco ganhou o prêmio Mercury Music em 1996 como melhor álbum de 1995 na Inglaterra. O vocalista Jarvis Cocker afirmou que a banda não queria causar problemas e sim ter o direito de ser diferente das outras.

Different Class gerou singles de muito sucesso como “Disco 2000” e “Common People”. O disco que tinha letras que falavam um pouco das diversas classes sociais existentes na Inglaterra daquele período e é considerado um dos mais essenciais do Britpop e o vocalista Jarvis Cocker um dos caras mais inventivos desta fase do rock inglês.





Supergrass – I Should Coco (1995)


O ano de 1995 realmente foi muito bom para o Britpop. Esses três garotos de Oxford surgiram para o grande público com seu disco de estreia, que tinha uma sonoridade muito influenciada por bandas como Buzzcocks e The Jam, com um rock energético e com letras juvenis que falavam em ser pego pela polícia por causa de maconha como na música “Caught by the fuzz” ou que falavam ironicamente sobre a rotina adolescente em “Alright”.

O sucesso foi tão grande que até um produtor famoso americano fez uma proposta para a banda ter seu próprio programa de TV, para ser uma espécie de novos The Monkees, mas o grupo recusou a oferta, pois o lance deles era mesmo a música. Outro fato que ajudou a catapultar a banda para o mainstream foi o divertido clipe de “Alright” que fez muito sucesso e passou exaustivamente na MTV na época.

A banda em seus álbuns posteriores amadureceu e fez um rock mais sério e mais diversificado, mas foi com I Should Coco que a banda marcou sua passagem dentro do Britpop, com sua urgência e irreverência, que só uma banda com integrantes muito jovens poderia ter. 







7 de fevereiro de 2014

George Harrison - Meu Beatle favorito

George Harrison sempre foi considerado o Beatle quieto. Enquanto Lennon era o rebelde e McCartney era o perfeccionista, Harrison era o contraponto, o lado místico e espiritual do Fab Four. Guitarrista de extremo talento e sensibilidade foi conquistando seu espaço aos poucos, “comendo pelas beiradas”, em meio à parceria que dominava quase cem por cento das composições de Lennon e McCartney.


A primeira contribuição de Harrison como compositor em um disco de estúdio dos Beatles foi a música "Don't Bother Me” do álbum With The Beatles de 1963. Foi no álbum Revolver de 1966, que George finalmente se destacou como compositor e se sobressaiu nas três músicas que compôs: “Taxman”, “Love you to” e “I want to tell you”.

Em 1965 Harrison começou a se interessar pela cultura Hindu e foi com sua mulher na época, Patty Boyd para a Índia. Lá começou a se interessar pela música indiana e aprendeu a tocar instrumentos típicos como tabla e cítara, com grande influência do músico Ravi Shankar. Não demorou muito para Harrison introduzir estes novos elementos na música dos Beatles. 




Na música “Norwegian wood” do disco Rubber Soul, foi utilizada a cítara como novo elemento ao som da banda. O uso deste instrumento se repetiu em “Love you to” e “Within you without you” do disco Sgt Pepper´s Lonely Heart Club Band. Harrison com seu talento e inventividade sempre trazia algo que enriquecia o som dos Beatles, sempre com algum solo ou estilo inovador.

Outra grande contribuição de George foi no disco Magical Mystery Tour de 1967 com a música “Blue jay way”, uma canção muito psicodélica, feita no auge das experiências lisérgicas dos Beatles. Harrison dá o tom perfeito a esta música, criando um clima etéreo e misterioso que Lennon e McCartney não conseguiriam fazer com a mesma maestria.

No álbum branco de 1968, Harrison compõe aquela que talvez seja a minha música favorita dele: “While my guitar gently weeps”. Uma canção fantástica que mostra todo o dom de George em fazer grandes músicas e ainda contou com os solos do grande amigo Eric Clapton.




Ainda faltava um grande hit de Harrison dentro da carreira dos quatro garotos de Liverpool. “Something” do disco Abbey Road de 1969, foi um sucesso estrondoso, eleita uma das melhores músicas de amor de todos os tempos e uma das canções mais regravadas da história. “Here comes the sun” do mesmo álbum também foi um grande sucesso e consolidou de vez Harrison como grande compositor e finalmente delimitou a importância de George na carreira dos Beatles.



Após o traumático fim dos Beatles, construiu uma bela carreira solo, que teve início com dois álbuns experimentais, Wonderwall Music de 1968 e Eletronic Sound de 1970. All Things Must Pass de 1970 foi a redenção de Harrison, um disco triplo, repleto de grandes canções e que tem a melhor música religiosa de todos os tempos: “My sweet Lord”. Uma canção ecumênica que prega a esperança e a fé. Harrison teve alguns problemas com esta canção apesar de seu grande sucesso, leia a história aqui.

Em 1971, Harrison organizou o primeiro concerto beneficente da história do rock, o The Concert for Bangladesh em prol dos refugiados de Bangladesh. Além de George, o show teve a participação de Eric Clapton, Ravi Shankar, Bob Dylan entre outros. O único dos outros Beatles que participou do concerto foi Ringo Starr. McCartney não foi, pois achava que era muito cedo para se reunir novamente com os outros Beatles e Lennon não quis participar, pois sua baranga quer dizer, mulher, Yoko Ono não foi convidada por Harrison.

George ainda lançou mais de dez discos solos, foi produtor musical e de cinema e ainda era muito fã de Fórmula 1. Harrison acabou ficando com câncer terminal e foi embora em paz em 29 de novembro de 2001. Terminava ali a presença física do eterno Beatle, mas sua música e sua alma estarão sempre presentes. 




5 de fevereiro de 2014

Trilhas sonoras que marcaram época

A trilha sonora de um filme em alguns casos pode ficar até mais famosa do que o próprio filme. Uma boa escolha de repertório pode ajudar na divulgação, fazendo que quando nos lembramos de uma música em especial nos lembramos do filme e vice-versa.  Vamos relembrar algumas trilhas sonoras que marcaram época e a vida de muitas pessoas ao redor do mundo.

Trainspotting (1996)


Este filme conta a história de um grupo de jovens que cansados de sua rotina, acabam se entregando ao vício em heroína com resultados devastadores. Um clássico que tem uma trilha sonora fantástica, que fez tanto sucesso que teve até uma segunda versão. Com músicas de Blur, Lou Reed, New Order entre outros, fez a cabeça de muitos jovens na década de 90.







Pulp Fiction (1994)


Inspirado nas histórias das revistas Pulp, que tinham como característica a violência e a riqueza nos diálogos, este filme foi um sucesso estrondoso e salvou a carreira de John Travolta, que até foi indicado ao Oscar. Para a trilha sonora, o diretor Quentin Tarantino fez um grande seleção de músicas, que iam da surf music ao soul, outro fator que ajudou na divulgação e posterior sucesso deste filme.





Godzilla (1998)


Este filme de 1998 é um remake do filme de 1954, sobre uma explosão nuclear na Polinésia Francesa que cria um monstro gigante que começa a atacar Nova Iorque. Se esta refilmagem não é grande coisa, a trilha sonora é ótima e conta com a nata do rock e do pop dos anos 90 como Foo Fighters, Jamiroquai, Walflowers e Rage Against the Machine.





Singles (1992)


Este filme conta a história de um casal de jovens e tem como pano de fundo o movimento grunge dos anos 90. Se o filme não tem nada de mais, a trilha sonora é fantástica e tem a participação da última grande geração do rock. Ali estavam os principais nomes do movimento grunge de Seattle (com exceção do Nirvana) como Pearl Jam, Soundgarden e Screaming Trees.







3 de fevereiro de 2014

As faces de David Bowie

David Bowie sempre foi um artista genial. Pegava uma tendência, se aproveitava dela até as últimas circunstâncias e quando via que aquilo já tinha se tornado entediante para ele, procurava um novo rumo, novas sonoridades e tendências que desafiassem ele a fazer grandes músicas.

Bowie era mais do que um cantor, era um ator que queria unir a parte teatral e interpretativa da arte com a música. Para isto criou personagens em que ele mergulhava tão fundo, que acabava se confundindo com seu próprio ego e na maioria das vezes tinha que matar estes personagens, para que pudesse ficar livre e se desprender daquela situação que não o interessava mais. 


Segundo o jornalista André Barcinski, antes de ser músico, Bowie foi publicitário e sabia muito bem o caráter temporário da imagem no mundo do pop. O conceito de ídolos reais da década de 60 de artistas como Beatles e Jimi Hendrix foi aniquilado por Bowie, que trocou ídolos de carne e osso por personagens.

Em 1972, Bowie já tinha gravado quatro grandes discos, porém ainda não tinha alcançado grande sucesso como artista pop. Neste mesmo ano Bowie lança um disco que seria um marco em sua carreira e na história do rock: The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, disco que contava a trajetória de Ziggy Stardust, personagem criado por Bowie que era um alienígena que caiu na terra e perdeu tudo, menos seu legado.

Bowie teve como grande influência em seu trabalho, o trabalho do Velvet Underground, mais precisamente as letras que falavam do submundo das drogas e das diferenças sexuais e de Iggy Pop. Artistas que não se encaixavam dentro dos padrões estéticos e musicais da música pop, mas que influenciaram várias gerações. Bowie era mais um cronista do que um cantor autobiográfico, seus personagens o deixavam livre para ser um observador.

Em 1972 Bowie também produziu e participou do álbum solo de Lou Reed, do Velvet Underground. O disco Transformer foi a base para o rock Glam feito nos anos 70 e Bowie a partir dali viu que caminho queria seguir naquele momento.

The Rise and Fall... foi um sucesso estrondoso que catapultou Bowie para o status de ícone da música pop. Os fãs copiavam o visual andrógeno do personagem Ziggy Stardust, pintavam o cabelo de vermelho e usavam roupas espalhafatosas para seguirem seu ídolo. Foi nesta fase que Bowie assumiu sua sexualidade, primeiramente se dizendo gay e logo após assumindo sua bissexualidade, algo que foi muito chocante para os padrões da época. 



Em 1973 depois de um ano de uma turnê regada a muito sexo e drogas, Bowie anuncia em um show no Hammersmith Odeon que aquele seria o seu último show. Os fãs pareciam não acreditar e estavam inconsoláveis, mal sabiam eles que Bowie estava matando o personagem Stardust, pois já estava entediado com tudo aquilo e queria uma nova direção para sua música.



Ainda em 1973, o cantor lançou um novo disco e também personagem Aladdin Sane. Aladdin era uma espécie de evolução de Stardust, uma espécie de “Ziggy vai à America” segundo Bowie. O álbum Aladdin Sane ficou em primeiro lugar nos Estados Unidos e deu continuidade ao som Glam que Bowie já estava desenvolvendo no seu trabalho anterior. O personagem mais uma vez foi descartado, assim que Bowie percebeu que aquilo não fazia mais sentido.




Em 1974 lançou o disco Diamond Dogs, disco totalmente inspirado no livro 1984 de George Orwell. Neste trabalho, Bowie já começa a se afastar do Glam e flertar com outros estilos como o Soul e em 1976 cria seu último grande personagem: Thin White Duke. Este novo personagem era um viciado em cocaína, impecavelmente vestido com uma camisa branca, calças pretas e colete. O "Duke" era um homem vazio que cantava canções de amor com uma intensidade desesperada, enquanto nada sentia. Este personagem surge com o álbum Station to Station, que era um disco de transição antes da fase da trilogia de Berlim.







Bowie é um artista que inaugurou o uso do pop como cultura feita para as massas. Ele fazia uma música que era feita para chocar, se aproveitando do que estava a sua volta. Identificava tendências, algo que ele via que poderia funcionar e fazer sucesso e sugava até as últimas possibilidades. Quando aquilo não fazia mais sentido mudava totalmente de estilo e personagem. Não foi à toa que foi apelidado de Camaleão pela mídia musical. Um artista único que leva a arte até as últimas consequências.