27 de novembro de 2014

Paul McCartney ao vivo em São Paulo – Um show para lavar a alma

Eram quase dez horas da noite, quando o eterno Beatle entrou no palco da Arena Allianz Parque ontem, embaixo de uma chuva fina. No dia anterior (primeiro dia de show) uma chuva torrencial já tinha caído em São Paulo, algo cada vez mais raro na cidade. Era talvez sinal de que algo especial estaria para acontecer.


A primeira música não poderia ser mais adequada: “Magical mistery tour” do álbum de mesmo nome, lançado em 1967. Era o anúncio que todos ali iriam embarcar em uma viagem mágica. O som começou com alguns problemas, a voz de Paul estava bem baixa, coberta pelo som do público que cantava a música em uníssono.

McCartney exibia a mesma simpatia de sempre, com os textos decorados em português e o script do show anterior, mesmo assim mostrando seu carisma e boa forma apesar de sua avançada idade. Logo em seguida veio “Save us” música que abre seu último disco de estúdio, o ótimo New, lançando em 2013. 

O som foi melhorando aos poucos e logo após tocar “All my loving” dos Beatles e “Listen to what the man said” da época dos Wings, veio a emocionante “Let me roll it”, uma de suas melhores canções solos, do não menos clássico disco Band on The Run de 1973. Com seu riff de guitarra estranho e genial e seu fantástico refrão emocionou o público. “Paperback Writer” foi um momento em que o show pegou fogo em uma versão mais pesada e energética do que a original.

McCartney se dirige ao piano e todos percebem que vem por aí mais momentos intimistas e emocionantes. “My valentine” é dedicada a sua atual esposa e no telão aparece o clipe da música, com os atores Johnny Depp e Natalie Portman descrevendo a letra da música em linguagem de sinais.

Em "Nineteen hundred and Eighty-Five", música que encerra Band on The Run, Paul mostra que sabe balancear seu setlist, colocando esta música mais agitada e certeira no meio de duas baladas. Em “The long and winding road” do disco Let it Be, muitos marmanjos tiveram que se conter para não rolar aquela lágrima no canto do olho (eu inclusive). “Maybe I’m amazed”, outro clássico de sua carreira solo, foi cantada com vigor por Paul, mesmo com as dificuldades vocais impostas pela idade.

O refrão de “We Can Work It Out” levou o público ao delírio, enquanto o set acústico de “And I love her” e “Blackbird” emocionou até os mais durões. O legal era ver a mistura de gerações no show, como por exemplo, do meu lado a filha com a mãe, uma jovem senhora. A mãe pulava e agitava como uma adolescente, enquanto a filha se preocupava com a empolgação excessiva da mãe. Uma cena bonita, que mostra o quão mágico era aquele momento.

A chuva apertava e Paul emendou duas músicas de seu último disco, “New” e “Queenie eye”. A enérgica “All together now” do disco Yellow Submarine fez a galera (palavra que Paul pronunciou em um português macarrônico durante o show) dançar e se encantar com as loucas projeções do telão.

“Lovely rita” e “Being for the Benefit of Mr. Kite” foram as únicas músicas tocadas do disco Sgt. Pepper´s. “Something” foi dedicada ao seu grande amigo George e teve uma breve introdução tocada com um ukelele. “Eleanor rigby” do disco Revolver foi cantada em plenos pulmões, em uma das canções mais bonitas dos Beatles.

Em “Ob-La-Di, Ob-La-Da” virou festa geral, todos dançando e cantando esta música que de tão imbecil, acaba sendo fantástica. Aí meus caros, o setlist pegou fogo de vez e foi uma paulada atrás da outra: “Band on the run”, “Back in the USRR”, “Let it be” (esta, a que mais me emocionou particularmente), “Live and let die” (com direito a show pirotécnico, literalmente colocando fogo no palco) e lógico como não poderia faltar, “Hey Jude”, com todos cantando em uma só voz.

McCartney se despediu com o carisma de sempre antes do primeiro Bis que logo de cara abriu com um dos riffs mais famosos da história em “Day tripper”. “Get back” e “I saw her standing there” fecharam o primeiro bis, levando o público à loucura. No segundo Bis, Paul ainda tinha cartas escondidas na manga e mandou “Yesterday”, “Helter skelter”, para quebrar tudo, no primeiro rock pesado feito na história e para encerrar com chave de ouro, a clássica sequência do final do antológico disco Abbey Road, “Golden slumbers”, “Carry that weight” e “The end”. Um final apoteótico para um show inesquecível.

O público saiu satisfeito e extasiado após ouvir quase trinta músicas dos Beatles e mais outros clássicos do bom e velho Paul. McCartney demonstrou porque é o maior compositor vivo da música contemporânea e que está em ótima forma. Alguns poderiam dizer que ele só não fez chover, mas até isto ele conseguiu. Um show para lavar a alma, literalmente. 





Setlist:

1- Magical Mystery Tour
2- Save Us
3- All My Loving
4- Listen to What the Man Said
5- Let Me Roll It
6- Paperback Writer
7- My Valentine
8- Nineteen Hundred and Eighty-Five
9- The Long and Winding Road
10- Maybe I’m Amazed
11- I’ve Just Seen a Face
12- We Can Work It Out
13- Another Day
14- And I Love Her
15- Blackbird
16- Here Today
17- New
18- Queenie Eye
19- Lady Madonna
20- All Together Now
21- Lovely Rita
22- Everybody Out There
23- Eleanor Rigby
24- Being for the Benefit of Mr. Kite!
25- Something
26- Ob-La-Di, Ob-La-Da
27- Band on the Run
28- Back in the U.S.S.R.
29- Let It Be
30- Live and Let Die
31- Hey Jude

Bis
32- Day Tripper
33- Get Back
34- I Saw Her Standing There

Bis
35- Yesterday
36- Helter Skelter
37- Golden Slumbers
38 - Carry That Weight
39 - The End

24 de novembro de 2014

Foo Fighters não surpreende em Sonic Highways

O Foo Fighters vinha de três discos irregulares, One By One de 2002, In Your Honor de 2005 e Echoes, Silence, Patience and Grace de 2007, quando finalmente lançou em 2011 um ótimo disco, Wasting Light, com a produção do eterno produtor de Nevermind, Butch Vig. A forma de gravação do álbum foi à maneira antiga, na base da fita analógica, o que deu talvez deu uma sonoridade mais encorpada e uma pegada mais forte ao disco, sucesso de crítica e de público.


O novo trabalho da banda de Dave Grohl é um projeto audacioso. O grupo resolveu gravar em oito cidades diferentes e ainda fazer um documentário, com o mesmo nome do disco, Sonic Highways, falando sobre a cena musical de cada cidade e um pouco da história da música norte americana. Segundo Grohl seria uma espécie de tributo às raízes da música norte americana, uma ideia interessante, que atraiu ainda mais o público para este novo álbum.

Mais uma vez trabalhando com o produtor Buth Vig, neste disco o Foo Fighters faz músicas mais longas e trabalhadas, com várias participações especiais, tentando de alguma forma acrescentar algo novo no tradicional rock feito pela banda, com guitarras distorcidas, riffs certeiros e refrões que ficam na cabeça. A maior duração das músicas provavelmente se deve à influência do rock dos anos 70, já que Grohl vem fazendo diversas parcerias com artistas que se destacaram nesta década.

“Something from nothing” foi o primeiro single do álbum. Começa lenta e vai crescendo durante sua execução com bons riffs de guitarra, com slides e a participação do guitarrista Rick Nielsen do Cheap Trick, grupo que influenciou bastante as bandas de Seattle dos anos 90. Com um refrão explosivo, termina com uma sonoridade pesada e frenética, uma das melhores do disco. Uma canção tradicional do Foo Fighters, não muito diferente do que o grupo já tinha feito no álbum anterior. 



“Feast and Famine” é mais energética, com refrão forte e riffs interessantes. Segundo reza a lenda tem a participação da banda Bad Brains nos vocais, mas na ficha técnica do disco, não aparece o nome da banda nesta canção. “Congregation” tem uma melodia que fica na cabeça e tem a participação de Zak Brown na guitarra e vocal."What did I do?/God as my witness" é mais pop e é dividida em duas partes. Tem a participação de Gary Clark Jr. na guitarra.


“Outside” é melhor canção do disco, tem a participação do guitarrista do Eagles, Joe Walsh com um belo solo de guitarra. Esta canção tem o que o Foo Fighters sabe fazer de melhor: Rock poderoso com bons riffs e melodia certeira. “In the clear” conta com a Preservation Hall Jazz Band como grupo de apoio nos metais. “Subterranean” é uma música mais densa e climática com efeitos de E-bow e uma letra mais reflexiva. A última canção, “I am a river” é um épico de sete minutos, (fala-se na participação de Joan Jett na guitarra, mas ela também não aparece nos créditos) com arranjo de orquestra feito por Tony Visconti. Uma balada emocionante que encerra o disco com honestidade.

Sonic Highways é um bom disco, mostrando que o rock com guitarras altas ainda tem seu espaço, mas apesar de todos os esforços, Dave Grohl e companhia não conseguiram fugir totalmente da fórmula que vem consagrando o som do Foo Fighters há quase vinte anos. Quem esperava algo totalmente novo pode se decepcionar com este disco, porém o Foo Fighters mostra que ainda é uma das poucas bandas de rock da atualidade que pode fazer um disco pesado e consistente e ainda conseguir êxito comercial. 



18 de novembro de 2014

Grandes discos de 1994 - Vauxhall and I

Em 1994 eu estava na sétima série e logo que chegava em casa da escola colocava direto na MTV. Certo dia vi um videoclipe de um cara topetudo, que cantava em um corredor uma música meio melancólica, que eu me identifiquei prontamente. O vídeo era do cantor Morrissey e a música era “The more you ignore me, the closer I get”. Era meu primeiro contato com este artista e tempos depois fui saber que ele foi vocalista de uma das maiores bandas de todos os tempos: o The Smiths.


O ano de 1993 não foi nada bom para Morrissey, seu agente Nigel Thomas morreu, assim como o diretor de seus vídeos Tim Broad e o seu produtor Mick Ronson (o lendário guitarrista de David Bowie na fase Ziggy Stardust). Além destas perdas, ainda teve que lidar com a mídia britânica, que o acusava de ser fascista graças à canção “National front disco” de seu álbum anterior, Your Arsenal de 1992. Para piorar, no começo de 1994 participou de um show da banda Madness, balançando a bandeira britânica de forma provocativa, alimentando ainda mais a polêmica imprensa inglesa.

Em 22 de março de 1994 o cantor lançava seu quarto álbum de estúdio, Vauxhall and I. A maioria da imprensa apostava que o disco seria um fiasco, mas Morrissey sempre surpreende e lançou um de seus melhores trabalhos solos. Este álbum tem letras ainda mais provocativas e confessionais e graças aos arranjos dos guitarristas Boz Boorer e Alain Whyte, tem uma atmosfera melancólica e etérea.

O disco abre com a bela “Now my heart is full” em que Moz cita 4 personagens do livro de Grahan Greene, Brighten Rock, assim como o ator britânico Patrick Roonan. Uma canção tradicional do repertório de Morrissey em que no refrão declara: “Agora meu coração está cheio / Agora meu coração está cheio / E eu nem posso explicar / Então eu nem tentarei”.

“Spring helled Jim” usa samples de diálogos do documentário de 1958, We Are Lambeth Boys e “Billy Budd” é sobre o papel de Terence Stemp (um dos atores preferidos do cantor), no filme de 1962 do diretor Peter Ustinov, adaptado do romance de Herman Melville. Estas referências cinematográficas e literárias sempre fizeram parte da carreira de Morrissey e ficaram mais evidentes em sua carreira solo.

“Hold on to your friends” é uma emocionante canção, que fala que devemos nos agarrar aos amigos. “The more you ignore me, the closer I get” é uma das melhores músicas de Moz, fazendo muito sucesso nos Estados Unidos. Com um belo solo de guitarra, tem um clima melancólico e na letra fala sobre ser ignorado por alguém e acabar ficando com vontade de ficar mais perto ainda. 



O álbum ainda conta com a provocativa “Why don't you find out for yourself" e a irônica "I am hated for loving". Para encerrar o disco, a pesada “Speedway” em que Moz destila seu veneno contra a mídia britânica e seus detratores: “Todos os rumores / Me mantendo enterrado / Eu nunca disse eu nunca disse / Que eles eram completamente infundados” ou na parte “Você não vai descansar / Até que a terra que me deseja / Finalmente me tenha / Oh, você conseguiu agora”.

Em Vauxhall and I, Morrissey conseguiu agradar tanto a crítica, quanto ao público, lançando um de seus melhores discos. Ali estavam todas as grandes qualidades de Moz bem equilibradas: letras fortes, arranjos sutis, mas extremamente interessantes e sua bela voz interpretando com emoção e ao mesmo tempo ironia. Logo depois em 1995, lançou o mediano álbum Southpaw Grammar, demorando alguns anos para lançar algo que chegasse perto da qualidade de Vauxhall and I. 



12 de novembro de 2014

O disco mais vendido do rock brasileiro

Paulo Ricardo, após o insucesso da Aura, banda que tinha montado com o tecladista Luiz Schiavon (o grupo ficou ensaiando por três anos e nunca fez um show) vai para a Inglaterra em 1983, trabalhar como correspondente da revista Somtrês. Paulo e Schiavon se comunicavam por cartas e ali já começavam a planejar um novo projeto musical, mais “antenado” com o que acontecia com o rock no exterior.



A dupla queria fazer um som moderno, grandioso e viram que o rock progressivo que eles faziam na Aura era algo ultrapassado. A new wave e o new romantic com seus sintetizadores e exageros era o que estava rolando na época e era isto que os dois decidiram fazer. Assim que Paulo Ricardo voltou ao Brasil fundou com Schiavon o RPM, com o guitarrista Fernando Deluqui. O baterista Paulo PA só entrou na banda nas gravações de seu primeiro disco, Revoluções Por Minuto de 1985. Leia mais sobre o disco aqui

O álbum Revoluções Por Minuto foi um sucesso estrondoso, tanto que quase todas as canções do disco tocaram na rádio. A banda então começou a investir em uma superprodução para os seus shows, sabendo que o Brasil não tinha tanta tradição neste ramo de grandes espetáculos.

Para a direção deste show, foi chamado Ney Matogrosso, um dos maiores performers do país, que ensinou muito à banda, como por exemplo, ter mais presença de palco. O RPM tinha uma postura muito contida quando tocavam em pequenos clubes e Ney falou que aquilo teria que mudar, eles teriam que se mexer mais no palco, tirarem a camisa, pois aquilo era rock´n roll. A turnê gerou uma verdadeira beatlemania. Muita histeria, fãs querendo invadir os hotéis em que eles ficavam etc.

Ney Matogrosso sugeriu ao RPM que colocassem no repertório do show uma música mais tranquila, um momento para dar uma baixada na bola e a galera cantar junto. Paulo Ricardo sugeriu “London London” de Caetano Veloso, artista que ele admirava muito. A canção fez muito sucesso nos shows e não demorou para alguém levar um gravador e fazer sua própria cópia da música. A versão ao vivo logo caiu nas rádios do país e era executada incessantemente e a gravadora e a banda começaram a perceber que estavam perdendo dinheiro, pois não tinham gravado a canção oficialmente. 



O jeito foi lançar um disco novo. Era estranho, pois o RPM só tinha um LP lançado e já ia lançar um álbum ao vivo. Rádio Pirata Ao Vivo foi gravado em abril de 1986 no Anhembi e o disco lançado em Julho do mesmo ano. O álbum foi um estouro e logo chegou ao topo da listagem de disco mais vendidos. Além da versão de “London London”, ainda trazia um cover da canção “Flores Astrais” do Secos e Molhados.

O disco começa com a urgência de “Revoluções por minuto” e logo em seguida vem “Alvorada voraz”, uma canção inédita que tem uma letra atual até hoje, falando sobre corrupção a situação política do Brasil na época. “A cruz e a espada” é uma balada emotiva, enquanto “Naja” é uma viagem instrumental de Luiz Schiavon. “Olhar 43” e “Estação no inferno” mostram a qualidade das canções do disco Revoluções Por Minuto. A versão de “Flores astrais” tirou toda a beleza e sutileza da canção original, mas sua batida pesada ajudou a levantar o público. Para encerrar este clássico dos anos 80, a canção mais emblemática do RPM, “Rádio pirata”, com uma forçada inserção de “Light my fire” do The Doors no meio da música.

Rádio Pirata Ao Vivo é o disco mais vendido em todos os tempos do rock nacional, foram vendidas mais de Dois milhões e quinhentas mil cópias deste álbum. Depois deste sucesso a banda entrou em colapso e seu disco seguinte, Quatro Coiotes foi considerado um fracasso de vendas, vendendo cerca de Trezentas mil cópias. A banda se separou logo depois e entre idas e vindas voltou de vez em 2011 e segue na estrada até hoje, relembrando um grande momento do rock brasileiro. 



10 de novembro de 2014

Filhos de rock stars que tentaram a sorte na música

Seguir uma carreira artística não é uma tarefa das mais fáceis. Quando se é filho de alguém famoso, um empurrãozinho dos pais ajuda bastante, porém as comparações sempre existirão e o filho será sempre comparado com os pais famosos, gerando a árdua tarefa de construir seu próprio caminho.

Alguns até acabam se dando bem, outros nem tanto, sumindo pouco tempo depois e sempre lembrados apenas pelos trabalhos de seus pais e não os seus. Neste post vamos lembrar alguns herdeiros famosos que se deram bem e outros que não conseguiram sucesso em suas tentativas em seguir uma carreira musical.

Sean Lennon


O filho mais novo do eterno Beatle lançou seu primeiro disco solo em 1998, chamado Into the sun e chamou um pouco a atenção com o videoclipe da música Home, que passou bastante na MTV na época. O disco, porém, não emplacou e ele ainda lançou mais dois discos solos sem muito sucesso. Hoje trabalha como produtor e já produziu um disco da banda Soulfly de Max Cavalera e discos da banda de sua mãe, Yoko Ono. Além do gosto pela música, Sean herdou a preferência por japonesas, tanto que casou com a integrante da banda Cibo Matto que também é de origem oriental.



 Kelly Osbourne


A filha do comedor de morcegos começou sua carreira musical em 2002 com o single “Papa don´t preach”, música de Madonna. A música fez certo sucesso, passando bastante na MTV, porém a carreira musical dela não decolou e logo caiu no ostracismo. Ela também fez uma parceria com o pai cantando a clássica música do Black Sabbath, “Changes”.



 Zak Starkey


O filho de Ringo Starr também herdou a bateria como instrumento e teve a árdua missão de trilhar seu próprio caminho, com as tradicionais comparações com o baterista mais famoso de todos os tempos. Zak se deu bem em sua carreira e achou seu próprio estilo, virando baterista de apoio do Oasis e The Who, tendo que substituir nada mais nada menos que Keith Moon. Nada mal para quem tinha tudo para ser esquecido.



Jakob Dylan


O filho do lendário Bob Dylan obteve muito sucesso com sua banda, The Wallflowers, que com seu segundo álbum, Bringing Down The Horse alcançou o topo das paradas norte americanas, com hits como “One headlight” e "6Th avenue heartache". Jakob conseguiu não ficar à sombra de seu pai e ainda canta com uma voz bem mais agradável do que a de Bob Dylan.



Julian Lennon


O filho mais velho de Lennon teve que superar a separação de seus pais e o consequente menosprezo de John, que depois que casou com Yoko Ono não lhe deu mais a atenção necessária. Começou sua carreira musical com o disco Valote de 1984, com um pequeno sucesso, mas pouco tempo depois caiu no esquecimento e seu trabalho musical é pouco conhecido pelo público em geral.



6 de novembro de 2014

Clássicos do Brasil – Krig-Ha, Bandolo!

Em meados dos anos 60, Raul Seixas montava em Salvador sua primeira banda de rock, Os Panteras, que chegou a ter certo destaque na cena musical baiana na época. O primeiro e único disco da banda, Raulzito e Os Panteras, foi lançado em 1968, mas não conseguiu sucesso nem de crítica e nem de público, o que frustrou profundamente Raulzito.

A banda acabou se mudando para o Rio de Janeiro e Raul acabou passando por momentos difíceis, mesmo recebendo ajuda de amigos como Jerry Adriani, que chamava Os Panteras para ser seu grupo de apoio, mas a banda infelizmente não decolou e Raulzito passou fome durante um bom tempo no Rio, antes de decidir voltar para Salvador. 

Já de volta a Bahia, Raul conhece um diretor da gravadora CBS que convida Raulzito para ser produtor da gravadora. Seixas aceitou, vendo que com seus conhecimentos enciclopédicos de música poderia se dar muito bem como produtor fonográfico. O Maluco Beleza então fez as malas e voltou para o Rio de Janeiro, com sua esposa na época, Judith, para tentar uma nova chance em sua carreira.

Na CBS Raul fez vários amigos e teve músicas gravadas por gente como Jerry Adriani, Ed Wilson, Renato e Seus Blue Caps. Em 1971 fez mais um projeto musical mal sucedido: O Lp  Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, em parceria com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. O disco era totalmente experimental, com bastante influência de Frank Zappa e Sgt. Pepper´s dos Beatles. A gravadora não gostou do resultado final e não investiu em divulgação e o disco foi um fracasso de vendas.

Em 1972 decide participar do Festival Internacional da Canção e compõe duas músicas, uma defendida por ele mesmo, “Let me sing, let me sing” e outra defendida por Lena Rios e os Lobos, “Eu sou eu e nicuri é o diabo”. As duas canções chegaram à final do concurso e Raul obteve sucesso de crítica e de público, sendo contratado pela gravadora Philips. Finalmente Raulzito poderia gravar seu primeiro disco solo.

O nome Krig-Ha, Bandolo! significa “Cuidado, aí vem o inimigo!” e era uma referência ao grito do personagem dos quadrinhos, Tarzan, e uma mensagem subliminar contra a ditadura. Foi neste disco que a parceria com Paulo Coelho começou. Diz a lenda que Rauzito era bem careta quando conheceu Paulo (tanto que Coelho chegou a estranhar aquele rapaz de terno e pasta 007, pensando que ele era da polícia, quando Raul foi pela primeira vez em seu escritório) e só começou a usar drogas depois de conviver com Paulo Coelho. 


Krig-Ha bandolo! é uma coleção de grandes músicas, com letras inteligentes e inventivas, que tem um grande teor crítico em suas entrelinhas, principalmente à ditadura e a aquilo que já era pré-estabelecido dentro da sociedade. Produzido por Marco Mazzola, começa com uma gravação em que Raulzito ainda criança, canta um rock da década de 50, mostrando o amor pelo rock desde a infância. “Mosca na sopa” tem um ritmo de candomblé, com coral de lavadeiras e uma letra que mostra que Seixas viria para perturbar, questionar o que era dito como certo e incomodaria muita gente grande por aí.

“Metamorfose ambulante” é uma balada folk em que Raul afirma que prefere ser uma metamorfose a ser um ser humano pré- moldado que tem as mesmas opiniões de sempre. Um dos maiores clássicos do rock nacional e da carreira de Raulzito. “Dentadura postiça” tem uma letra que cita Cristo, Jó e o Juízo final, mostrando todo o conhecimento do Maluco Beleza, que sempre abusou dos personagens históricos e místicos em suas letras.



"As minas do Rei Salomão" cita além do livro, Dom Quixote, e faz uma grande analogia com a vida de Raulzito. "A hora do trem passar" é um momento mais lírico do disco, com uma interpretação simples e sincera de Raul. “Al capone” é um rock sobre o famoso gângster e cita personagens como Júlio Cesar, o imperador romano e Jimi Hendrix, em outra grande clássico de sua carreira.


"How could I know" mostra que se Raulzito cantasse em inglês não teria dificuldades para fazer sucesso no exterior. "Rockixe" é um rock provocador, em que Seixas afirma que vai conseguir tudo o que quiser. “Cachorro urubu” tem um tom otimista, apesar de sua forte letra: “Baby a estória é a mesma / Aprendi na quaresma / Depois do carnaval / A carne é algo mortal”.

“Ouro de tolo” é uma irônica crítica ao regime militar e ao milagre econômico ocorrido no Brasil nos anos 70. Na letra Raulzito afirma: “Eu é que não me sento / No trono de um apartamento / Com a boca escancarada / Cheia de dentes / Esperando a morte chegar”. Ironicamente, Raul morreu vítima do alcoolismo em seu apartamento em 1989, contradizendo de certa forma uma de suas mais famosas letras. Krig-Ha Bandolo é junto com o disco Gita, o disco mais importante e emblemático de sua carreira, uma grande estreia solo de um dos artistas mais revolucionários da música brasileira. 



3 de novembro de 2014

Grandes discos de 1994: Parklife

Depois do sucesso de seu primeiro disco, Leisure de 1991, o Blur lançou um segundo álbum bem trabalhado, muito influenciado pelo rock inglês dos anos 60, de bandas como o The Kinks. Modern Life is Rubbish foi lançado em 1993 e foi um sucesso de crítica, porém não vendeu o esperado mesmo tendo alguns quase hits, como “Popscene” e “Chemical World”.


A banda viria bem pressionada para a gravação de seu terceiro álbum. A mídia inglesa e o público já não ligavam tanto para o Blur e já tinham seus novos queridinhos: o Suede, com seu Glam Rock bastante influenciado pela androgenia de David Bowie dos anos 70. Para voltar a fazer sucesso, o grupo chamou para a produção um velho conhecido: Stephen Street, que já tinha trabalho com o Blur no primeiro disco deles.

Neste novo projeto a banda resolveu inovar e elaborar os arranjos, com uma sonoridade grandiosa, bem diferente do som simples mais puxado para o shoegazer do primeiro trabalho do grupo, Leisure. Arranjos com cordas, sopros e nas letras crônicas da sociedade inglesa dos anos 90 faziam parte deste ambicioso álbum, que era a cartada final de Damon Albarn e companhia.

Lançado em 25 de abril de 1994, Parklife foi uma coleção de hits e catapultou o Blur de vez para o estrelato. “Girls and boys” música de abertura do disco, tem um clima meio Disco, em uma letra que fala sobre a juventude inglesa e a eterna busca pelo sexo oposto. Com um ritmo dançante e uma linha de baixo muito bem feita, foi um sucesso imediato. “Tracy jacks” tem aquela veia pop que o Blur tem como característica, com boas partes de guitarra de Graham Coxon, um guitarrista limitado, mas extremamente criativo. Percebe-se também na música, ecos de The Jam e The Kinks, bandas que influenciaram bastante o som do Blur. 


“End of century” é uma crônica pessimista, sobre a sociedade inglesa do fim do século, as futilidades e inseguranças da classe média urbana. “Parklife” fala sobre sedentarismo e tem uma letra falada pelo ator Phil Daniels, que participou do filme Quadrophenia, inspirado no clássico disco do The Who. “Bank holyday” é quase um trash metal, um dos poucos momentos mais barulhentos do disco.

“To the end” é uma linda canção, cantada em inglês e com um vocal feminino em francês com efeitos de xilofone e arranjo de cordas. Uma música grandiosa, com uma bela harmonia e refrão. “This is a low” começa lenta e explode em um refrão desesperado, uma das melhores do disco. Mesmo sendo um álbum predominantemente pop, ainda tem espaços para experimentações sonoras como em "The Debt Collector" e "Trouble in the Message Centre".

Com Parklife o Blur chegou ao topo das paradas inglesas e mostrava quem dava as cartas dentro da cena Britpop. Quatro meses depois sairia o disco de estreia do Oasis, Definately Maybe, começando ali uma das maiores rivalidades (mesmo que forçada) do rock inglês. Em comparação com o Oasis e outras bandas inglesas, vemos que o Blur sempre foi uma banda mais ousada, sem medo de arriscar, mesmo não abandonando de vez seu lado pop. Parklife foi o ápice de uma grande era dentro da música jovem inglesa.