10 de janeiro de 2014

Discografia Básica - Meat is Murder

A banda inglesa The Smiths entrou em estúdio em 1985 para gravar seu segundo disco, com objetivo de fazer um álbum que soasse um pouco diferente de seu disco de estreia de 1984. O grupo queria novas sonoridades e um som que captasse melhor o que a banda reproduzia nos shows.


As concepções ideológicas de Morrissey, letrista e vocalista da banda, ficaram ainda mais explícitas neste trabalho. A começar pela capa, a foto de um soldado vietnamita, já causava um impacto que Morrissey gostava de deixar em seus trabalhos e neste disco ele vem mais afiado e contundente em suas ideologias e letras.

Em “Headmaster ritual” (O ritual do diretor), Morrissey fala sobre os abusos físicos sofridos na escola em que estudou na infância, como nos trechos: “O professor golpeia você nos joelhos / Dá uma joelhada na sua virilha / Cotovelada no seu rosto / Hematomas maiores que pratos de jantar” ou “Ele me agarra e devora / Me bate nos chuveiros / Me bate nos chuveiros / E me agarra e devora”. Uma das letras mais contundentes de Moz.




Em "Rusholme Ruffians", o Smiths pega emprestada (para não dizer copia) a base rítmica da música “His latest flame” de Elvis Presley. A banda não colocou os créditos no disco e curiosamente não sofreu nenhum tipo de processo, mas fez sua homenagem ao autor em seu disco ao vivo "Rank", no qual quando é tocada esta música, Morrissey canta a letra original da canção de Elvis.

"That Joke Isn't Funny Anymore" fala sobre alguém que está provocando Morrissey, como uma espécie de bullying, em uma música que tem um clima tenso e emocionante: “Quando você ri de pessoas / Que se sentem tão sozinhas / Que o seu único desejo é morrer” e “Mas esta piada não tem mais graça / É muito familiar / E é muito doloroso”.

“How soon is now” foi incluída apenas na versão em cd do disco, não fazendo parte do lançamento original. Mesmo um pouco fora do contexto do álbum, é uma música fantástica que só acrescenta a este clássico dos Smiths. As críticas à família real também não poderiam faltar e estão presentes em “Nowhere fast”: “Eu gostaria de baixar minhas calças para a rainha / Qualquer criança sensível saberá o que isso significa / Os pobres e necessitados / São mesquinhos e gananciosos no ponto de vista dela”.

“Barbarism beggins at home” tem uma linha de baixo fantástica feita por Andy Rourke num estilo mais “funky” com uma letra que critica a violência doméstica. Para encerrar o disco, a tensa “Meat is murder”, que critica o consumo de carne, afirmando que carne é assassinato: “E a carne que você distraidamente frita / Não é suculenta, saborosa ou algo do tipo / É morte sem razão / E morte sem razão é assassinato”. 




O guitarrista Johnny Marr também é outro destaque deste álbum. Um dos maiores guitarristas de todos os tempos, neste trabalho ele mostra versatilidade, seja nos arpejos hipnóticos de “Headmaster ritual”, no rockabilly de "Rusholme Ruffians", nas porradas de “What she said” e “Nowhere fast”, nos efeitos de guitarra de “How soon is now” e na funkeada “Barbarism beggins at home”.

Com Meat is Murder, o The Smiths se consolidou como uma das melhores bandas de sua geração e foi o único disco do grupo a ficar em primeiro lugar da parada britânica. Um trabalho que só não é mais reconhecido porque logo em seguida o Smiths lançou um disco ainda mais clássico: "The Queen is Dead". 



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