Os anos 80 como todos sabem
foi a década de ouro do rock brasileiro. As bandas chegaram ao topo das paradas
e foram lançados diversos discos clássicos como Cabeça Dinossauro, Selvagem,
entre outros. Os anos 90 chegaram, Plano Collor, a lambada e posteriormente o
sertanejo romântico vieram para jogar uma pá de cal e as bandas tiveram que se
virar como podiam para sobreviver no duro mundo da indústria musical.
Paralamas do Sucesso, Ira!,
Titãs, Legião Urbana entre outros já tinham conquistado um público e graças
também ao talento de seus integrantes conseguiram passar por esta turbulenta
fase, mesmo com a diminuição da vendagem de discos e de shows. Era o momento de
vir uma nova geração, que pudesse manter o nível que estas bandas do rock anos
80 conseguiram chegar.
Se o rock dos anos 80 era
politizado, o dos anos 90 perdeu um pouco dessa pegada mais revolucionária dos
belos textos feitos, por exemplo, como as letras de Cazuza e Renato Russo.
Surgiu um rock mais adolescente, debochado, sem tanto compromisso com a
mensagem a ser passada.
Talvez a primeira banda
desta nova geração a estourar foi o Raimundos em 1994. Apoiados pelo selo
criado pelos Titãs, o Banguela Records, o grupo estourou com sua mistura de
Hardcore e Forró. Letras que falavam de sexo quase o tempo todo, fugiam do
estilo do rock da década anterior, levando vários adolescentes no auge de seus
hormônios a levarem a banda ao topo das paradas da MTV e das rádios.
O som forte e potente dos
Raimundos trouxe um alento para aqueles que estavam desanimados com os rumos
que o rock estava seguindo no Brasil. Mais ou menos na mesma época que os
Raimundos estouram surgiu uma banda de Recife que misturava Maracatu com Rock e
também trazia novos rumos para o rock brasileiro. Chico Science e Nação Zumbi
vieram com tudo e surpreenderam a todos com o som inovador do disco Da Lama ao
Caos. Leia mais sobre este grande disco aqui.
O Planet Hemp surgiu em 1995
com seu rock misturado com vários outros ritmos, como o Hip Hop, o Reggae,
entre outros e um discurso que defendia abertamente a legalização da maconha. A
banda sofreu muitas retaliações por parte da justiça e do governo, sendo presos
por apologia às drogas e tudo mais. A identificação dos adolescentes foi
instantânea e a banda conseguiu destaque dentro do cenário brasileiro.
Os Mamonas Assassinas também
merecem destaque dentro desta fase do rock brasileiro. Com seu som debochado
conseguiram um sucesso estrondoso, com o final trágico que todos nós já
sabemos. Resta imaginar se a banda conseguiria manter seu sucesso, com letras
tão debochadas ou seria uma espécie de Ultraje a Rigor, que vive até hoje de
seu único disco de sucesso, Nós Vamos Invadir Sua Praia.
Em 1996 parecia que o novo
rock no Brasil 90 iria deslanchar de vez. Várias bandas estavam surgindo,
lançando discos ou coletâneas. Lembro-me do programa Gás Total da extinta MTV
Brasil, em que começaram a aparecer diversas bandas novas, como Virna Lisi, Big
Balls, Tantra entre outros. O Virna Lisi era uma banda de Minas Gerais que
fazia uma interessante mistura de rock com música regional. Chegou a fazer certo
sucesso, mas a banda não passou do segundo disco. O Big Balls era uma banda
paulistana com muito potencial, que tinha uma pegada Hard Rock, mas também não
conseguiu grande destaque, infelizmente.
A banda Tantra era uma das
promessas dos anos 90. O disco Eles Não Eram Nada foi uma das pérolas da
década. O grupo era formado por músicos de apoio da Legião Urbana, o
guitarrista e vocalista Fred Nascimento e o baixista Gian Fabra. Com letras
mais trabalhadas e um som com influências do rock 80, do grunge e do rock
progressivo, o disco foi um dos melhores da década, destaque para a música
“Corvos sobre o campo” a o cover de “Tropicália” de Caetano Veloso. Infelizmente
mais um caso de uma banda que não deu sequência, parecia que era mais trabalho
paralelo dos integrantes, que só lançaram um novo disco em 2006.
Para piorar a situação, o
rock tinha que concorrer com ritmos da moda que eram massificados pela mídia
como o axé, por exemplo, com suas dancinhas ridículas e letras estapafúrdias. Outras
bandas conseguiram se destacar no final da década como Charlie Brown Jr, mas
sempre eram bandas como uma temática muito adolescente, faltava conteúdo e um
texto que durasse por muito tempo.
Talvez esta falta de
conteúdo em alguns casos, falta de sorte em outros e a preferência pelo público
por estilos da moda, tenham prejudicado o rock brasileiro nos anos 90. Porém,
em comparação com cena da música atual, a década de 90 foi bem mais prolífera e
ainda se tinha certa esperança que o rock iria voltar ao
topo, ao contrário do momento atual, em que não há quase esperança alguma de
que algo novo possa acontecer em relação ao rock brasileiro.
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