24 de novembro de 2013

Closer - A angústia de Ian Curtis

O segundo disco da banda Joy Division, Closer, foi lançado dois meses após a morte de seu vocalista, Ian Curtis. A capa do disco, a foto de uma lápide, gerou uma triste coincidência, pois tinha sido escolhida bem antes do falecimento de Ian, fato que deu um ar mais triste para o álbum. A foto da lápide foi tirada no Cemitério Staglieno, em Gênova, Itália.

Em relação ao disco anterior, Unknown Pleasures, a banda deu um salto qualitativo em relação ao seu som. Se no disco anterior o grupo fazia um som mais básico e raivoso, em Closer há uma maior experimentação de timbres e reverberações, graças à evolução musical dos integrantes e pela produção sempre revolucionária de Martin Hannet, que colocou a banda para gravar em uma espécie de capela, para captar melhor as ressonâncias do som do Joy Division.


A primeira música, “Atrocity Exhibition”, foi inspirada pela coletânea de romances condensados, com o mesmo nome, do autor  J.G. Ballard. A guitarra frenética de Bernard Sumner (não, na verdade quem toca a guitarra nesta música é o baixista Peter Hook, conforme o mesmo relatou em seu livro, Unknown Pleasures), misturada com a bateria tribal de Stephen Morris são o fundo perfeito para a voz de barítono de Ian Curtis cantar sobre a sede das pessoas por atrocidades e fatos violentos.

Em “Isolation”, a linha de baixo fantástica de Peter Hook se mistura com som de sintetizadores com uma letra que fala sobre isolamento, com uma das letras mais desesperadas de Ian Curtis como nos trechos: "Mãe, eu tentei, por favor, acredite em mim / Estou fazendo o melhor que posso / Me envergonha as coisas que tenho feito / Me envergonha a pessoa que sou / Isolamento / isolamento / isolamento".

O ritmo lento e claustrofóbico de “Passover” dá fôlego para o ouvinte poder assimilar a pancada que vem depois. “Colony” tem uma guitarra metálica, com um ritmo militar que atordoa os ouvidos, com a interpretação sempre forte de Curtis, com sua voz grave e assustadora, em um dos momentos mais pesados do álbum.





"A Means to an End" tem uma base rítmica que se aproxima um pouco do que a banda se tornou depois da morte de Curtis, o New Order, com mais uma linha de baixo matadora de Peter Hook e uma sonoridade quase dançante. Na letra, percebe-se mais uma vez o talento de Curtis como nos trechos: “Nós lutamos para o bem - ficamos lado a lado / Nossa amizade nunca morreu / Em ondas estranhas - baixas e altas / Nossa visão tocou os céus / Imortais com pontos a provar / Eu depositei minha confiança em ti.”

“Twenty four hours” tem uma variação repentina de ritmo, enquanto “Heart and soul” tem uma combinação hipnótica de baixo e bateria, demonstrando que ali estavam grandes instrumentistas de extrema criatividade. O disco termina com duas músicas fúnebres, porém muito belas em “Decades” e “The eternal”.

Closer demonstrou para o mundo a genialidade do Joy Division e também a mente perturbada e triste de seu vocalista. Ian Curtis se matou em 23 de maio de 1980, depois de saber que sua mulher havia abandonado ele. O rock perdia ali um de seus poetas mais promissores.













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