22 de setembro de 2015

Nasi mistura ritmos africanos ao rock em seu novo disco solo

Egbe é o novo trabalho solo do eterno vocalista do Ira!, que mesmo após a volta de sua banda original não deixou de lado sua carreira solo e através de uma campanha de financiamento coletivo lança seu quarto disco (sem considerar os discos lançados como Nasi e Irmãos do Blues). Há algum tempo praticante do Candomblé, neste novo trabalho mostra sonoridades da música africana, misturadas com blues, country e o tradicional rock feito com o Ira! ao longo de mais de trinta anos de carreira.


O disco foi gravado ao vivo no Áudio Arena dentro do estádio do Morumbiba e lançado no formato de DVD também. O que causa uma estranheza inicial é o fato de seis das treze faixas deste disco serem do último trabalho de estúdio de Nasi, Perigoso, lançado em 2012. As canções que se repetem neste disco têm praticamente os mesmos arranjos e estruturas do disco anterior, apenas com uma leve evolução instrumental, e alguns improvisos, graças ao entrosamento da banda ao longo dos shows nos últimos anos.

Começando com o potente rock de “Dois animais na selva suja da rua”, música de Taiguara que ficou famosa também na voz de Erasmo Carlos, Nasi faz uma bela versão com sua baleada voz, que melhorou um pouco graças aos quilos perdidos pelo cantor nos últimos meses. Em “Ori” (que tem um riff de guitarra que lembra “Sex type thing” do Stone Temple Pilots), Nasi pede proteção contra todo o mal em forma de uma oração com o refrão em língua africana.

“Alma noturna” é uma das canções inéditas do disco, com um bom riff e uma pegada bem rock. “Feitiço na rua 23” tem um clima etéreo e belos arranjos de guitarra. “Amuleto” é um divertido country rock estilo Johnny Cash. “Perigoso” tem uma letra autobiográfica, enquanto “Não vejo mais nada de você” é uma balada acústica com uma letra saudosista, que relembra vários lugares da cidade de São Paulo.

“Monia” é outra canção inédita, tem um belo arranjo de órgão e gaita, porém com uma letra meio forçada. “Rubro Zorro”, canção do clássico disco do Ira! Psicoacústica de 1988, ganha um novo arranjo que funciona muito bem, em outra canção ao estilo country rock. “Problemas” é um blues característico que lembra o trabalho de Nasi feito com os Irmãos do Blues na década de noventa. “Se Deus quiser e o diabo deixar” tem bastante influência da música negra americana, com um belo arranjo de sax. “Sol e chuva” tem percussão com berimbau em um ritmo afro-brasileiro. Para encerrar o álbum mais música em ritmo africano em “Egbe onire”.

Neste novo disco, Nasi mostra um consistente trabalho musical, graças também a uma competente banda de apoio e uma ótima captação de som do Áudio Arena. Vamos aguardar agora o novo disco do Ira! que deve sair ano que vem, esperando que não tenha músicas do nível de “ABCD”, uma fraca canção nova que a banda paulistana toca em seus shows após seu retorno aos palcos em 2014. 


11 de setembro de 2015

Os cinquenta anos do disco Help! dos Beatles

Este mês comprei o disco Help! dos Beatles, faltando para mim agora apenas quatro álbuns para completar a discografia básica da banda. Coincidentemente este ano completaram-se cinquenta anos do lançamento deste grande disco do Fab Four. Lançado como trilha sonora do filme de mesmo nome, mostra a evolução da banda que culminaria com a mudança radical na sonoridade dos Beatles com o disco Revolver de 1966.
No auge da Beatlemania teve logo após seu lançamento o antológico show feito no She Stadium em Nova Iorque, sendo o primeiro show feito em um estádio, iniciando a era de grandes espetáculos musicais. Ainda em 1965, segundo reza a lenda, Lennon e Harrison usaram LSD pela primeira vez. O resultado disto todos já sabem: a fase mais psicodélica da carreira da banda.

Logo de cara temos uma das canções emblemáticas dos Beatles, “Help!” seria um desabafo de Lennon sobre o sucesso e o assédio descontrolado das fãs histéricas. Com um refrão fantástico, foi um grande marco dentro da história da música. “The night before” tem aquelas vocalizações que o Fab Four fazia com maestria, em uma canção pop e encantadora.


“You got to hide your love away” tem uma sonoridade influenciada por Bob Dylan, uma balada folk que tem uma letra que dá a entender se tratar de uma relação proibida (ou homossexual). Alguns boatos dizem que a letra fala sobre uma relação “divertida” entre Lennon e o empresário da banda na época, Brian Epstein. “I need you” é cantada por Harrison e tem um riff simples e eficiente, nesta canção composta para a namorada de Harrison na época, Patty Boyd.

“Ticket to ride” foi a introdução dos Beatles à psicodelia e tem uma letra enigmática que tem diversas interpretações. Alguns dizem que é sobre uma garota que deixou Lennon, outros dizem que a letra fala sobre um ticket especial dado a prostitutas em Hamburgo, na Alemanha. “Act naturally” é cantada por Ringo Starr e mostra a paixão do baterista pela música Country, nesta canção composta por Johnny Russel. 


“I´ve just seen a face” é uma divertida canção cantada por McCartney, música que também aparece na versão americana do álbum Rubber Soul. Em “Yesterday” temos a primeira vez que um integrante grava uma canção sem a presença dos outros. McCartney canta com violão acompanhado apenas por um quarteto de cordas. Um dos momentos mais memoráveis do rock é uma das melhores músicas dos Beatles, com uma linda letra, se tornando a canção mais regravada de todos os tempos.


O álbum termina com o potente rock de "Dizzy Miss Lizzy", do compositor Larry Williams, cantada com raiva pelo mais roqueiro e rebelde dos Beatles, John Lennon. Com arranjos simples e minimalistas aliados à bela produção de George Martin, Help!, o disco, se tornou um marco dentro da história do rock. Ali já se percebia que os Beatles não eram apenas quatro rapazes bonzinhos e afinados que faziam músicas para garotas apaixonadas. Os Beatles começavam a se tornar uma banda de rock cada vez mais consistente, gravando um disco clássico atrás do outro, com uma sonoridade que influenciaria a música para sempre.