Em 1984 o RPM gravou
um EP que já contava com as músicas “Louras Geladas” e “Revoluções por minuto”.
Neste registro a banda utilizou bateria eletrônica, pois seu baterista, Charles
Gavin, saiu do grupo para integrar o Titãs, substituindo André Jung. (Leia mais
sobre isto aqui).
Este EP gerou interesse de
várias gravadoras e o RPM acabou fechando contrato com a gravadora Sony. Em
1985 sairia o primeiro disco da banda, Revoluções Por Minuto. A capa do disco
foi uma escolha dos músicos de um quadro feito por um amigo artista plástico. A
gravadora não gostou muito da escolha, pois queria uma foto dos integrantes na
capa, tentando explorar a boa aparência de Paulo Ricardo e Fernando Deluqui,
porém o desenho estilizado da banda foi o escolhido. O baterista P.A. não
aparece na capa, pois entrou no grupo no meio das gravações do álbum.
Não demorou muito para o
disco estourar. Logo na primeira música, “Rádio pirata”, a banda constrói um
verdadeiro hino, com um refrão contagiante. O tecladinho simples, mas
extremamente “ganchudo”, com uma linha de apenas três notas feito por Luiz
Schiavon virou um dos riffs mais interessantes do rock nacional até então.
Ponto para Schiavon, que mesmo sendo um pianista com formação erudita, conseguia
criar algo simples, mas extremamente interessante.
“Olhar 43” foi outro sucesso
estrondoso do disco. A linha de baixo feita com Slap por Paulo Ricardo, mostra
que ele não só era um galã que agradava as meninas, mas também um bom
instrumentista que tinha muito conhecimento técnico. Mesmo com uma letra
complexa (mas muito bem construída) e sem refrão a música foi uma das mais
tocadas daquele ano.
O belo piano e o clima
emocional de “A cruz e a espada” fizeram desta canção uma das mais belas do
disco. Alguns anos depois a música foi regravada com a participação de Renato
Russo. O belo rock “Estação do inferno” mostra bem o que era o RPM, uma banda
extremamente coesa, que conseguia misturar elementos do rock com
sintetizadores, com extrema competência.
“Louras Geladas” selou de
vez o sucesso do RPM no país inteiro, tocando exaustivamente em várias rádios
ao mesmo tempo. Este sucesso gerou uma espécie de “Beatlemania” em relação à
banda, com fãs enlouquecidas na porta do hotel, gritando o dia inteiro e shows
lotados pelo Brasil todo.
Enquanto o lado A do álbum
era mais pop, com músicas mais dançantes, o lado B era bem mais denso. A banda
mergulhava no rock progressivo e fazia letras mais sérias e politizadas. Músicas
como “Liberdade / guerra fria”, “Juvenília” e a pesada “P´resse Vício” tinham
letras que retratavam a realidade política e econômica da época.
Para encerrar o álbum, a
emblemática “Revoluções por minuto”, foi feita em cima da um som de teclado
sequenciado, que teve sua velocidade aumentada e fica em repetição. O forte barulho
do começo da música se tratava de uma corrente de ferro sendo jogada em um
cinzeiro. Com uma letra contundente que retratava a situação política daquele
momento, mostra que Paulo Ricardo era um talentoso letrista também.
Revoluções Por Minuto foi um
daqueles momentos da música em que tudo se encaixou perfeitamente. A química
entre os integrantes, o momento da indústria musical da época, que precisava de
uma sonoridade mais moderna e a necessidade de ídolos da juventude dos anos 80
geraram um dos melhores álbuns de rock feitos no Brasil. O talento dos quatro
integrantes também foi fundamental para o êxito deste trabalho. O RPM
infelizmente nunca mais chegou perto da qualidade deste álbum, mas deixou uma
marca definitiva na história da música brasileira.
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