28 de março de 2018

Depeche Mode faz show espetacular e inesquecível no Allianz Parque


Depois de vinte quatro anos, o Depeche Mode finalmente embarcou em São Paulo para dar continuidade à turnê Global Spirit Tour, que desta vez chegou aos países da América Latina, ao contrario da última turnê da banda. O único show dos ingleses no Brasil tinha sido em 1994 no antigo Olímpia, na zona Oeste de São Paulo. Um show polêmico que não agradou muito aos fãs, em uma fase do grupo em que o vocalista Dave Gahan passava por muitos problemas com uso de drogas.


A chuva teimava em cair em São Paulo e o público já todo encharcado esperava ansiosamente o show no estádio do maior campeão do Brasil e primeiro campeão mundial de clubes quando exatamente às nove e quarenta e cinco da noite, o Depeche Mode entra no palco e abre o show com a faixa “Going Backwards” do último disco deles, o excelente “Spirit” (leia a resenha aqui). Uma canção que fala sobre o estado atual do mundo, em que estamos regredindo à uma mentalidade de homens das cavernas em que os pensamentos conservadores e de extrema direita estão ganhando proporções preocupantes ao redor do mundo.

Na segunda música já vem o primeiro hit da noite, “It´s No Good” do subestimado disco Ultra de 1996 (a banda tocou cinco músicas deste disco no show, mais até do que o disco atual). O público já começava a ficar na mão da banda, cantando em uníssono a letra e o belo refrão da música. O vocalista Dave Gahan é um show à parte: dança, rebola, canta muito e preenche todo o palco com muita vitalidade e carisma mesmo já com seus cinquenta e cinco anos de idade.

“Barrel Of A Gun” também do disco Ultra vem em seguida com seu clima tenso e dark, seguida por “A Pain That I Used To” do álbum Playng The Angel de 2005. Outro destaque do show são os videoclipes que passam no telão durante a maioria das músicas, vídeos dirigidos pelo quase integrante não oficial do Depeche, Anton Corbijn. Em “Cover Me” música do disco Spirit, um videoclipe ao fundo que mostra o vocalista Dave Gahan como um astronauta desiludido dá um outro tom à canção, que tinha tudo para ser um momento de calmaria do show, mas se transformou em um dos momentos mais intensos e belos da apresentação.

Depois de “Cover Me” Gahan sai do palco (para dar uma respirada também, pois não para um segundo quando está no palco) e dá espaço para que o guitarrista e compositor de quase todas as canções da banda, Martin Gore, cantar “Insight” e “Home” do disco Ultra (é turnê de divulgação do Ultra ou do Spirit afinal? Hehehe). Gore canta e toca magistralmente nas duas canções e mostra que também é um dos destaques do Depeche Mode. O tecladista grandalhão Andrew Fletcher também seu valor, mas é mais discreto fica ali na sua, fazendo as bases e mexendo com a galera de vez em quando.

Na reta final antes do Bis, uma enxurrada de hits de tirar o fôlego: “Everything Counts”, “Stripped”, “Enjoy the Silence” e “Never Let Me Down Again” levaram o público ao delírio com todo mundo cantando e viajando no tempo com músicas que foram trilhas sonoras de nossas vidas. Destaque também para o tecladista e baterista de apoio da banda que elevaram ainda mais a qualidade da apresentação do Depeche Mode.

Na abertura do bis, Marin Gore canta uma versão mais tranquila da clássica “Strangelove” do não menos clássico álbum “Music For The Masses” de 1987, uma versão linda e emocionante. Para finalizar mais uma trinca de clássicos, “Walking On My Shoes” (com um belíssimo vídeo ao fundo em que mostra um artista transexual se transformando), “A Question of Time” e para encerrar com chave de ouro o Glam Rock de “Personal Jesus”.

Um show intenso, vibrante e emocionante que mostra que o Depeche Mode é que nem vinho, quanto mais tempo fica melhor, uma banda que não se apega só ao passado, que conseguiu se reinventar através dos anos e lançar um disco atual e vibrante como “Spirit”, um dos melhores lançamentos do ano passado. Uma apresentação inesquecível, sem dúvida alguma. Longa vida ao Depeche Mode!



Setlist:

Going Backwards
It's No Good
Barrel of a Gun
A Pain That I'm Used To
Useless
Precious
World in My Eyes
Cover Me
Insight
Home
In Your Room
Where's the Revolution
Everything Counts
Stripped
Enjoy the Silence
Never Let Me Down Again


Bis:
Strangelove
Walking in My Shoes
A Question of Time
Personal Jesus

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