30 de dezembro de 2013

O troca-troca entre o Ira! e o Titãs

Em 1984, a banda paulista Ira (ainda sem a exclamação) estava quase acabando. O baterista Charles Gavin deixava a banda, assim como o baixista Dino, que estava cansado do perrengue que passava vivendo da música, decidindo arranjar um emprego de verdade.


Os integrantes remanescentes Nasi e Edgard Scandurra decidiram então deixar seus outros projetos para se dedicar única e exclusivamente ao Ira, antes que tudo degringolasse de vez. Nasi deixou a banda Os Voluntários da Pátria e trouxe para o Ira o baixista do Voluntários, o Gaspa. Edgard deixou o Ultraje a Rigor, O Smack, as Mercenárias e mais outras cem bandas em que ele tocava, para se dedicar somente ao Ira. 

Charles Gavin deixou o Ira porque queria fazer um som mais variado, pois gostava de MPB, Reggae entre outros estilos além do Rock e o Ira estava fazendo um som mais puxado para o Mod e o Pós punk. Após sua saída do Ira, passou três meses tocando na banda RPM, porém ainda não estava satisfeito e acabou saindo do grupo.







No final de 1984, o Titãs já pensava em gravar seu segundo disco com outro baterista. André Jung não agradava seus companheiros de banda e foi convidado a se retirar no réveillon de 1985. André disse que nunca tinha se sentido parte da banda. Branco Mello disse que nos Titãs havia duas panelas, uma com André Jung e outra com os outros sete integrantes do Titãs.




A saída de Jung foi a deixa para que Charles Gavin fosse convidado para tocar na banda. Gavin ficou empolgado, pois sabia que o Titãs fazia um som bem variado indo da MPB ao Rock, com pitadas de Reggae e outros estilos, algo que ele estava a fim de tocar.

Desempregado, André Jung foi convidado por Nasi, que dividia um apartamento com ele a integrar o Ira. Não demorou muito para rolar uma identificação com o estilo da banda, André gostava bastante daquele som mais puxado para o The Who que o Ira estava se propondo a fazer.

Charles Gavin gravou todos os discos com os Titãs desde sua entrada até sair da banda em 2010. André Jung tocou com o Ira! (agora já com exclamação) até 2007, quando a banda se dissolveu devido a brigas internas. O destino fez com que cada baterista se encaixasse melhor na banda que fazia um som que mais se adequava ao seu estilo.














26 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 9)

Paul McCartney – New


Um dos maiores compositores da história da música, Paul McCartney não precisaria provar mais nada a ninguém, podendo se acomodar ou virar uma caricatura de si mesmo, como acontece com vários artistas com o passar do tempo. Em New, seu novo álbum de estúdio, Paul mostra um vigor de menino, aliando novas sonoridades e o clássico som de sua carreira, tanto com os Wings nos anos 70 quanto com os Beatles.

McCartney recrutou neste disco um belo time de produtores, como Mark Ronson (que ficou famoso ao produzir Amy Winehouse), Paul Epworh (que produziu Adele) e Giles Martin (filho do produtor dos Beatles George Martin). O resultado foi um disco com o tradicional selo de qualidade de McCartney, excelentes melodias, produção impecável e instrumental muito bem tocado.

A primeira música “Save us” é um rock com uma sonoridade moderna, com uma grande melodia e riff que fica na cabeça, algo que bandas como The Killers e Coldplay tentaram fazer em seus últimos discos, mas sem o mesmo resultado de McCartney. “Alligator” tem um belo arranjo de teclado e partes interessantes de guitarra.

“On my way to work” é uma balada que começa despretensiosa, mas que vai crescendo no decorrer da música, com certo peso e bons solos de guitarra. “Queenie eye” é uma composição característica de McCartney com um tom alegre e coros. “Early days” é uma música nostálgica, com violões, que fala dos tempos primórdios de sua juventude com John Lennon. A voz de Paul sem efeitos nesta música deu um toque de beleza e naturalidade que fortaleceram a canção.

“New” poderia muito bem ser um outtake de Magical Mystery Tour ou de Sargent Pepper´s, com suas belas vocalizações. “Appreciate” tem uma batida mais suingada e envolvente e belos solos de guitarra no final. “Everybody out there” é uma daquelas músicas cheia de coros para levantar estádios, como só McCartney pode fazer. “Hosanna” tem um tom mais sério, com belos dedilhados de violão.

“I can bet” tem uma sonoridade que lembra muito o que Paul fez com a banda Wings nos anos 70, enquanto “Road” tem um pouco de música eletrônica que também remete aos anos 70, de bandas como Kraftwerk. O álbum ainda conta com as músicas bônus “Turned out” e a balada folk meio Led Zeppelin de “Get out of there” que tem a música escondida “Scared” feita no piano para sua nova esposa.

Em New, Paul McCartney demonstra que está em ótima fase, aliando o moderno com o clássico, em um disco que diverte e pode ser ouvido de ponta a ponta sem maiores pretensões. Um artista genial que não se acomoda e que está bem longe de pensar em aposentadoria.








23 de dezembro de 2013

Canções natalinas

O Natal está chegando mais uma vez e chega aquela fase que é igual todo ano, comilança, presentes, falsidade em alguns casos e aquele espírito de alegria e paz. É claro que o rock, estilo contestador desde seu início não poderia deixar de falar sobre este período do ano, de uma forma crítica e perspicaz. Neste post vamos relembrar algumas canções de algumas bandas e artistas que falam sobre esta data, com a irreverência e criatividade que só um estilo como o rock pode ter. Um feliz Natal a todos.

John Lennon – “Happy Xmas (War is over)”


Lançada em dezembro de 1971 como single, esta belíssima canção é um protesto contra a guerra do Vietnã e tem participação do coral de crianças do bairro de Harlem. Um dos videoclipes mais tristes da história da música. 




Raimundos – “Infeliz Natal”


Música que faz parte do disco Cesta Básica de 1996, um presente de final de ano da banda para os fãs, que tinha covers, raridades e músicas inéditas. Esta música é da primeira banda do guitarrista Digão, Filhos de Mengele. Uma crítica às desigualdades sociais no Natal.




The Killers – “Don´t shoot me Santa”


O The Killers é uma daquelas bandas que fazem músicas comemorativas de Natal. Este single lançado em 2007 tem uma letra bem humorada que fala do medo do personagem Papai Noel, que só dá presentes para as criancinhas que se comportaram bem. Com certeza o vídeo mais engraçado da banda.




Garotos Podres – “Papai Noel velho batuta”


A banda de punk rock paulistana também fez sua “homenagem” ao Natal, criticando o consumismo desta época do ano, mostrando sua raiva contra o Papai Noel.





Ramones – “Merry Christmas (I don´t want to fight tonight)”


Esta música que faz parte do álbum Brain  Drain de 1989, conta a história de um casal que quer ficar sem brigar pelo menos no Natal, o que não acontece no videoclipe bem humorado desta clássica banda punk.











20 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 8)

Ney Matogrosso – Atento aos sinais


Ney Matogrosso após a conturbada saída dos Secos e Molhados iniciou uma carreira solo vencedora, desde seu clássico disco de estreia Água do Céu / Pássaro até os dias de hoje, sempre com um ótimo gosto para escolha de seu repertório, com autores com letras de nível poético acima de média e grandes arranjos.

Antes de lançar seu novo disco, Atento aos Sinais, Ney ficou um ano em turnê tocando as músicas deste álbum até que os arranjos amadurecessem e ganhassem corpo para que as canções chegassem ao nível de qualidade que é marca registrada em sua carreira.

Neste novo trabalho, Ney Matogrosso escolheu canções de artistas consagrados e novos artistas, que em sua maioria não são tão conhecidos pelo grande público. Esta escolha de repertório funcionou muito bem e mostra que temos bons novos compositores na música brasileira e não só as picaretagens que ouvimos nas rádios e na televisão na maior parte do tempo.

“Rua de passagem”, um rock com maracatu de autoria de Arnaldo Antunes e Lenine, tem uma letra que fala um pouco sobre direitos igualitários, com um belo arranjo de metais. “Incêndio” é de Pedro Luís e fala um pouco sobre a onda de protestos no Brasil, numa levada rock, mostrando que Ney está “antenado” com os fatos recentes no Brasil.

Em “Roendo as unhas”, moderniza o samba de Paulinho da Viola, com bons solos de guitarra de Maurício Negão e com a percussão de Marcos Suzano. A música ganha um clima mais tenso graças a grande interpretação de Ney. O cantor ainda resgata duas canções de Itamar Assumpção em “Noite torta” e no quase reggae “Isso não vai ficar assim”.

“Ilusão da casa” é a música mais emocionante do disco, com seu piano e um ótimo desempenho vocal de Ney, nesta canção do não tão conhecido compositor Vitor Ramil. “Oração” é do jovem compositor Dani Black e tem a frase que dá nome ao disco. Em “Freguês da meia noite” do rapper Criolo, Ney dá um tom mais dramático à música e faz uma versão superior à original.

O disco ainda tem grandes momentos reservados, com no suíngue e guitarras cheias de wah wah de “Pronomes”, o belíssimo arranjo de cordas em “Não consigo” e a divertida “Samba do Blackberry” da banda Tono. O disco termina com o rock “Todo mundo o tempo todo” de Dan Kagawa.

Ney Matogrosso faz um trabalho impecável neste disco, que não perde a energia em nenhum momento, com belos arranjos e letras acima da média dentro do cenário da música atual. Ney mostra (com o perdão do trocadilho) que está mais do que atento aos sinais da nova música brasileira. 















18 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 7)

Suede – Bloodsports


O Suede foi uma das bandas mais bem sucedidas da leva do rock britânico dos anos 90, que se encaixavam no cenário classificado pela mídia musical como Britpop. Depois do sucesso estrondoso do álbum de estreia e logo depois com a saída de seu guitarrista e compositor Bernard Butler, a banda conseguiu se manter com uma discografia respeitável, até o lançamento do disco A New Morning de 2003, que não agradou nem a crítica e nem ao público.

A banda acabou logo em seguida e este ano, dez anos depois, retornou com o lançamento do disco Bloodsports. O Suede sabia que não poderia mais errar e jogou para ganhar neste álbum. O grupo pegou o que tinha de melhor de seus melhores discos, Suede de 1993 e Coming Up de 1996 e condensou neste trabalho, sem fugir de seu som característico e sem arriscar muito em novas sonoridades. O disco foi produzido por Ed Buller, que trabalhou com a banda nos seus três primeiros álbuns. 

O vocal grandioso e cheio de ecos característico de Brett Anderson e as guitarras marcantes de Richard Oakes aparecem logo de cara na faixa de abertura, “Barriers”, dando aquela sensação de nostalgia e volta aos anos 90. “Starts and ends with you” é outra grande canção que segue a mesma cartilha, com seu grande refrão e sua excelente melodia.

“Hit me” é outra música poderosa, perfeita para levantar o público nos shows. A segunda metade do disco cai um pouco devido ao excesso de músicas mais lentas, mas mesmo assim o saldo final é bem positivo. Um disco que agrada em cheio os fãs da banda, mas que pode não atrair novos ouvintes, devido a sua falta de novidade, mas que traz de volta uma das maiores bandas do rock inglês da década de 90. E isto não é pouco. 











Atoms for Peace – Amok


O Atoms for Peace é nada mais nada menos do que o novo projeto de Thom Yorke do Radiohead. Esta nova empreitada do esquisitão é uma extensão do trabalho que vinha fazendo com o Radiohead e de seu trabalho solo lançado em 2009, chamado The Eraser.

Em Amok, Yorke continua fazendo um som estritamente eletrônico, com suas tradicionais esquisitices, porém neste trabalho consegue um resultado bem superior ao último disco do Radiohead, King of Limbs. Os arranjos aqui são mais bem resolvidos e o resultado final é um disco mais envolvente e com certa dose de suingue, graças à participação de Flea, do Red Hot Chilli Peppers.

A banda ainda tem em sua formação o produtor Nigel Godrich e do baterista Joey Waronker. Com muita influência da música eletrônica feita nos anos 70, em especial o Krautrock, Yorke se sai bem em Amok, mostrando que sua arte claustrofóbica ainda faz muito sentido. Veja a resenha completa do disco aqui.












16 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 6)

Artic Monkeys – AM


Em meados dos anos 2000, mais precisamente entre 2004 e 2005, diversas bandas surgiram no cenário do rock inglês dando a impressão que viriam para ficar, mas com o passar do tempo foram ficando pelo caminho devido a uma discografia irregular, como por exemplo, a banda Bloc Party. Com o Artic Monkeys foi diferente, a banda a cada disco foi ganhando mais respeito e adquirindo uma base respeitável de fãs.

Depois do bem sucedido Suck and See de 2011, que consolidou de vez a banda no cenário do rock inglês, a banda retornou este ano com um disco cheio de refrões ganchudos, belas melodias vocais e guitarras que ficam na cabeça. AM é um disco mais despojado do que os anteriores, porém não menos trabalhado.

O disco começa com uma das músicas mais pegajosas do ano. “Do I wanna know” fica na cabeça, graças a sua bela vocalização e seu riff de guitarra envolvente. “R U mine” segue no mesmo estilo, tendo sido lançada como single no ano passado, com seu refrão assoviável e sua batida contagiante.

“One for the road” tem a participação do vocalista do Queens of the Stone Age, Josh Homme. A música tem muita influência da banda de Homme, mas não chega a ser uma imitação barata como alguns chegaram a dizer. “Arabela” pega emprestado do som do Queens e também um pouco de “War pigs” do Black Sabbath, em um dos momentos mais pesados do disco.

O disco também tem baladas muito inspiradas pelo som feito no auge do Britpop como em “Mad sounds” e "No.1 Party anthem". "Why'd you only call me when you're high?”, é outro hit do disco com as mesmas qualidades das duas primeiras músicas do álbum, refrão contagiante, guitarras interessantes e etc.

Os vocais femininos em “Knee socks” dão uma sutileza que engradece a música, enquanto a lenta “I Wanna Be Yours” é uma bela música com ótimas harmonias vocais. AM não vai mudar a história do rock, nem entrar em listas dos melhores discos de todos os tempos, mas cumpre muito bem seu papel de divertir o ouvinte como um belo disco de rock deve fazer. 












13 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 5)

Nine Inch Nails – Hesitation Marks


Trent Reznor, líder, vocalista e faz tudo do Nine Inch Nails, é um daqueles gênios musicais, que constroem com sua música um universo próprio, em que é preciso o ouvinte estar no clima para entender e captar melhor a sonoridade dos discos da banda.

Depois do êxito comercial do disco The Downward Spiral de 1994, Reznor começou a complicar ainda mais o som da banda, construindo uma discografia complexa, cheia de nuances e conceitos, como por exemplo, nos discos The Fragile de 1999 e Ghosts I-IV de 2008, disco no qual as músicas não tem nome, apenas o número da faixa.

Em seu novo disco, Reznor decidiu descomplicar um pouco (somente um pouco) a sonoridade do Nine Inch Nails. Hesitation Marks tem um lado eletrônico mais acentuado, com as guitarras sendo usados na maioria das músicas apenas para dar um clima mais denso, ao contrário das paredes de guitarras barulhentas e distorcidas de seus primeiros trabalhos. 

Músicas como “Copy A” (que tem uma letra que critica um pouco a falta de criatividade musical da atualidade) e “Come back haunted”, são músicas que são aulas de como os efeitos eletrônicos quando bem utilizados podem transformar uma música em algo forte e envolvente. Os arranjos são extremamente empolgantes, dando até um aspecto dançante às canções em um álbum que não perde o pique em quase nenhum momento.

A reflexiva “Find my way" dá uma quebrada no ritmo na primeira parte do disco, mas é uma pausa necessária, que se encaixa bem no álbum. Muitos reclamaram da música “Everything”, por ser mais alegre e aparentemente desleixada, mas é nada mais nada menos do que uma homenagem ao rock dos anos 80, de bandas como The Cure. Na minha opinião a música não compromete e não estraga o clima tenso e dark do disco.

“Satellite” tem uma batida meio Hip Hop no começo e também tem ares de música pop, mas no decorrer da música Reznor impõe seu estilo e deixa claro que é uma música acima da média no cenário da música atual. “Various methods of escape" é outra música fantástica, na primeira vez no disco em que ouvimos uma bateria orgânica, sem ser eletrônica.

"Running" lembra bastante o trabalho de Thom Yorke nos últimos trabalhos do Radiohead e seu trabalho paralelo, o Atoms for Peace, mas claro, com marca registrada de Reznor, sem nenhuma sombra de cópia ou plágio. Uma música com um clima tenso e desesperador, graças ao arranjo que mesmo repetitivo, não se torna irritante.

Com a ajuda do mega produtor Alan Moulder (que já trabalhou com Depeche Mode e Smashing Pumpkins entre outros), Trent Reznor finalmente pôs novamente o Nine Inch Nails nos eixos, fazendo um de seus melhores trabalhos, mesmo se aproximando um pouco mais do pop do que o rock industrial que consagrou a banda no início de carreira. O melhor disco do Nine Inch Nails desde Downward Spiral. 













11 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 4)

Queens of the Stone Age – Like Clockwork


A banda liderada por Josh Homme vem lançando trabalhos interessantes desde seu primeiro disco de 1998, construindo uma sólida carreira fonográfica, com seu Stoner Rock competente e a cada álbum lançado fazendo novas experimentações e sempre com participações especiais.

Like Clockwork é o primeiro disco da banda depois de Era Vulgaris de 2007. Neste intervalo, Josh Homme produziu o Artic Monkeys e montou um projeto paralelo chamado The Crooked Vultures, com Dave Grohl e o baixista do Led Zeppelin, John Paul Jones. Neste intervalo também passou por um momento quase trágico, quando passou por uma operação no joelho e quase morreu na mesa de operação. Este fato influenciou o clima tenso e sombrio do novo álbum.

Começando pelo clima fantasmagórico de “Keep your eyes pelled”, com seu riff sinistro, já demonstra o clima denso do disco, que aos poucos vai envolvendo o ouvinte. A contagiante “I sat by the ocean” tem um belo slide guitar, um levada despretensiosa, mas que vai pegando o ouvinte, em um dos momentos mais leves do disco. Na sensual “If had a trial” a banda conta com a participação do ex baixista da banda, Nick Olivieri e com o vocalista do Artic Monkeys, Alex Turner. Outra excelente música, com seu apelo pop e ótimos arranjos de guitarra.

As participações não param por aí. Dave Grohl tocou bateria em cinco músicas, Elton John tocou piano em “Fairweather friends” (Ele até falou que com ele a banda finalmente tinha uma rainha), Trent Reznor do Nine Inch Nails participou em “Kalopsia” e o vocalista do Scissor Sisters, Jake Shears, cantou na suingada “Smooth sailing”.

O Queens of the Stone age vem neste disco, mais conciso, com uma sonoridade mais trabalhada do que o barulhento Era Vulgaris. A banda desacelera um pouco e faz um trabalho com mais nuances, mas sem tantas experimentações como no disco Lullabies to Paralyse. É o sinal do amadurecimento de uma das melhores bandas da atualidade. 









Placebo – Loud Like Love


O Placebo é outra banda que tem uma carreira respeitável. Depois do estouro do disco Without I´m Nothing, de 1998, a banda vem lançando discos com uma coerência musical, sempre com canções interessantes e que não comprometem sua trajetória.

Este ano a banda lançou Loud Like Love, que começa pela música título, uma grande canção de amor com aquela sonoridade característica do Placebo, com grande desempenho do vocalista Brian Molko.

O disco tem momentos mais pesados com em “Rob the bank” e belos momentos como em “Too many friends” e “A million little pieces”.  A temática principal do disco é o amor e Brian Molko consegue fazer grandes canções sobre o tema, sem ser piegas. Um álbum que dá fôlego ao Placebo, que tem bastante estrada ainda para seguir com sua música. Veja a resenha completa do disco aqui.












9 de dezembro de 2013

Discoteca Básica: The Head on the Door

Em 1985 a banda The Cure já tinha cinco álbuns lançados e uma base concreta de fãs ao redor do mundo. Depois do denso Pornography (1982) e do obsessivo The Top (1984) era hora de relaxar um pouco e buscar novas sonoridades que acrescentassem ao som dark característico da banda.


Em 1985 a banda lançava seu sexto álbum, intitulado The Head on The Door. O disco marcava a volta dos integrantes Simmon Gallup e Porl Thompson. A produção ficou a cargo do vocalista e guitarrista da banda Robert Smith e do produtor David M. Allen, que já tinha produzido grupos como Sisters of Mercy, Depeche Mode, The Mission e Human League.

Robert Smith declarou que este álbum seria o mais variado até então, como uma espécie de coletânea de singles. O vocalista estava certo, o disco teve diversos hits e catapultou a banda definitivamente para o sucesso mundial, sendo o mais vendido do The Cure até então.

Começando pelo mega hit “Inbetween days”, uma falsa música alegre, tem uma base simples de violões que dialoga com um belo riff feito no teclado, enquanto Smith fala na letra sobre a tristeza de perder alguém. “Kioto song” tem um clima claustrofóbico com uma letra densa que começa desta forma: “Um pesadelo com você / De uma morte na piscina / Me acorda as vinte para três / Eu estou deitado no chão da noite passada / Com um estranho deitado perto de mim”.

“The blood” é uma das melhores músicas da carreira do The Cure, a banda mistura seu tradicional som gótico com guitarras flamencas e castanholas. Com um belíssimo solo, a música tem um clima tenso e especialmente belo, uma canção que somente uma banda como o Cure poderia fazer. 




"Six different ways" tem um arranjo rico com cordas e orquestra, mostrando o quanto o The Cure havia evoluído em termos de arranjos para este disco. “Push” com sua introdução empolgante é uma das melhores do disco para tocar nos shows.

“Close to me” também se tornou um grande hit, além de ser uma grande canção ganhou um videoclipe que se tornou um clássico dos anos 80, em que a banda aparece tocando dentro de uma caixa de madeira, reforçando o clima de solidão e confinamento da música.

"A night like this"  também se tornou um grande sucesso, com sua linda letra: “Diga adeus numa noite como esta / Nem que seja a última coisa que façamos na vida”. A música ainda conta com um belíssimo solo de sax.




O baixo distorcido de “Screw” e a beleza de “Sinking” destacam-se nas duas últimas canções de The Head on The Door, na minha opinião, o melhor disco do The Cure. Um álbum variado, mas que mesmo com esta mistura de ritmos consegue uma unidade que o tornou um clássico, influenciando diversos jovens mundo afora.



6 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 3)

Vespas Mandarinas – Animal Nacional


Em meio ao marasmo musical da cena rock ao redor do mundo e principalmente no Brasil, surge algo interessante em meio a tanta mesmice. A banda Vespas Mandarinas tem como alguns de seus integrantes, veteranos da cena underground paulista. O vocalista e guitarrista Chuck Hipolitho foi integrante da banda Forgotten Boys e o outro vocalista e guitarrista, Tadeu Meneghini foi integrante da banda Banzé.

Em seu disco de estreia, depois de dois EPs lançados (Da Doo Ron Ron de 2010 e Sasha Grey 2011) a banda aparece com um rock honesto e com muita influência da melhor fase do rock brasileiro, os anos 80, com referências ao som de bandas como Ira! e Titãs. Com refrões ganchudos, guitarras afiadas e belas melodias pop, a banda chega com um belo trabalho.

O hit “Cobra de Vidro” abre o disco e foge da fórmula usada pelas bandas que fazem sucesso no rock brasileiro atual como CPM 22 e NX Zero, que costumam exagerar no açúcar nas letras e primam pela desafinação vocal. A música tem um peso na dose certa, partes de guitarra que ficam na cabeça e uma letra que foge do romantismo piegas. 

O grupo ainda firmou neste álbum parcerias certeiras com grandes nomes do rock brasileiro dos anos 80, como Arnaldo Antunes (Na música “A prova”) e Bernardo Vilhena, grande parceiro de Lobão e Ritchie (Em “Santa sampa”). É esperar para ver se outras bandas com este nível surgem no rock nacional, bandas com uma música mais inteligente e com uma pegada rock verdadeira. Vale a pena conferir o som das Vespas Mandarinas.






Rodrigo Amarante – Cavalo


Depois do hiato sem fim de sua banda original, o Los Hermanos, e de projetos paralelos como o Little Joy, junto com o baterista dos Strokes, Fabrizio Moretti, chegou a hora de Amarante lançar seu primeiro disco solo, Cavalo.

Este primeiro álbum é uma ode à solidão e o autoconhecimento. Morando em Los Angeles, Amarante é apenas um estrangeiro em meio à multidão, e usa desta condição para fazer um disco reflexivo e melancólico. O trabalho é marcado pela ausência, seja de sons ou de sua imagem, já que ele não aparece nem na capa do disco.

Há momentos um pouco mais animados, como em “Hourglass” e em “Maná”, mas no geral o disco é marcado por músicas tristes, mas que não são nem um pouco enfadonhas. Amarante em sua estreia conseguiu equilibrar o sentimento de vazio e uma sonoridade contida e ao mesmo tempo bela. Em comparação ao trabalho solo de seu companheiro de Los Hermanos, Marcelo Camelo, surge mais inspirado e com músicas mais interessantes. Veja a resenha completa do disco aqui.










4 de dezembro de 2013

Os melhores discos de 2013 (Parte 2)

Black Sabbath – 13


Depois de trinta e cinco anos, Ozzy Osbourne voltou a gravar um disco de estúdio com o Black Sabbath, o último álbum que ele tinha gravado com os antigos companheiros tinha sido Never Say Die de 1978. Os outros vocalistas que a banda teve que me desculpem, mas o Sabbath marcou época mesmo com Ozzy nos vocais e nada mais justo gravarem um disco que pode ser de despedida da banda, com o arrancador de cabeça de morcegos nos vocais.

Da formação original, só o baterista Bill Ward não participou da gravação do disco, por discordâncias financeiras e também por não estar em plenas condições para tocar seu instrumento com a força que o som do Sabbath pede. Para seu lugar foi recrutado o baterista do Rage Against the Machine, Brad Wilk, que cumpriu muito bem seu papel na gravação.

Para a produção foi chamado o mega produtor Rick Rubin, que soube captar muito bem a sonoridade da banda. Alguns reclamaram do alto volume dos vocais de Ozzy no disco, mas isto não prejudicou a qualidade do álbum, sendo que todos sabem que Osbourne no auge de seus 64 anos não tem aqueles agudos de antigamente, mesmo assim teve um bom desempenho vocal neste disco. 

O destaque mesmo, como não poderia ser diferente é o guitarrista e mestre dos riffs, Tony Iommi. Com riffs monstruosos como em “Age of Reason” e na blueseira “Damaged soul” ele mostra porque é um dos maiores guitarristas da história do rock. O baixista Geezer Butler também não deixa por menos e seu baixo continua se impondo e demarcando seu território dentro das músicas mesmo com a guitarra de Iommi no talo. Butler também é responsável pelas letras das músicas, que em geral são reflexões sobre o estado atual do mundo, questionando a perda da fé (como em “God is dead”) e o existencialismo (como em “Live Forever”).

A banda ainda brinca e faz um espécie de auto plágio em “Loner” que tem o riff idêntico a música “N.I.B.” do primeiro disco do Sabbath. As referências ao primeiro disco não param por aí, no final da última faixa do disco, “Dear Father” podem ser ouvidos os mesmos sinos e trovoadas da primeira faixa do disco de estreia da banda, dando uma espécie de aviso que este deve ser o encerramento de uma brilhante carreira fonográfica. Um belo final para uma das bandas mais importantes e influentes do rock de todos os tempos.










 Pearl Jam – Lightning Bolt


Depois do regular Backspacer de 2009, o Pearl Jam lançou este ano seu décimo álbum de estúdio, Lightning Bolt. Este disco é o melhor trabalho da banda desde Yield de 1998. O grupo volta com rocks vigorosos como “Mind your manners” e a faixa título, mostrando que ainda está em forma, mesmo depois de mais de 20 anos de estrada.

Destaque também para as baladas de arena, como “Sirens” e “Yellow Moon”, com grandes performances do guitarrista Mike McCready. Eddie Vedder continua cantando com aquela paixão característica e a banda continua a fazer seu som tradicional, só que desta vez com arranjos mais bem revolvidos e uma produção mais cuidadosa.

O Pearl Jam com este disco prova que ainda tem lenha para queimar e dar continuidade a sua respeitável discografia, que mesmo com altos e baixos, manteve uma coerência e fiel ao rock tradicional, sem se render totalmente ao rock pop radiofônico que muitas bandas que duram muito tempo são obrigadas a se render. Veja a resenha completa deste disco aqui: http://orockaindanaomorreu.blogspot.com.br/2013/10/pearl-jam-volta-mais-inspirado-em-novo.html