26 de março de 2020

Morrissey surpreende e lança um grande álbum

Morrissey sempre foi um artista polêmico, mas nos últimos anos seu comportamento ranzinza e seu apoio a um partido de extrema direita da Inglaterra e seu repúdio a imigrantes em várias entrevistas gerou uma revolta em boa parte de seus fãs, muitos deles agora pegaram ranço dele e não querem mais saber de suas músicas e novos lançamentos. 


Em 2019, Morrissey lançou um disco de covers chamado “California Son”, um trabalho que achei bem mediano, com versões mornas de artistas como Bob Dylan e Joni Mitchel. Parecia que seria a derrocada do cantor inglês, facilitando a vida de quem estava disposto a odiá-lo.

No dia 20 de março saiu o novo disco de Morrissey chamado “I am Not a Dog on a Chain”, depois de lançar algumas músicas ao longo dos últimos meses. O novo trabalho tem bastante da música eletrônica e é superior ao bom último disco de inéditas, “Low in High School” de 2017 e também superior ao irregular “World Peace is None of Your Bussiness” de 2014.


O álbum começa com a ótima “Jim Jim Falls” com batidas eletrônicas e um ótimo refrão e levada inspirada. A letra fala de uma pessoa que está pensando em cometer suicídio e que Morrissey pouco se importa com isso. “Love Is On It´s Way Out” também é bem inspirada, quase um Trip-Hop, enquanto ‘'Bobby, Don’t You Think They Know?' conta com a voz da lenda da Motown, Thelma Houston, com toques eletrônicos e de Soul Music. 




I Am Not a Dog on a Chain” é provocativa, Morrissey fala na letra que não é um cachorro adestrado e que tem sua própria opinião e que não precisa da mídia. “What Kind of People Live in These Houses” tem uma boa pegada pop e “Knackbout World” é uma das melhores do disco, com refrão que fica na cabeça. “Darling I Hug a Pilow” tem sopros e um arranjo bem suave e a letra trata de solidão e amor platônico, temas recorrentes no começo de carreira de Morrissey. 


O álbum dá uma caída na ok “The Truth About Ruth” e na tentativa de ser Bowie em “The Secret of Music”, que é muito longa e não muda muito durante sua execução. O disco termina com a ótima e épica “My Hurling Days are Done” lembrando os melhores momentos da carreira do cantor inglês desde sua fase nos Smiths.


I Am Not a Dog in Chain” é o melhor e mais consistente trabalho de Morrissey nos últimos anos. Se no começo de carreira, nos Smiths, Morrissey era um artista que escrevia o que os adolescentes tímidos e rejeitados queriam ouvir, hoje é um velho retrógrado que apoia o fascismo e a xenofobia e que parece não estar nem aí com seus fãs. O problema é que suas canções continuam ótimas e ele continua com a voz intacta e cantando muito, ao contrário de muitos cantores de sua idade. Um grande dilema para os fãs que não concordam com suas ideias muitas vezes estúpidas e polêmicas. 


4 comentários:

  1. muito bom e super informativo esse seu texto meu irmão sobre o genial, talentoso mas sempre polêmico Morrissey

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  2. Concordo inteiramente, é um grande dilema para os fãs que não concordam com suas ideias muitas vezes estúpidas e polêmicas. Parabéns pelo texto!

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