11 de novembro de 2013

Siamese Dream - O disco que levou o Smashing Pumpkins ao estrelato

Em 1991 a banda de Chicago Smashing Pumpkins lançava seu primeiro álbum, Gish, pela Caroline Records. O disco foi ofuscado pelo sucesso de Nevermind do Nirvana, mas já era perceptível neste registro as principais qualidades da banda.

A mistura de rock setentista (o heavy metal do Black Sabbath e o rock progressivo), com o clima dark da década de 80 (de bandas como The Cure e Joy Division) e a ótima qualidade instrumental da banda, mostrava que o Smashing Pumpkins poderia se destacar em meio aquela enxurrada de bandas alternativas que estavam surgindo no início dos anos 90.

Em 1993 chegara a hora de lançar o segundo disco e provar se a banda tinha vindo para ficar ou não. Foi recrutado para a produção do disco, o produtor Butch Vig, que já tinha produzido Gish dos Pumpkins e Nevermind do Nirvana. Siamese Dream foi lançado em julho de 1993 cheio de expectativas, inclusive da banda.

O Smashing Pumkins era uma grupo de desajustados. Billy Corgan era o grandalhão e líder intelectual da banda, que tinha mão de ferro para controlar tudo, Jimmy Chamberlin era um baterista virtuoso que tinha sérios problemas de heroína, D’arcy era a baixista, uma garota estranha que tocava sem mudar muito sua expressão facial e James Iha tinha um jeito meio misterioso. 


O clima das gravações de Siamese Dream não era dos melhores, Corgan estava com sérios problemas com a depressão, Chamberlain estava afundando no vício de heroína e D’Arcy e James Iha tinham acabado de terminar um relacionamento amoroso.

O perfeccionismo de Billy Corgan tornou a produção do álbum muito estressante, cada integrante tinha que fazer o seu melhor e regravar várias vezes suas partes até que ficasse bom para Corgan. Em algumas musicas era até Corgan que gravava as partes para que ficasse do jeito que ele queria.

O som do disco teve bastante influência das bandas Shoegazer, que utilizavam na gravação camadas de guitarras, para dar um efeito espacial ao som. Para obter este efeito a banda chamou um engenheiro de som Flood, que já tinha trabalhado com a banda My Bloody Valentine no clássico disco Loveless.

Entre a temática das letras, Corgan exorciza alguns fantasmas do passado, como sua conturbada relação familiar e critica também a sociedade americana e a indústria fonográfica. No encarte, utilizou fotos antigas de sua família com as letras escritas à mão por cima, reforçando a ideia de exprimir sentimentos e mágoas que havia sentido em toda sua vida.

O disco abre com a parede de guitarras de “Cherub Rock”, um rock potente com camadas de guitarra, em uma letra que critica a indústria da música americana, como no trecho “Enlouqueça e Desista / Não interessa no que você acredita / Fique frio /E seja o bobo de alguém esse ano”.




Em “Today”, Corgan fala na letra sobre tentar superar a depressão, algo que estava muito presente em sua vida: “Hoje é o melhor / Dia que eu já vivi / Não posso viver o amanhã / Amanhã é muito distante / Meus olhos se queimarão / Antes de alcançá-lo”. No videoclipe desta música há uma explosão de cores, contrastando com o tema triste da letra. Passei muito tempo pensando que James Iha era uma mulher por causa do vestido que ele usa no clipe.




“Hummer” mostra o lado mais progressivo da banda, com variações rítmicas na música, com trechos em que a banda desacelera e produz partes climáticas. No final da letra Corgan pergunta: “Você sente que o amor é real?”.

“Disarm” é um dos momentos mais belos do disco, com arranjos de cordas e uma letra muito forte, revelando reminiscências do passado: “O assassino em mim / É o assassino em você / Meu amor”. “Soma” tem a participação do baixista do R.E.M. Mike Mills no piano, uma música que começa tranquila e no meio explode com guitarras furiosas.

“Geek USA” critica a hipocrisia na sociedade americana, uma pedrada que mostra todo o virtuosismo e talento do baterista Jimmy Chamberlin, além do duelo de guitarras de James Iha e Billy Corgan com o baixo pulsante de D’Arcy. Uma música que mostra bem a química entre os integrantes, que mesmo tão antagônicos, quando se juntavam pareciam que tinha sido acendido um pavio de pólvora.




“Mayonaise” é outro momento de beleza do disco, uma letra emocionante com o tradicional som de guitarra da banda, como nos trechos “Junte seus bolsos cheios de tristeza /E fuja comigo amanhã” ou “Vamos tentar diminuir a dor / Mas nos sentiremos os mesmos / Bem, ninguém sabe / Aonde vão nossos segredos”.

O álbum ainda tem grandes momentos a seguir como a música “Spaceboy” em que Corgan fez em homenagem a seu meio irmão que tem autismo e o peso colossal misturado com um toque de psicodelia e rock progressivo de “Silverfuck”. O disco encerra com duas pérolas em um clima mais ameno: “Luna” e “Sweet Sweet”.

Siamese Dream foi um sucesso e elevou o Smashing Pumpkins ao status de grande banda. Um dos melhores discos da década de 90 que comprovou o talento do grupo, que se tornou uma das mais importantes do rock alternativo norte americano e revelou Billy Corgan como um dos compositores mais talentosos de sua geração.

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