Ontem no Morumbi o U2 fez a
primeira de quatro apresentações em São Paulo de sua nova turnê, na qual toca
na íntegra seu disco mais emblemático, The Joshua Tree, de 1987. (Leia a
resenha sobre este álbum aqui). Para a abertura do show, ninguém mais ninguém
menos do que Noel Gallagher, o eterno guitarrista e compositor de todas as
grandes músicas do Oasis.
Cheguei na hora que começou
o show do Noel, depois de passar uma hora e quarenta no trânsito para chegar ao
Morumbiba, um dos piores lugares para shows na cidade de São Paulo. Péssima localização,
sem metrô, sem trem etc...O irmão mais velho de Liam Gallagher cumpriu bem seu
papel fazendo um belo show, mesclando músicas de seus dois bons discos solos (o
homônimo de 2011 e Chasing Yesterday de 2015) com hits do Oasis.
A galera recebeu mornamente
as canções solo de Noel, mas quando ele tocou clássicos dos anos noventa como “Champagne
Supernova” e “Wonderwall” o estádio inteiro cantou junto. Destaque também para
a boa música nova (Beatles puro pra variar) que ele tocou chamada “Holy Mountain”,
que deverá estar em seu próximo disco solo.
Às vinte e uma horas e
quinze minutos o U2 entrou no palco e logo de cara mandou minha música
preferida deles, a política “Sunday Bloody Sunday” com seu riff inicial clássico,
a batida marcial de Larry Mullen Jr. na bateria e o vocal inspiradíssimo de Bono Vox,
estava tudo ali, em uma versão fiel à original do disco War de 1983. Não
poderia haver um começo melhor, levando o público ao delírio logo de cara. Em
seguida outra paulada, “New Year´s Day” trouxe de volta o clima idealista dos
anos 80, com um Bono Vox olhando para o horizonte, acreditando em um mundo
melhor, relembrando o épico videoclipe da música.
“Bad” do disco “Unforgettable
Fire” de 1984 veio em seguida, com uma citação de “Heroes” de David Bowie no
meio da música. “Pride (In The Name of Love”) do mesmo disco veio em seguida
levando o público ao êxtase. Acabava assim a primeira parte do show, a dos
clássicos dos anos oitenta, para começar assim a parte mais emblemática do
show: A execução na íntegra do disco The Joshua Tree.
A sensação de ouvir os
acordes iniciais de “Where The Streets Have No Name” é indescritível, é aquele
momento em que os pelos do braço se arrepiam e dá aquela vontade de cantar a
canção com todas as suas forças. É nessas horas que percebemos como The Edge se
transformou em um dos guitarristas mais importantes de todos os tempos, com seu
estilo ao mesmo tempo minimalista e com aquele timbre de guitarra
inconfundível.
“I´m Still Haven´t Found What I´m Looking For”
e “With or Without You” foram cantadas em uníssono pelo público como não
poderia deixar de ser. A politizada “Bullet The Blue Sky” veio com peso em
seguida e logo depois começou a parte mais densa do álbum, na qual o público
ficou mais contemplando do que outra coisa. Destaque para as canções em que
Bono tocou gaita (muito bem, por sinal) como em “Trip Through Your Wires” e
para a canção “Êxit” que ganhou um peso a mais ao vivo.
Depois do final do disco The
Joshua Tree a banda voltou para o primeiro bis, onde tocou a fase mais pop da
banda dos anos 2000. Apesar de serem canções menos impactantes dentro do
repertório do grupo, “Beatiful Day”, “Elevation” e “Vertigo” ao vivo tem uma
energia impressionante fazendo balançar o velho e ultrapassado estádio. No
segundo bis, uma homenagem da banda a todas as mulheres do mundo em “Ultraviolet
(Light My Way)” e a nova e interessante “You´re The Best Thing About Me” e para
fechar com chave de ouro a emocionante e clássica “One” do disco Achtung Baby
de 1991.
Durante o show Bono fez
declarações politizadas, citando também em um momento do show Renato Russo e
Cazuza, o baterista Larry Mullen Jr. usava uma camisa escrita “Censura Nunca
Mais” talvez um recado aos idiotas do MBL. Esta turnê se mostra mais “simples”
do que as anteriores, sem toda aquela parafernália tecnológica, “apenas” com um
telão gigantesco com imagens que dialogam com as canções. É um U2 com uma pegada
mais roqueira e engajada, com aquele espírito dos anos oitenta.
O grupo mostrou também que
está em grande forma, mesmo com quarenta anos de estrada e os integrantes
beirando os sessenta anos, com Bono Vox cantando muito, mesmo com algumas
limitações vocais devido à idade. Detalhe negativo foi o curto setlist com
apenas vinte uma músicas, mas o U2 não decepcionou ninguém, fazendo um show
tecnicamente perfeito e muito emocionante. Uma experiência incrível, sem dúvida
alguma.
Setlist Noel Gallagher:
Setlist U2:
- The Whole of the Moon(The Waterboys song)
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(with "O Alquimista" and "Heroes" snippets)
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- The Joshua Tree
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(with "California (There Is No… more )
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(with "The Star-Spangled… more )
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(with "Wise Blood" and "Eeny Meeny Miny Moe" snippets)
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- Encore:
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(with "Starman" snippet)
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(with "Rebel Rebel" snippet)
- Encore 2:
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(with "Invisible" refrain)
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