10 de março de 2014

Grandes discos de 1994: Monster

Em quase todos os sebos que eu frequento em São Paulo este disco está lá, encostado, cheio de poeira. Monster é um dos discos mais renegados da carreira do R.E.M, e mesmo assim é um dos melhores álbuns da banda.

Após o imenso sucesso de Out of Time e Automatic for the People, discos que tinham uma sonoridade mais acústica com instrumentos como bandolim e violino, a banda decidiu investir em um rock mais barulhento e mais básico, talvez o motivo da rejeição por uma parte do público que estava acostumada com outro tipo de som.


A banda passava por momentos difíceis na época da gravação do álbum, devido a problemas de saúde envolvendo seus integrantes e pela morte de dois grandes amigos, Kurt Cobain e River Phoenix. Diz a lenda que o último disco escutado por Cobain foi Automatic for the People e que ele e o vocalista do R.E.M. Michael Stipe, tinham planos de fazer um trabalho em conjunto.

O disco começa com a clássica “What´s the frequency Kenneth?” com uma guitarra cheia de delays de Peter Buck, um guitarrista que sempre fez o básico e mesmo assim conseguia resultados geniais.



“Crush with eyeliner” tem a participação de Thurston Moore do SonicYouth, dando uma característica ainda mais alternativa à música, abusando também nas distorções e efeitos na guitarra. Nesta canção também se percebe um pouco de influência do Glam Rock dos anos 70.

O experimentalismo de “King of comedy” é algo que também não se via nos discos anteriores e o clima obscuro de “I don´t sleep I dream” é um dos momentos mais belos do álbum. “Star 69” é um rock direto, enquanto “Strange Currencies” é um dos poucos momentos mais pop do disco. 



Em “Tongue”, Stipe faz uma letra com uma visão de uma garota rejeitada, um dos melhores desempenhos vocais de Stipe com o acompanhamento do Órgão e o Piano de Mike Mills. Em “Bang and Blame” o uso de Delay da guitarra de Peter Buck cria um dos melhores arranjos do R.E.M., uma música marcante e uma das melhores da carreira da banda.



“I took your name” e “Circus envy” tem as guitarras tão altas que se sobrepõem aos vocais de Stipe, algo proposital, pois a banda queria um disco com um som sujo e alternativo. “Let me in” foi feita em homenagem a Cobain e foi tocada com uma guitarra dada por Kurt a Stipe. “You” encerra o disco com mais distorções e experimentalismo.

No encarte do disco ainda há um desenho que ficou famoso na MTV nos anos 90, o Garoto Enxaqueca. Na minha opinião, Monster é o melhor disco do R.E.M., mostrando um lado mais roqueiro e mais distante das sutilezas acústicas que consagraram a banda. Infelizmente nem todos entenderam esta nova guinada na carreira do grupo e se desfizeram de um grande disco.








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