21 de abril de 2014

Novos sons: Savages

O rock atual está infestado por bandas indies “coxinhas” que fazem um som bem comercial travestido de música alternativa. Bandas como Arcade Fire, que fazem um rock de arena, mas se dizem alternativos só para agradar o público em geral. Na maioria destas bandas falta aquela pegada, aquele “punch” que o rock antigamente costumava ter.


Algumas bandas acabam resgatando então esta pegada de fases anteriores do rock. Este é o caso da Savages, um quarteto inglês só de garotas, que tem como integrantes a vocalista Jehnny Beth, a guitarrista Gemma Thompson, a baixista Ayse Hassan e a baterista Fay Milton. Impossível ouvir a banda e não associar o som a grupos do pós-punk como Siouxsie and the Banshees e Joy Division, principalmente pela voz de Jehnny e as linhas de baixo marcantes de Ayse Hassen.


A primeira vez que ouvi falar da banda foi quando o jornalista André Barcinski comentou sobre o show delas no Lollapalooza do Chile deste ano, falando sobre como eram sexys e boas de palco. Confesso que quando vi um clipe da banda não achei nada de sexy ali, mas vendo depois o show delas pela tv no Brasil vi que realmente a vocalista é mesmo sexy mesmo com aquele visual Ian Curtis dela. Aliás, o show delas no Lollapalooza Brasil foi um dos melhores do festival, com muito vigor e com um rock muito bem tocado. 

Ano passado saiu o primeiro disco da banda, Silence Yourself. Neste trabalho de estreia o grupo mostra um rock com bastante distorção, baixo pulsante e bateria furiosa. As letras também são boas e passam longe do feminismo panfletário que se espera de uma banda atual que só tenha mulheres com visual forte e andrógeno. Com forte apelo visual, o Savages mostra uma banda feminina que não precisa apelar para vulgaridade para se destacar, outra qualidade a ser valorizada nesta banda.



A música de abertura “Shut up” já mostra logo de cara as principais características da banda, uma guitarra nervosa, linha de baixo muito bem marcada, bateria forte e a interpretação segura da vocalista Jehnny Beth. As distorções da boa guitarrista Gemma Thompson dão tom nas músicas seguintes, como em “I am here” e “City´s Full”. Os belo riffs de “Strife” e “She will” (riff que lembra mais bandas do rock alternativo americano como Sonic Youth e Mudhoney), também se destacam neste disco.



A banda também acerta quando desacelera um pouco como em “Waiting for a sign” e na bela música de encerramento “Marshall dear”. Na instrumental “Dead nature” podemos perceber que o grupo também ouviu muito Bauhaus em sua formação musical. A temática do disco também é interessante, o nome do disco (traduzindo: Silencie-se) mostra a ideia do ser humano voltar mais a si mesmo, olhar e refletir sobre suas atitudes.





As meninas do Savages se sairiam muito bem neste primeiro disco, com um rock pulsante e direto, mostrando serem boas instrumentistas. Um rock não muito original, que remete a várias influências oitentistas, mas com mais acertos do que erros. Uma banda com muito mais testosterona do que muita banda por aí que só tem marmanjos. 





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