15 de outubro de 2015

Ryan Adams melhora canções de Taylor Swift em sua versão de 1989

O cantor e guitarrista Ryan Adams é um daqueles grandes artistas que são ignorados pelo grande público. Na década de 90 participou da promissora banda Whiskeytown, que lançou apenas dois álbuns. Em 2000, Adams lançou seu primeiro disco solo, Heartbreaker, que foi muito elogiado pela crítica e bem recebido pelo público do rock alternativo.


Dotado de uma bela voz e ótimas composições, Adams foi lançando praticamente um disco por ano, mesmo sem estourar nas paradas de sucesso. Entre estes lançamentos podemos destacar o disco Gold, de 2002, que tem o sucesso “New York, New York” que virou um hino sobre o trágico atentado de 2001 e o disco Rock’n´Roll de 2003 (o meu disco preferido dele) em que Adams ironiza o rock alternativo em geral, com indiretas a bandas como Strokes entre outras.

Este ano o cantor aprontou mais uma e resolver regravar o disco inteiro da maior estrela da música pop atual, Taylor Swift. 1989 foi lançado pela cantora ano passado e foi o último grande fenômeno de vendas da música. Adams resolveu refazer os arranjos de todas as canções do disco e mostrar sua versão musical do trabalho de Swift. O resultado final ficou bem interessante, mostrando uma versão rock e folk de canções pop feitas para o consumo em massa.

Sinceramente antes de ouvir o disco original tinha um preconceito com a tal Taylor Swift. Tinha uma imagem de uma cantora pop daquelas insuportáveis da atualidade, mas tenho que assumir que após ouvir as canções de seu último trabalho admito que ela sabe fazer boas canções pop sem ser insuportável. Isto fica mais evidente ao se ouvir as versões da Adams, que mostram que por trás daqueles arranjos exagerados do pop atual, pode haver uma grande canção escondida.

Na abertura do disco, Ryan Adams faz uma versão estilo Bruce Springsteen de “Welcome to New York” transformando-a em um rock potente e vigoroso. A versão de Swift tem um vocal adolescente e uma batida mais dance e oitentista. Em “Blank space” Adams faz um arranjo que prioriza a delicadeza de dedilhados de violão, com uma voz quase sussurrada, que dá um clima melancólico e nostálgico à canção. O original de Taylor Swift é um pop característico, com batida eletrônica e refrão marcante.


Adams transforma “Style” em um rock arrebatador com refrão explosivo e bons riffs de guitarra, melhorando ainda mais a versão original, um pop bem feito e com excelente melodia. “Out of woods” é transformada em uma balada folk triste e melancólica, enquanto a original tem outra abordagem, com batida eletrônica e clima nostálgico.

A versão feita de “All you have to do is stay” por Adams é bem mais inspirada do que de Swift, com uma interpretação mais roqueira, enquanto a original prioriza violões e batidas dançantes. O dance pop feito por Swift em “Shake it off” dá lugar a um clima mais interessante na versão de Ryan Adams, com um tom mais dark e teclados interessantes.

“Bad blood” nas mãos de Adams vira um folk rock bem mais emocional, enquanto o original de Swift é um pop descartável com participação de um Rapper mala. “Wildest dreams” se torna um delicioso soft rock estilo Fleetwood Mac na versão de Ryan, enquanto a original é um pop bem anos 80. “I know places” encerra o disco com uma batida envolvente e guitarras com tremolo, enquanto a versão original é uma balada acústica sem maiores emoções.

Esse despretensioso disco de covers de Ryan Adams não vai mudar o mundo, mas é um álbum excelente, mostrando que estruturalmente as canções de Taylor Swift têm qualidades, mas pecam pelos excessos que a indústria musical atual impõe, com canções às vezes padronizadas, para se ouvir em pequenos aparelhos de MP3. Ponto para Adams, que mostra ser um dos artistas mais interessantes e surpreendentes da atualidade. 


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