5 de novembro de 2013

Discografia Básica - The Queen is Dead

The Queen is Dead foi o terceiro álbum dos Smiths e foi lançado no ano de 1986, com a produção do guitarrista Johnny Marr e do vocalista Morrissey, com a colaboração do produtor Stephen Street. Na capa aparece o ator Alain Delon como se estivesse morto, em cena de um filme da década de 60.

O Smiths desde o início de sua carreira foi uma banda que atraiu atenção principalmente do público jovem mais tímido, pessoas que talvez não se encaixassem tanto no perfil roqueiro, de bandas pesadas e com temas às vezes sexistas. 


O peso da música dos Smiths não está tanto no som, nas guitarras barulhentas ou na bateria pesada, mas sim na força das letras de Morrissey e na atmosfera densa criada pela guitarra minimalista de Johnny Marr e na “cozinha” que preenche o som perfeitamente, do baterista Mike Joyce e do baixista Andy Rourke.

The Queen is Dead é um álbum que tem letras que criticam a situação da Inglaterra dos anos 80, principalmente a família real, a primeira ministra Margareth Tatcher e a Igreja. Com certeza temas bem mais pesados do que falar sobre o medo do escuro ou sobre o número da besta. 

Começando pela faixa título, a espetacular “The queen is dead”, Morrissey dá um verdadeiro esporro na família real, e se recusa a se curvar a uma rainha que não representa nem ele e nem a juventude britânica. A ironia genial utilizada na letra casa perfeitamente com a bateria pesada e as camadas de guitarra utilizadas por Johnny Marr.

Sobra até para o “coitado” do príncipe Charles: “Charles, você nunca desejou aparecer na primeira página do Daily Mail / vestido com o véu nupcial da sua mãe?". A igreja também é alvo da metralhadora giratória de Morrissey: “Passe pelo bar que consome seu corpo / e na Igreja que vai tomar seu dinheiro”. No final Morrissey decreta: “A Rainha está morta, garotos / e é tão solitário no limbo / A vida é muito longa quando se está sozinho”.




Na faixa seguinte “Frankly Mr. Shankly”, Morrissey ironiza o diretor de sua gravadora, a Rough Trade. Em “I know it´s over”, o Smiths faz uma de suas mais belas músicas, com uma letra triste, em que o autor lamenta estar sozinho mesmo sendo divertido e inteligente: “Se você é tão divertido / por que então está sozinho nesta noite?”.

Na música “I know it´s over”, Morrissey capta bem o sentimento dos jovens mais tímidos e que não se encaixam tão bem na sociedade, com dificuldades de exprimir seus sentimentos. Talvez por esta sinceridade lírica de Morrissey, o Smiths tenha conseguido conquistar em sua breve carreira, fãs tão fervorosos ao redor do mundo.

Na letra de “Cemetery Gates” é condenado o plágio, sendo citados poetas como Oscar Wilde. “Bigmouth strikes again” é um dos maiores clássicos do Smiths, com uma belíssima combinação de acordes de violão de Johnny Marr com uma letra que foi inspirada em uma declaração de Morrissey a uma revista, em que ele lamenta que Margareth Thatcher tenha escapado de um atentado a bomba. 




“The boy with the thorn in his side” é outra música com belos violões e com uma letra que fala sobre um garoto que não consegue se ajustar ao mundo ao seu redor. “Vicar in a tutu” é sobre um vigário que gosta de se vestir de bailarina, insinuando o homossexualismo dentro da Igreja católica.


“There is a light that never goes out” tem uma letra que fala de uma união amorosa que não poderia ser destruída, como no trecho: “E se um caminhão de dez toneladas / Matasse a nós dois / Morrer ao seu lado / Bem, o prazer e o privilégio seriam meus”, com um arranjo belíssimo de cordas e uma interpretação fantástica de Morrissey.

Para finalizar, “Some girls are bigger than others” tem a guitarra cheia de arpejos característica de Johnny Marr, com uma letra irônica de Morrissey, que cita Cleópatra e Marco Antônio.

O Smiths durou pouco tempo e terminou suas atividades em 1987, devido ao temperamento de Morrissey e Marr, que nunca toparam uma volta da banda, mesmo sendo oferecidos milhões de dólares por alguns festivais para que a banda fizesse pelo menos um show de reunião. Apesar deste pouco tempo de existência, o Smiths marcou uma era dentro do rock, principalmente com sua maior obra prima, o disco The Queen is Dead. 

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