5 de outubro de 2015

New Order supera saída de Peter Hook e lança grande álbum

Quando foi anunciada a saída de Peter Hook do New Order alguns anos atrás, parecia que seria o fim do New Order. Muita gente, inclusive eu, não botava muita fé que a banda conseguiria se reinventar sem um de seus fundadores e sem aquela sonoridade de baixo única que Hook fazia tanto no Joy Division quanto no New Order.


Este ano saiu Music Complete, novo disco de inéditas da banda inglesa e toda a desconfiança caiu por água baixo depois das primeiras audições. Com a ajuda de Stuart Prince (produtor de Madonna entre outros) e Tom Rowlands do Chemical Brothers, o grupo fez um disco pop de alta qualidade, talvez seu melhor trabalho nas últimas duas décadas. Uma mistura que a banda sabe fazer com muita propriedade entre a música eletrônica com guitarras rápidas e certeiras e a voz frágil e emocional de Bernard Sumner.

O disco abre com o primeiro single lançado do álbum, “Restless” é uma tradicional canção do New Order, com elementos eletrônicos, uma linha de baixo interessante sem tentar imitar a sonoridade “hookyana” com uma letra reflexiva com um tom um tanto melancólico. “Singularity” tem uma batida feita para as pistas de dança, ritmo envolvente e teclados interessantes. Na letra uma possível referência aos tempos de Joy Division: “Quatro almas perdidas que não podem voltar para casa / O meu amigo não está aqui, nós derramamos nossas lágrimas”.

“Plastic” é bem anos 80, com vocais femininos estilo Primal Scream, enquanto “Tutti Frutti” lembra algumas coisas do disco Technique de 1989, graças ao vocal robótico utilizado no começo da música. A canção tem participação da cantora La Roux assim como na música seguinte, “People on the high line” que funciona muito bem para tocar nas pistas de dança, com um piano estilo house music da virada dos anos 80 para os 90.

“Stray dog” é uma faixa surpreendente com a participação de Iggy Pop, cantando/recitando uma letra sombria, na música mais experimental do álbum. “Academic” é outra candidata a hit do disco, com uma levada pop envolvente com violões e sintetizadores e um refrão muito inspirado, lembrando os melhores momentos do New Order. “Nothing but a fool” tem uma levada oriental no começo se transformando durante sua execução em mais uma bela canção pop com guitarras marcantes e belos vocais femininos.

“Unlearn this hatred” é outra canção feita para as pistas de dança, envolvente e dançante, enquanto “The game” tem um interessante looping eletrônico e solos simples e marcantes de guitarra no final. Para fechar o disco, “Superheated” tem a participação do ilustre filho do New Order, Brandon Flowers do The Killers (o nome do grupo foi retirado da banda fictícia do clipe do New Order, “Crystal” de 2001) e termina o disco no clima que permeia todo o álbum, sem deixar a peteca cair.

Em Music Complete, o New Order consegue algo improvável: superar a saída de um integrante chave e fazer um disco de alto nível. A banda não caiu na armadilha de tentar imitar o som feito pelo baixo de Hook e de certa forma se livrou de um clichê, afinal aquela sonoridade de baixo era algo que parecia ser obrigatório no trabalho do grupo. Um grande disco que vai acrescentar novos sucessos ao extenso catálogo de hits de banda. Vida longa ao New Order!


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