O Tears for Fears foi
formado em 1981, pelo guitarrista e vocalista Roland Orzabal e pelo baixista e
vocalista Curt Smith. O nome da banda foi extraído do tratamento criado por
Arthur Janov, chamado Terapia do Grito Primal. Este tratamento consiste em o
paciente expressar, sentir e relembrar dores da infância reprimidas há muito
tempo. O paciente é levado então a gritar, chorar, ou seja, trocam-se lágrimas
por medos neste tratamento. Um paciente famoso deste tratamento foi nada mais
nada menos que John Lennon.
Em 1983 saía o primeiro
disco da banda: The Hurting. Influenciado pelo tratamento de Janov, a banda
lança um disco conceitual, que conta um pouco os traumas de infância de Roland
Orzabal, que fez todas as letras do álbum. A capa do disco, um menino solitário
chorando em um fundo branco, mostra todo o conceito das letras, os traumas e a
falta de amor na infância.
Para este disco a banda
contou com os seguintes músicos de apoio: Manny Elias, na bateria e programação
de ritmos, Ian Stanley nos teclados, entre outros músicos convidados. A gravação
do disco foi bem tensa, no lendário estúdio Abbey Road. A banda trabalhava sete
dias por semana, até duas, três da manhã. Tanto esforço valeu a pena: o disco
teve três músicas no Top 10 de singles da Inglaterra: Mad World, Pale Shelter e
Change.
A primeira música do álbum
“The hurting”, já demonstra a grande qualidade dos arranjos construídos pela
banda, o uso de sintetizadores e baterias programadas aliados as melodias
fantásticas criadas por Orzabal e Smith. É o fundo perfeito para a letra triste
sobre uma criança desiludida e sem amor: Você é capaz de entender uma criança /
Quando ela chora de dor? / Você é capaz de dar tudo o que ela precisa / Ou você
sempre sente o mesmo?
“Mad world” foi um hit
instantâneo, cantada por Curt Smith em uma letra que mostra uma criança confusa
e que não consegue se adaptar as pessoas e a escola. “Pale shelter” é a melhor
música do Tears for Fears. Sua melodia nostálgica nos faz lembrar um passado
distante e chega até a dar certo aperto no coração devido a sua melancolia. Mas
sua melodia perfeita gera um dos melhores momentos do rock dos anos 80. A letra
é um bálsamo que em seu refrão diz tudo: Quando você não me dá amor / Você me
dá uma proteção insignificante.
O arranjo e o clima tenso de
“Idea as opiates” lembram um pouco do Pink Floyd no disco Dark Side of The
Moon. Esta música e “The prisioner” foram totalmente influenciadas por
capítulos do livro de Arthur Janov. “Memories fade” e “Suffer the children” dão
continuidade ao clima de reminiscências de infância, com grandes arranjos e
harmonias vocais. “Suffer the children” tem a participação nos vocais da esposa
de Roland Orzabal, Caroline Orzabal.
“Change” foi outro grande
sucesso do álbum, com o arranjo envolvente e com o vocal melancólico e
arrebatador de Smith. Detalhe para o clipe tosco e divertido e as danças
desengonçadas de Orzabal. O disco termina com “Start of the breakdown” um belo
final para um álbum clássico e essencial.
The Hurting abriu as portas
para o Tears for Fears, que daí por diante foi uma banda colecionadora de
sucessos e prêmios. Curt Smith saiu da banda em 1991 e Orzabal continuou com a
banda e lançou dois discos bem avaliados sem Smith. Smith retornou a banda em
2003 e ainda lançaram mais um disco juntos em 2004 o álbum Everybody Loves a
Happy Ending.
The Hurting é um clássico e
mostra que o Tears for Fears não é só uma banda de canções bonitinhas que tocam
na Alfa FM, mas uma banda que pode construir um disco com um tema tenso e com
muita profundidade. Um álbum essencial para quem quer entender o rock feito nos
anos 80.
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