22 de setembro de 2013

A obra prima de Raul Seixas: Gita

Uma vez há alguns anos, trabalhei com um cara que uma vez me disse que a música do Raul Seixas era (palavras dele) uma “baianice”, de forma pejorativa. Eu na época, não conhecia tanto a obra de Raul, apenas tinha aquela imagem do cantor maluco beleza, que gravou com o Balão Mágico e que tinha diversos covers mais malucos ainda, por isto nem falei nada para este cidadão.

Hoje, conhecendo um pouco melhor a obra deste grande artista da música brasileira, teria xingado este cara e falado que ele não entende porra nenhuma de música. Raul Seixas foi um artista revolucionário, de grande talento, que deixou uma obra de grande qualidade. 


Em 1974, Raul Seixas e Paulo Coelho criaram a Sociedade Alternativa, inspirada nos conceitos de Aleister Crowley, no qual o lema era “Faça o que tu queres, há de ser tudo da lei”. A ditadura militar através do Dops prendeu e mandou para o exílio nos Estados Unidos, Paulo Coelho e Raul Seixas, pois pensavam que a Sociedade Alternativa era um movimento armado contra o governo.

Gita, terceiro álbum de Raul, foi lançado em 1974 e foi o disco mais vendido de sua carreira, alcançando a marca de 600 mil cópias. A capa do disco é uma provocação ao regime militar, nela o cantor está vestido de guerrilheiro com um boné ao estilo Che Guevara e uma guitarra vermelha, em clara alusão ao socialismo.

O álbum tem como grande característica o ecletismo de estilos musicais, entre eles o rock, o folk, baião, bolero e blues. Logo na primeira música “Super Heróis”, Raul narra uma história cômica e coloca diversas personalidades no meio da viagem, como Pelé, Emerson Fittipaldi e Marlon Brando.


Na música “Medo da Chuva”, Raulzito demonstra na letra que não acredita muito na monogamia, fato que se comprova no documentário “O início, o fim e o meio” no qual a fama de conquistador do músico é comprovada pelas suas musas.

Em “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”, um baião com letra em forma de repente, Raul critica aqueles que o acusam de “Profeta do apocalipse”. “Moleque maravilhoso” tem um clima meio Frank Sinatra, com arranjo ao estilo big band, outra música que demonstra a versatilidade do disco.



Logo na música seguinte, o Maluco Beleza já muda totalmente de estilo e faz um bolero ao estilo Nelson Gonçalves na música “Sessão das dez”, com uma grande interpretação vocal. Na sequência três clássicos da carreira de Raul “Sociedade Alternativa, “Trem das sete” e “S.O.S”.

Para terminar este clássico álbum vem a música “Gita” talvez a canção mais emblemática da carreira de Raul Seixas. A música foi inspirada no livro hindu com mais de seis mil anos chamado “Bhagavad Gita”. A música fez grande sucesso na época e ganhou um clip no programa Fantástico. 


Raul Seixas nos deixou no dia 22 de agosto de 1989, devido a complicações geradas pelo alcoolismo, porém sua obra continua atual e sua contribuição para a música brasileira está marcada para sempre, um artista que deixou um legado de ousadia e desprendimento ao que está estabelecido. 










3 comentários:

  1. Verdadeiro mito. Raul foi o pai do rock e trouxe até nós, seus fãs, inúmeras pérolas musicais. Até mesmo o pior de Raul estava e está acima do trabalho de muitos pseudorockers.

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