Cantor, poeta, ensaísta,
beatnik, DJ entre outras coisas, Júlio Barroso foi um dos maiores agitadores
culturais que já passaram pela música brasileira. Um cara inquieto, ligado nos
220, que tinha muitas ideias e queria de qualquer forma expressá-las, sempre
fazendo jams com vários artistas, em uma espécie de loucura musical.
Em 1980 morou em Nova York e
teve contato com os artistas da New Wave. Viu que era aquele tipo de som que
estava a fim de fazer e chegando ao Brasil entrou em contato com vários músicos
para formar a banda Gang 90 e As Absurdetes. O nome da banda era inspirado na
banda Gang of Four e na Pedra 90. Entre os músicos que participaram da banda
podemos citar Taciana Barros e o lendário baterista Gigante Brasil.
Depois de formada a banda,
Júlio inscreveu a Gang 90 em um festival, o Festival MPB Shell. A banda não
ganhou, mas a performance da música “Convite ao prazer” foi fantástica. Antes
disto o grupo já tinha feito uma temporada na discoteca Pauliceia Desvairada,
com ótima aceitação do público.
O visual alegre as letras
debochadas e o excesso de caras e bocas eram as características trazidas da New
Wave trazidas por Júlio Barroso. A banda emplacou o hit “Perdidos na Selva” e
logo foi convidada a gravar seu primeiro disco Essa Tal Gang 90 e as
Absurdetes. Este projeto contou várias participações especiais, entre elas as
de Guilherme Arantes e do guitarrista Wander Taffo.
O disco emplacou hits como
“Telefone”, “Nosso louco amor” (que foi trilha sonora de novela da Globo) além
de “Perdidos na Selva”. O álbum tinha muita alegria, alto astral, letras inspiradas,
que falavam de amor, romance, Jack Kerouac e o que mais passasse pela cabeça de
Júlio Barroso.
Barroso era um cara muito
louco, usava muitas drogas e álcool. Teve até um episódio curioso em sua vida,
Júlio ficou bastante tempo sem um dente da frente em sua boca. Lobão uma vez
perguntou a Júlio se ele não tinha dinheiro para consertar aquela falha
horrível. Barroso respondeu que ia ficar daquele jeito, pois perdeu o dente no
dia que John Lennon morreu, ele tomou um porre ao saber da notícia, caiu bateu
de cara e perdeu o dente e dizia que aquilo ficaria em homenagem a alma do
grande Beatle. Coisas de um cara maluco como Júlio Barroso.
Em junho de 1984, o pior
aconteceu: Barroso caiu da janela de seu apartamento e acabou falecendo. Até
hoje não se sabe se foi uma queda acidental ou suicídio, mas a tese mais forte
é de que foi acidental, pois Júlio não estava deprimido na época, segundo seus
amigos mais próximos.
O reconhecimento da
importância de sua banda para os anos 80 ficaram evidentes nas regravações
feitas pelo Ira! da música “Telefone” e pelo Barão Vermelho de “Perdidos na
Selva”. A Gang 90 ainda lançou dois discos sem seu principal integrante, porém
não obtiveram sucesso. Júlio Barroso foi um dos artistas mais interessantes dos
anos 80, deixando em pouco tempo um legado importante para o cenário pop rock
brasileiro.
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