17 de março de 2014

Discos essenciais para entender o Britpop (Parte 6)

Radiohead – The Bends (1995)


Sim o Radiohead já foi uma banda de rock e fez parte do “movimento” Britpop. Depois do sucesso estratosférico de “Creep” do primeiro álbum da banda, Pablo Honey era o momento de se consolidar como grande grupo dentro do rock inglês. Se o primeiro disco era mais puxado para o rock alternativo norte americano, com muitas guitarras, em The Bends o Radiohead evolui musicalmente e já dava sinais de que não era uma banda comum.  O uso de sintetizadores e a competentíssima guitarra de Jhonny Greenwood com as grandes composições de Thom Yorke transformaram The Bends em um dos melhores discos da década.

O disco abre com “Planet telex” um rock futurista com sintetizadores que mostra em sua letra a falta de esperança e a robotização do ser humano em geral. Esta é a tônica das letras do disco, a decepção com o mundo moderno e as angústias de uma sociedade cada vez mais plastificada. O peso de “The bends” faz os fãs sentirem um pouco de saudade da época em que o Radiohead priorizava as guitarras.

“Fake plastic trees” é uma das melhores composições de Yorke. Uma interpretação emocionante com uma letra que fala em um mundo feito de plástico e de frustrações. Na gravação da música, Yorke se inspirou muito no disco Grace de Jeff Buckley, tanto que o vocalista do Radiohead desabou a chorar após a gravação da canção. “Fake plastic trees” também fez muito sucesso no Brasil, graças a um comercial sobre crianças com Síndrome de Down que tocava a música de fundo. 



“High and dry” foi outro single de sucesso do disco, enquanto pérolas como “Bones” e a irônica “Nice dream” preenchem o disco com muita qualidade. “My iron lung” mostra as influências do Echo and the Bunnymen no som do Radiohead, principalmente o riff de guitarra inicial. “Just” é uma música característica do Radiohead desta fase mais rock, interpretação sofrida de Yorke, combinadas com as guitarras distorcidas de Ed O´brien e Jhonny Greenwood. Detalhe para o grande videoclipe da música e seu final surpreendente.



Músicas sublimes como “Black Star” e “Street spirit” garantem The Bends como um disco único, de uma banda que evoluiu muito neste trabalho em relação ao primeiro trabalho. A última frase do disco cantada em “Street spirit” mostra um tom de esperança mesmo com a temática pessimista do álbum: “Mergulhe sua alma no amor”. Com certeza o momento mais emocionante do disco.

Se no rock britânico da safra do Britpop tinha as briguinhas forçadas de Blur e Oasis, a afetação do Suede e rock adolescente do Supergrass, havia uma banda que era o contraponto a tudo isto, que começava ali a trilhar um caminho que nenhuma destas bandas conseguiu escolher. Depois de The Bends, o som do Radiohead ficou cada vez mais abstrato, mas com certeza The Bends foi um dos pontos mais altos de sua brilhante carreira. 





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