O cantor e guitarrista Ryan
Adams é um daqueles grandes artistas que são ignorados pelo grande público.
Na década de 90 participou da promissora banda Whiskeytown, que lançou apenas
dois álbuns. Em 2000, Adams lançou seu primeiro disco solo, Heartbreaker, que foi
muito elogiado pela crítica e bem recebido pelo público do rock alternativo.
Dotado de uma bela voz e ótimas
composições, Adams foi lançando praticamente um disco por ano, mesmo sem
estourar nas paradas de sucesso. Entre estes lançamentos podemos destacar o
disco Gold, de 2002, que tem o sucesso “New York, New York” que virou um hino
sobre o trágico atentado de 2001 e o disco Rock’n´Roll de 2003 (o meu disco
preferido dele) em que Adams ironiza o rock alternativo em geral, com indiretas
a bandas como Strokes entre outras.
Este ano o cantor aprontou
mais uma e resolver regravar o disco inteiro da maior estrela da música pop
atual, Taylor Swift. 1989 foi lançado pela cantora ano passado e foi o último
grande fenômeno de vendas da música. Adams resolveu refazer os arranjos de
todas as canções do disco e mostrar sua versão musical do trabalho de Swift. O
resultado final ficou bem interessante, mostrando uma versão rock e folk de
canções pop feitas para o consumo em massa.
Sinceramente antes de ouvir
o disco original tinha um preconceito com a tal Taylor Swift. Tinha uma imagem
de uma cantora pop daquelas insuportáveis da atualidade, mas tenho que assumir
que após ouvir as canções de seu último trabalho admito que ela sabe fazer boas
canções pop sem ser insuportável. Isto fica mais evidente ao se ouvir as
versões da Adams, que mostram que por trás daqueles arranjos exagerados do pop
atual, pode haver uma grande canção escondida.
Na abertura do disco, Ryan
Adams faz uma versão estilo Bruce Springsteen de “Welcome to New York” transformando-a
em um rock potente e vigoroso. A versão de Swift tem um vocal adolescente e uma
batida mais dance e oitentista. Em “Blank space” Adams faz um arranjo que
prioriza a delicadeza de dedilhados de violão, com uma voz quase sussurrada,
que dá um clima melancólico e nostálgico à canção. O original de Taylor Swift é
um pop característico, com batida eletrônica e refrão marcante.
Adams transforma “Style” em
um rock arrebatador com refrão explosivo e bons riffs de guitarra, melhorando
ainda mais a versão original, um pop bem feito e com excelente melodia. “Out of
woods” é transformada em uma balada folk triste e melancólica, enquanto a
original tem outra abordagem, com batida eletrônica e clima nostálgico.
A versão feita de “All you
have to do is stay” por Adams é bem mais inspirada do que de Swift, com uma
interpretação mais roqueira, enquanto a original prioriza violões e batidas dançantes.
O dance pop feito por Swift em “Shake it off” dá lugar a um clima mais interessante
na versão de Ryan Adams, com um tom mais dark e teclados interessantes.
“Bad blood” nas mãos de
Adams vira um folk rock bem mais emocional, enquanto o original de Swift é um
pop descartável com participação de um Rapper mala. “Wildest dreams” se torna
um delicioso soft rock estilo Fleetwood Mac na versão de Ryan, enquanto a
original é um pop bem anos 80. “I know places” encerra o disco com uma batida
envolvente e guitarras com tremolo, enquanto a versão original é uma balada
acústica sem maiores emoções.
Esse despretensioso disco de
covers de Ryan Adams não vai mudar o mundo, mas é um álbum excelente, mostrando
que estruturalmente as canções de Taylor Swift têm qualidades, mas pecam pelos
excessos que a indústria musical atual impõe, com canções às vezes
padronizadas, para se ouvir em pequenos aparelhos de MP3. Ponto para Adams, que
mostra ser um dos artistas mais interessantes e surpreendentes da atualidade.
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