Radiohead – The Bends (1995)
Sim o Radiohead já foi uma
banda de rock e fez parte do “movimento” Britpop. Depois do sucesso
estratosférico de “Creep” do primeiro álbum da banda, Pablo Honey era o momento
de se consolidar como grande grupo dentro do rock inglês. Se o primeiro disco
era mais puxado para o rock alternativo norte americano, com muitas guitarras,
em The Bends o Radiohead evolui musicalmente e já dava sinais de que não era
uma banda comum. O uso de sintetizadores e a competentíssima guitarra de
Jhonny Greenwood com as grandes composições de Thom Yorke transformaram The
Bends em um dos melhores discos da década.
O disco abre com “Planet
telex” um rock futurista com sintetizadores que mostra em sua letra a falta de
esperança e a robotização do ser humano em geral. Esta é a tônica das letras do
disco, a decepção com o mundo moderno e as angústias de uma sociedade cada vez
mais plastificada. O peso de “The bends” faz os fãs sentirem um pouco de
saudade da época em que o Radiohead priorizava as guitarras.
“Fake plastic trees” é uma
das melhores composições de Yorke. Uma interpretação emocionante com uma letra
que fala em um mundo feito de plástico e de frustrações. Na gravação da música,
Yorke se inspirou muito no disco Grace de Jeff Buckley, tanto que o vocalista
do Radiohead desabou a chorar após a gravação da canção. “Fake plastic trees”
também fez muito sucesso no Brasil, graças a um comercial sobre crianças com
Síndrome de Down que tocava a música de fundo.
“High and dry” foi outro
single de sucesso do disco, enquanto pérolas como “Bones” e a irônica “Nice
dream” preenchem o disco com muita qualidade. “My iron lung” mostra as
influências do Echo and the Bunnymen no som do Radiohead, principalmente o riff
de guitarra inicial. “Just” é uma música característica do Radiohead desta fase
mais rock, interpretação sofrida de Yorke, combinadas com as guitarras
distorcidas de Ed O´brien e Jhonny Greenwood. Detalhe para o grande videoclipe
da música e seu final surpreendente.
Músicas sublimes como “Black
Star” e “Street spirit” garantem The Bends como um disco único, de uma banda
que evoluiu muito neste trabalho em relação ao primeiro trabalho. A última
frase do disco cantada em “Street spirit” mostra um tom de esperança mesmo com
a temática pessimista do álbum: “Mergulhe sua alma no amor”. Com certeza o
momento mais emocionante do disco.
Se no rock britânico da
safra do Britpop tinha as briguinhas forçadas de Blur e Oasis, a afetação do
Suede e rock adolescente do Supergrass, havia uma banda que era o contraponto a
tudo isto, que começava ali a trilhar um caminho que nenhuma destas bandas
conseguiu escolher. Depois de The Bends, o som do Radiohead ficou cada vez mais
abstrato, mas com certeza The Bends foi um dos pontos mais altos de sua
brilhante carreira.
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