No final dos anos oitenta,
mais precisamente em 1989, a banda paulistana Titãs lançava seu quinto disco “O
Blesq Blom”. Neste trabalho o grupo fez uma mistura de rock, mpb, funk (o
original, não o do Rio) e música regional, graças à participação da dupla
pernambucana Mauro e Quitéria, que a banda encontrou em uma praia em uma viagem
ao Recife.
Este álbum foi muito
elogiado pela crítica e rendeu sucessos como “Miséria”, “Flores” e “O Pulso”. O
disco também influenciou garotos que posteriormente criaram o movimento “Mangue
Beat” nos anos noventa, como Fred 04 e Chico Science. O Titãs chegava ao final
dos anos oitenta como uma das bandas mais bem sucedidas do rock brasileiro.
O começo dos anos noventa
não foi nada fácil para o rock nacional, outros ritmos começavam a ganhar mais
espaço (como o sertanejo e a lambada) e um novo governo logo de cara soltou um
plano econômico mirabolante que confiscou o dinheiro da poupança das pessoas,
gerando uma crise ainda maior na economia, minguando os shows e dando muito prejuízo
aos músicos em geral.
Foi neste clima caótico que
a banda entrou em estúdio em 1991 para gravar seu sexto trabalho. O Titãs
resolveu que iria meter a mão na massa e se auto produzir. O objetivo era fazer
um som mais cru, mais rock e com letras mais fortes, com temas na maioria das
vezes escatológicos.
O disco começa com muito
peso, em “Clitóris” a letra reverencia este órgão que tem somente uma função no
corpo da mulher: dar prazer. “Já” tem uma daquelas letras clássicas e
totalmente influenciadas pelo non sense e pela escola concretista, nela Arnaldo
Antunes questiona: “Você já tentou varrer a areia da praia?”.
Em “Isso pra mim é perfume”
Nando Reis faz uma canção escatológica de amor, com os versos mais podres
possíveis: “Isso para mim é enfeite / A cabeça do pau / Faz esporra de leite /
Pra tomar de manhã / No café da manhã / E também no almoço / E depois no jantar”
e “Amor / eu quero te ver cagar”. Canções com letras de apenas duas ou três
estrofes também chamam a atenção neste álbum como “Não é por falar” e “Obrigado”.
O disco “Tudo ao Mesmo Tempo
Agora” foi muito criticado pelo jornalismo musical e foi um fracasso de vendas,
por motivos óbvios, mas mostrou uma banda ousada, que resolveu chutar a balde e
mandar tudo pra puta que pariu. O disco posterior, “Titanomaquia”, veio ainda
mais raivoso e pesado, com a produção de Jack Endino, produtor do primeiro
disco do Nirvana, “Bleach”. Esses dois trabalhos do Titãs são hoje cultuados
pelos fãs, mostrando que o Titãs é uma das poucas bandas no Brasil que
conseguem fazer rock pesado em português como muita propriedade.
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