16 de setembro de 2013

Ideologia: Eu quero uma para viver

Lá se vão 25 anos do lançamento do disco Ideologia de Cazuza e as letras e concepções ideológicas do disco continuam atuais. Ideologia foi o terceiro e melhor disco da carreira solo de Cazuza, lançado depois de Exagerado (1985) e Só se for a dois (1987).

Em 1988, após fazer tratamento contra a AIDS no final de 1987, Cazuza começou as gravações daquele que seria seu melhor e mais elaborado disco até então. A banda de apoio para a gravação do disco contava com os seguintes integrantes: Nilo Romero no baixo, Rogério Meanda na guitarra, João Rebouças nos teclados e Fernando Moraes na bateria e percussão.




O disco já diz a que veio a partir de sua capa, no qual são misturados diversos símbolos ideológicos, como a Suástica e a Estrela de Davi, o que gerou certa polêmica na época. Nada mal para Cazuza, um artista provocador e irreverente desde sempre. A produção ficou a cargo de Nilo Romero e o amigo de longa data Ezequiel Neves.

Começando pela música título, o riff de guitarra clássico e primeira frase da letra da música “Meu partido/É um coração partido” já demonstram que não se trata de um disco qualquer. “Meu heróis morreram de overdose/ Meus inimigos estão no poder” é outra frase clássica e emblemática do disco, culminando com o refrão perfeito “Ideologia/ Eu quero uma pra viver”. 





Na segunda música, “Boas Novas” Cazuza já mostra sua luta contra a AIDS: “Senhoras e senhores/ Trago boas novas/ Eu vi a cara da morte e ela estava viva”. Em “O assassinato da flor”, é narrada em forma de poesia a história de uma fã que quer entregar-lhe flores “Foi por amor/ O assassinato da flor”.

Em “Orelha de Eurídice” Cazuza faz uma analogia utilizando o personagem da mitologia grega, se destacando o arranjo de saxofone da música. “Guerra Civil” é uma parceria de Cazuza com o cantor Ritchie.

A música “Brasil” é um dos maiores clássicos do rock brasileiro e da carreira de Cazuza, uma parceria com George Israel do Kid Abelha, uma letra atual até os dias de hoje, “Brasil mostra a tua cara/ Quero ver quem paga pra gente ficar assim” ou “Meu cartão de crédito é uma navalha”. “Brasil” fez sucesso também na voz da Gal Costa, sendo a música trilha sonora da novela global “Vale Tudo” em 1988.


“Um trem para as estrelas” é uma parceria com Gilberto Gil, outra belíssima música com um arranjo bem sutil, mas com uma letra nem tanto “Estranho teu Cristo Rio/Com os braços sempre abertos/ Mas sem proteger ninguém”. “Vida fácil” critica aqueles que só querem se dar bem e “Blues da Piedade” declara: “Vamos pedir piedade/ Senhor piedade/ Pra essa gente careta e covarde”

“Obrigado por ter se mandado” é outra letra irônica de Cazuza, agradecendo ao amor que se foi por ter saído de sua vida. “Minha flor, meu bebê” é uma balada com uma letra muito bela, um dos momentos suaves do disco. Para finalizar, “Faz parte do meu show” com seu arranjo de cordas, meio bossa nova, mostra na letra um Cazuza romântico e provocador. Ganhou o prêmio de melhor música do Troféu Imprensa de 1988.

Cazuza nos deixou no dia 7 de julho de 1990, deixando um legado inestimável para o rock e a música brasileira em geral. Um artista único que com este disco conseguiu reunir aquilo que tinha de melhor em seu trabalho, tanto como letrista, tanto como cantor. 








2 comentários:

  1. Embora eu prefira Renato Russo como letrista, acho que Cazuza tem seu nome gravado no panteão dos poetas do rock nacional. Nesse álbum ele demonstra maturidade e deixa de ser um "exagerado" para tornar-se alguém preocupado com outras temáticas como a batalha diária para sobreviver a uma patologia como a AIDS, cutuca os alienados que só querem sombra e água fresca e esfrega na cara de uma nação a arrasadora Brasil que alfineta o jeito brasileiro de ser. Enfim, um ótimo trabalho de um artista já quase no fim de suas forças físicas.

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    1. É verdade Janerson, Ideologia é o melhor trabalho de Cazuza, na minha opinião e melhor música dele é Vai à luta. Abraço!

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