13 de outubro de 2013

Os 25 anos do disco Psicoacústica

Em 1988, a banda paulistana Ira! lançava seu terceiro álbum, “Psicoacústica”. Depois de um grande sucesso com o disco “Vivendo e não aprendendo” de 1986, com música na abertura novela das 8 (Flores em você) e clássicos  como “Dias de luta”, “Envelheço na cidade” e “Pobre Paulista”, a banda buscava algo diferente, uma outra sonoridade e novos elementos, característica que acompanhou o Ira! a cada novo álbum lançado.

A capa original do disco acompanhava uns óculos 3D, para que os fãs pudessem perceber o efeito visual psicodélico da capa, graças ao anáglifo da capa nas cores verde e vermelha, que causavam um efeito tridimensional na imagem quando visualizados com os óculos.


Como principais inspirações do disco estão o rock psicodélico dos anos 60 e o filme de Rogério Sganzerla de 1968 “O Bandido da Luz Vermelha”, um dos maiores e mais instigantes filmes feitos no Brasil. No disco foram inseridas algumas partes do áudio do filme, com as falas clássicas dos personagens como “Terceiro mundo vai explodir!” e “Quem tiver de sapato não sobra, não pode sobrar!”.




O panorama social e político do Brasil em 1988 não era dos melhores (e quando foi?), governo Sarney, hiperinflação, desemprego e etc. Este contexto inspirou os integrantes do Ira! (Nasi, Edgard Scandurra, Gaspa e André Jung) a fazer um disco com letras com críticas sociais, falando sobre violência e as desigualdades causadas pelo capitalismo.

Logo na abertura do disco, a fantástica “Rubro Zorro”, é narrada a história do Bandido da Luz Vermelha do filme, sendo uma trilha sonora perfeita para o clássico filme de Rogério Sganzerla. Na música seguinte, “Manhãs de domingo”, há um clima de nostalgia e infância que ficou para trás, com uma sonoridade pesada e psicodélica ao mesmo tempo. Em “Poder, sorriso, fama” a guitarra genial de Edgard Scandurra dialoga perfeitamente com a bateria marcial de André Jung, enquanto Nasi divaga na letra sobre os percalços da fama. 




O reggae “Receita para se fazer um herói” é mais uma novidade no som do Ira!, com uma letra que fala como se faz um herói, como se fosse uma receita de bolo. O petardo “Pegue essa arma” é um tapa na cara que critica a violência e as injustiças do capitalismo. Na música “Farto do rock n´roll”, Edgard Scandurra leva a crer que está cansado do rock, querendo buscar outras sonoridades, mas na verdade é uma crítica a Nasi e André Jung que na época estavam se envolvendo com o rap.




Em “Advogado do diabo” a banda inova mais uma vez, misturando rock, embolada e rap, o que acabou influenciando o grande artista do Mangue Beat Chico Science. Nesta música, Nasi divide os vocais com o baterista André Jung. Para terminar, mais psicodelia na belíssima “Mesmo distante”, para fechar este clássico disco com chave de ouro.

Psicoacústica foi um fiasco de vendas e como todo grande disco visionário, só foi reconhecido muitos anos depois. É considerado hoje em dia um dos melhores discos do rock brasileiro e um dos álbuns mais inventivos dos anos 80. Um dos pontos altos da discografia de uma das bandas mais importantes do rock nacional.










2 comentários:

  1. Bela resenha. Realmente esse foi um disco visionário onde a banda de rock mais rocker disse "já estou farto do rock'n'roll". Rubro Zorro é uma HQ musicada. Poder, Sorriso, Fama mostra uma batida tribal e potente. Manhãs de Domingo trás uma letra interessante e Mesmo Distante encerra o disco com chave de ouro. As outras faixas, mesmo não citadas, são ótimas. Nesse álbum a banda mostrou um crescimento musical notável.

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  2. Outra coisa legal do disco é ter trazido à tona um dos maiores filmes já feitos no Brasil - O bandido da luz vermelha. Muita gente conheceu o filme após este álbum do Ira!

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