Em quase todos os sebos que
eu frequento em São Paulo este disco está lá, encostado, cheio de poeira.
Monster é um dos discos mais renegados da carreira do R.E.M, e mesmo assim é um
dos melhores álbuns da banda.
Após o imenso sucesso de Out
of Time e Automatic for the People, discos que tinham uma sonoridade mais
acústica com instrumentos como bandolim e violino, a banda decidiu investir em
um rock mais barulhento e mais básico, talvez o motivo da rejeição por uma
parte do público que estava acostumada com outro tipo de som.
A banda passava por momentos
difíceis na época da gravação do álbum, devido a problemas de saúde envolvendo
seus integrantes e pela morte de dois grandes amigos, Kurt Cobain e River
Phoenix. Diz a lenda que o último disco escutado por Cobain foi Automatic for
the People e que ele e o vocalista do R.E.M. Michael Stipe, tinham planos de
fazer um trabalho em conjunto.
O disco começa com a
clássica “What´s the frequency Kenneth?” com uma guitarra cheia de delays de Peter Buck, um guitarrista que sempre fez o básico e mesmo assim
conseguia resultados geniais.
“Crush with eyeliner” tem a
participação de Thurston Moore do SonicYouth, dando uma característica ainda
mais alternativa à música, abusando também nas distorções e efeitos na
guitarra. Nesta canção também se percebe um pouco de influência do Glam Rock
dos anos 70.
O experimentalismo de “King
of comedy” é algo que também não se via nos discos anteriores e o clima obscuro
de “I don´t sleep I dream” é um dos momentos mais belos do álbum. “Star 69” é um
rock direto, enquanto “Strange Currencies” é um dos poucos momentos mais pop do
disco.
Em “Tongue”, Stipe faz uma
letra com uma visão de uma garota rejeitada, um dos melhores desempenhos vocais
de Stipe com o acompanhamento do Órgão e o Piano de Mike Mills. Em
“Bang and Blame” o uso de Delay da guitarra de Peter Buck cria um dos melhores
arranjos do R.E.M., uma música marcante e uma das melhores da carreira da
banda.
“I took your name” e
“Circus envy” tem as guitarras tão altas que se sobrepõem aos vocais de Stipe,
algo proposital, pois a banda queria um disco com um som sujo e alternativo.
“Let me in” foi feita em homenagem a Cobain e foi tocada com uma guitarra dada
por Kurt a Stipe. “You” encerra o disco com mais distorções e experimentalismo.
No encarte do disco ainda há
um desenho que ficou famoso na MTV nos anos 90, o Garoto Enxaqueca. Na minha
opinião, Monster é o melhor disco do R.E.M., mostrando um lado mais roqueiro e
mais distante das sutilezas acústicas que consagraram a banda. Infelizmente nem
todos entenderam esta nova guinada na carreira do grupo e se desfizeram de um
grande disco.
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