7 de abril de 2014

Grandes discos de 1994: Superunknown

O Soundgarden começou no final de 1993 a gravar seu quarto de álbum, no estúdio Bad Animals em Seattle. A banda tinha chegado a um relativo sucesso com o disco anterior, Badmotorfinger, que tinha grandes músicas como “Ousthined” e “Rusty cage”, mas em comparação com outras bandas de Seattle, como Nirvana e Pearl Jam, não tinha um disco que chegasse ao topo das paradas como Nevermind e Ten.


Superunknown foi lançado em março de 1994 e foi produzido por Michael Beinhorn e mixado por Adam Kasper e o produtor do Pearl Jam, Brendan O’Brien. A capa do disco é uma foto distorcida da banda sobre uma imagem de ponta cabeça de uma floresta pegando fogo. A sonoridade do disco é um avanço ao rock feito nos discos anteriores, as músicas estão mais trabalhadas e com arranjos mais variados do que Badmotorfinger.


A banda sempre foi a mais puxada para o metal, comparada com as outras de Seattle. O guitarrista Kim Thayl nunca escondeu em seus poderosos riffs as influências de Black Sabbath e Led Zeppelin. Outra grande qualidade do Soundgarden foi sempre a voz potente e limpa de Cris Cornell, que conseguia agudos que vocalistas como Kurt Cobain e Eddie Vedder obviamente não conseguiam alcançar.

“Let me drown” abre o disco com um riff poderoso e um instrumental muito conciso e bem trabalhado, com um refrão matador que ganha muita força com o vocal de Cornell. “My wave” é talvez o momento mais descontraído (ou menos denso) do disco. “Fell on black days” mostra que o Soundgarden também pode desacelerar um pouco e fazer uma música menos pesada sem perder a qualidade e impacto.




“Mailman” é um rock arrastado e de clima denso, bem característico da banda. “Superunknown” mostra toda a capacidade vocal de Cris Cornell e “Head down” é cantada pelo baixista Ben Shepard, sendo a música bem diferente das demais com um clima meio oriental. Outra música composta e cantada pelo baixista é “Half” um das últimas do disco.

“Black hole sun” é o até hoje o maior sucesso do Soundgarden. A introdução e arranjo de guitarras são fantásticos enquanto a letra fala sobre uma espécie de apocalipse causado por um buraco negro do sol. O videoclipe da música também marcou época e ganhou diversos prêmios na MTV. “Spoonman” é sobre um artista de rua que fazia percussão com colheres, sendo que na música o próprio artista faz um solo ao fundo com suas colheres. 





“The day I tried to live” particularmente é a minha preferida do disco. Lembro-me até hoje quando via o clipe me preparando para ir à escola. Bons tempos do rock dos anos 90. O álbum ainda tem ótimos momentos, como no rock rápido e direto de “Kickstand”, em “4th of July” e na épica “Like Suicide”. Superunknown tem mais de 70 minutos de música, mas a qualidade das músicas não torna o disco “arrastado”. Destaque também para a produção de Michael Beinhorn, que usou muitos overdubs, o que contribuiu em muito para mostrar melhor a força do som do Soundgarden.



Superunknown é o melhor e mais bem sucedido disco do Soungarden. Mostra uma banda em seu melhor momento artístico, no ápice de sua técnica e criatividade. Uma banda com grandes instrumentistas, mas que não utilizam de sua habilidade para fazer firulas ou virtuosismos desnecessários. Cris Cornell com sua voz fora do comum, Kim Thayl com seus riffs fantásticos (e sua expressão séria e sem nunca mostrar algum tipo de sentimento), o competente baixista Ben Shepard e o ótimo baterista Matt Cameron (que hoje toca também no Pearl Jam) criaram um álbum que é um dos melhores dos anos 90.





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