O segundo disco da banda Joy Division, Closer, foi lançado
dois meses após a morte de seu vocalista, Ian Curtis. A capa do disco, a foto
de uma lápide, gerou uma triste coincidência, pois tinha sido escolhida bem
antes do falecimento de Ian, fato que deu um ar mais triste para o álbum. A
foto da lápide foi tirada no Cemitério Staglieno, em Gênova, Itália.
Em relação ao disco anterior, Unknown Pleasures, a banda deu
um salto qualitativo em relação ao seu som. Se no disco anterior o grupo fazia
um som mais básico e raivoso, em Closer há uma maior experimentação de timbres
e reverberações, graças à evolução musical dos integrantes e pela produção
sempre revolucionária de Martin Hannet, que colocou a banda para gravar em uma
espécie de capela, para captar melhor as ressonâncias do som do Joy Division.
A primeira música, “Atrocity Exhibition”, foi inspirada pela
coletânea de romances condensados, com o mesmo nome, do autor J.G. Ballard. A guitarra frenética de Bernard Sumner (não, na verdade quem toca a guitarra nesta música é o baixista Peter Hook, conforme o mesmo relatou em seu livro, Unknown Pleasures), misturada com a bateria tribal de Stephen Morris são o fundo perfeito
para a voz de barítono de Ian Curtis cantar sobre a sede das pessoas por
atrocidades e fatos violentos.
Em “Isolation”, a linha de baixo fantástica de Peter Hook se
mistura com som de sintetizadores com uma letra que fala sobre isolamento, com
uma das letras mais desesperadas de Ian Curtis como nos trechos: "Mãe, eu tentei,
por favor, acredite em mim / Estou fazendo o melhor que posso / Me envergonha
as coisas que tenho feito / Me envergonha a pessoa que sou / Isolamento / isolamento
/ isolamento".
O ritmo lento e claustrofóbico de “Passover” dá fôlego para
o ouvinte poder assimilar a pancada que vem depois. “Colony” tem uma guitarra
metálica, com um ritmo militar que atordoa os ouvidos, com a interpretação
sempre forte de Curtis, com sua voz grave e assustadora, em um dos momentos
mais pesados do álbum.
"A Means to an End" tem uma base rítmica que se
aproxima um pouco do que a banda se tornou depois da morte de Curtis, o New Order,
com mais uma linha de baixo matadora de Peter Hook e uma sonoridade quase
dançante. Na letra, percebe-se mais uma vez o talento de Curtis como nos trechos:
“Nós lutamos para o bem - ficamos lado a lado / Nossa amizade nunca morreu / Em
ondas estranhas - baixas e altas / Nossa visão tocou os céus / Imortais com
pontos a provar / Eu depositei minha confiança em ti.”
“Twenty four hours” tem uma variação repentina de ritmo,
enquanto “Heart and soul” tem uma combinação hipnótica de baixo e bateria,
demonstrando que ali estavam grandes instrumentistas de extrema criatividade. O
disco termina com duas músicas fúnebres, porém muito belas em “Decades” e “The
eternal”.
Closer demonstrou para o mundo a genialidade do Joy Division
e também a mente perturbada e triste de seu vocalista. Ian Curtis se matou em
23 de maio de 1980, depois de saber que sua mulher havia abandonado ele. O rock
perdia ali um de seus poetas mais promissores.
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