A MTV Brasil teve sua
primeira transmissão em outubro de 1990, com o clipe “Garota de Ipanema” de
Marina Lima com apresentação da VJ Astrid Fontenelle. Desde então, uma nova
geração de jovens foi influenciada pela linguagem dinâmica e diferente deste
canal, um canal totalmente voltado para a música, fato inédito na televisão
brasileira.
A história do videoclipe no
Brasil começou em 1975, com o programa Fantástico da Rede Globo. O primeiro
clipe produzido foi “América do Sul” de Ney Matogrosso e durante os anos 80 o
programa continuou produzindo videoclipes de diversos artistas. Outros
programas relacionados à música que marcaram época nos 80 foram o Clip Trip da
TV Gazeta e o Som Pop de TV Cultura.
A chegada ao Brasil de um
canal totalmente voltado para a música causou uma grande expectativa, tanto
para o público como para os artistas em geral. Chegando como canal UHF, a MTV
veio com uma programação inicial em sua maior parte de sua matriz
norte-americana (cerca de 75 por cento da programação) e uma pequena parte de
produção nacional.
Com o passar do tempo, a MTV
Brasil foi aumentando seu espaço para as produções nacionais. Mesmo com baixo
orçamento a MTV sempre fez programas pioneiros e que tinha uma linguagem bem
diferente dos canais abertos.
Outra grande característica
da MTV Brasil eram os apresentadores. Jovens talentosos e carismáticos, que
entendiam bastante de música, o que dava um maior respaldo ao canal na hora de
falar sobre os artistas. Muitos deles marcaram época, como Astrid, Gastão Moreira,
Thunderbird, Cuca entre outros.
O jornalismo da emissora
também foi um de seus pontos fortes em toda sua trajetória. Quem não se lembra
do Semana Rock, apresentado por Zeca Camargo, depois pela Cris Couto, em que se
mostravam as notícias que foram importantes durante a semana no mundo musical,
sempre com uma linguagem inteligente e com precisão nas informações, com entrevistas
que fugiam do padrão das outras emissoras.
A MTV Brasil tinha também
programas segmentados, para um público musical específico. Se você gostava de
rock alternativo tinha o Lado B, apresentado pelo “Reverendo” Fábio Massari, um
cara mais do que especialista no assunto. Se gostasse de metal, tinha o Fúria
Metal, apresentado pelo Gastão e assim por diante. O mais legal era que sempre alguém
que entendia do assunto que apresentava o programa, fato que dava mais credibilidade
ao que era transmitido.
Com o passar do tempo, o
canal foi diversificando sua programação, incluindo programas de humor,
entretenimento e desenhos animados. Como não lembrar do humorístico Hermes e
Renato, Contos de Thunder, Aeon Flux, Turma do Fudêncio, Beavis & Butt Head
entre outros.
A influência musical da MTV
Brasil na minha geração foi muito grande. Eu por exemplo, das bandas que eu gosto
99 por cento eu conheci pela MTV. Esta mistura de música e imagem contribuiu e
muito para a evolução da indústria musical, principalmente no início dos anos
90, talvez a última grande fase da música. Época em que um novo videoclipe era
muito esperado pelos fãs e era o principal meio de divulgação dos artistas.
O advento da Internet e dos
novos meio de se adquirir música por download no início dos anos 2000, fez com
a MTV se adaptasse a esta nova realidade, focando também sua programação em seu
site e fazendo programas que tinham a participação direta do público por
e-mail, substituindo a tradicional comunicação por carta, que marcou a emissora
durante boa parte dos anos 90.
Dentro desta nova realidade
a emissora começou a focar sua programação em um público ainda mais
adolescente, dando mais espaço para as chamadas “Boy Bands” e artistas mais
Pop, tirando um pouco aquela imagem de emissora mais puxada para a música
alternativa, como ficou marcada em seus primeiros anos de exibição.
A partir de 2009 a MTV
Brasil começou a passar por problemas financeiros. Não é fácil manter uma
emissora que não foca sua programação em programas policiais, novelas ou com
temas religiosos. Ainda mais sem o apoio de dinheiro público, o que mantém, por
exemplo, uma emissora como a TV Cultura, que não tem tanta audiência e
patrocinadores, pelo fato de priorizar um conteúdo de mais qualidade e serviço
social.
Este ano, após inúmeras
especulações, o grupo detentor dos diretos da emissora, o Grupo Abril, devolveu
sua parte para a Viacom, empresa que detém os direitos da MTV americana. A partir
de 1º de outubro a MTV Brasil deixou de existir como canal UHF, tornando-se
canal por assinatura e se chamando apenas MTV.
Mesmo em meio a esta crise,
a MTV Brasil produziu bons programas este ano, mesmo sem muitos recursos, como
o seriado A Menina Sem Qualidades, e os humorísticos Último Programa do Mundo e
Overdose. O último clipe a ser passado pela emissora em sua despedida foi
“Maracatu Atômico” do Chico Science e Nação Zumbi.
Vamos aguardar para ver o
que será desta nova MTV, mas de qualquer forma encerra-se um dos capítulos mais
interessantes da televisão brasileira, de um canal que sempre primou pela
criatividade e por produções acima da média.
Atualização 2/10/2013
Ontem estreou a nova MTV.
Logo de cara um programa apresentado pelo Fiuk, com participação da maior
picareta da atualidade, a tal de Anita. Um programa “coxinha”, estilo
Multishow. Depois, um reality show que procura uma nova namorada para o
“cantor” Supla. Pelo visto a MTV vai seguir uma linguagem mais certinha como o
do canal Multishow. Aquela emissora criativa e irreverente, pelo visto ficou
para trás.
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