Quando foi anunciada a saída
de Peter Hook do New Order alguns anos atrás, parecia que seria o fim do New
Order. Muita gente, inclusive eu, não botava muita fé que a banda conseguiria
se reinventar sem um de seus fundadores e sem aquela sonoridade de baixo única
que Hook fazia tanto no Joy Division quanto no New Order.
Este ano saiu Music
Complete, novo disco de inéditas da banda inglesa e toda a desconfiança caiu
por água baixo depois das primeiras audições. Com a ajuda de Stuart Prince
(produtor de Madonna entre outros) e Tom Rowlands do Chemical Brothers, o grupo
fez um disco pop de alta qualidade, talvez seu melhor trabalho nas últimas duas
décadas. Uma mistura que a banda sabe fazer com muita propriedade entre a
música eletrônica com guitarras rápidas e certeiras e a voz frágil e
emocional de Bernard Sumner.
O disco abre com o primeiro
single lançado do álbum, “Restless” é uma tradicional canção do New Order, com
elementos eletrônicos, uma linha de baixo interessante sem tentar imitar a
sonoridade “hookyana” com uma letra reflexiva com um tom um tanto melancólico. “Singularity”
tem uma batida feita para as pistas de dança, ritmo envolvente e teclados
interessantes. Na letra uma possível referência aos tempos de Joy Division: “Quatro
almas perdidas que não podem voltar para casa / O meu amigo não está aqui, nós
derramamos nossas lágrimas”.
“Plastic” é bem anos 80, com
vocais femininos estilo Primal Scream, enquanto “Tutti Frutti” lembra algumas
coisas do disco Technique de 1989, graças ao vocal robótico utilizado no começo
da música. A canção tem participação da cantora La Roux assim como na música
seguinte, “People on the high line” que funciona muito bem para tocar nas pistas
de dança, com um piano estilo house music da virada dos anos 80 para os 90.
“Stray dog” é uma faixa
surpreendente com a participação de Iggy Pop, cantando/recitando uma letra
sombria, na música mais experimental do álbum. “Academic” é outra candidata a
hit do disco, com uma levada pop envolvente com violões e sintetizadores e um
refrão muito inspirado, lembrando os melhores momentos do New Order. “Nothing
but a fool” tem uma levada oriental no começo se transformando durante sua
execução em mais uma bela canção pop com guitarras marcantes e belos vocais femininos.
“Unlearn this hatred” é
outra canção feita para as pistas de dança, envolvente e dançante, enquanto “The
game” tem um interessante looping eletrônico e solos simples e marcantes de guitarra no final. Para fechar o disco, “Superheated” tem a participação do ilustre
filho do New Order, Brandon Flowers do The Killers (o nome do grupo foi
retirado da banda fictícia do clipe do New Order, “Crystal” de 2001) e termina
o disco no clima que permeia todo o álbum, sem deixar a peteca
cair.
Em Music Complete, o New
Order consegue algo improvável: superar a saída de um integrante
chave e fazer um disco de alto nível. A banda não caiu na armadilha de tentar
imitar o som feito pelo baixo de Hook e de certa forma se livrou de um clichê, afinal aquela sonoridade de baixo era algo que parecia ser obrigatório
no trabalho do grupo. Um grande disco que vai acrescentar novos sucessos ao extenso
catálogo de hits de banda. Vida longa ao New Order!
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