22 de janeiro de 2016

Último disco de David Bowie é uma genial despedida

Como todos já sabem, David Bowie deixou este mundo no dia 10 de janeiro deste ano, dois dias após lançar seu último disco, que tem sido chamado de Blackstar. Muito já se foi dito sobre Bowie, que ele era o “camaleão” do rock entre outros clichês do tipo, mas o certo é que ele foi um dos artistas mais revolucionários da história da música pop universal. Sempre inquieto, com guinadas surpreendentes em sua carreira, se tornou um ícone tanto musical como comportamental, ditando mudanças na moda e na música. (Leia sobre as diferentes faces de Bowie aqui.)

Depois de mais de dez anos longe dos estúdios, Bowie lançou em 2013 o disco The Next Day, (leia a resenha sobre o disco aqui.) meio que de surpresa quando quase ninguém esperava um novo lançamento dele. Um disco com grandes ganchos pop que foi sucesso de crítica e de público. Seu mais novo e derradeiro disco, Blackstar, é bem mais introspectivo e com bastante influência de Jazz e música experimental. O tom das canções dá a entender que Bowie talvez já sentisse que estes seriam seus últimos dias e que sua inevitável morte estava por vir. Ninguém da imprensa ficou sabendo que o cantor estava com câncer em estado avançado e de forma repentina, Bowie acabou falecendo no dia 10 de janeiro em sua casa, junto a sua família.

“Blackstar”, música de abertura do álbum é um épico de quase dez minutos, com um clima tenso e claustrofóbico, com uma sonoridade densa que mistura Jazz e batidas eletrônicas. Bowie nesta canção é uma espécie de mensageiro com frases enigmáticas que falam sobre a morte como no trecho “Algo aconteceu no dia que ele morreu / O espírito ascendeu um metro e então se afastou / Alguém tomou seu lugar e bravamente chorou / (Eu sou uma estrela negra, eu sou uma estrela negra)”. No meio da canção há uma mudança de andamento em que se percebe uma voz mais frágil do cantor, mostrando uma vulnerabilidade provavelmente por causa de seu estado de saúde.


"Tis a pity she was a whore" é um pouco mais leve que a anterior, com ótimos arranjos de sax e piano, misturando jazz e experimentalismo com o sax de Donny McCaaslin soando de forma livre em cima da harmonia da música. “Lazarus” tem um clipe em que Bowie  está com olhos vendados como se estivesse em seus últimos momentos, percebendo que está indo para outra dimensão mesmo sem conseguir se desconectar totalmente do mundo terreno.


"Sue (Or in a season of crime)" tem uma base rítmica mais caótica, enquanto “Girls loves me” tem um acento mais eletrônico, lembrando coisas do disco Earthling de 1997, com um belo refrão. “Dollar days” é uma emocionante balada ao piano e um com um lindo arranjo de sax. “I can´t give everything away” encerra o disco com um clima mais pop meio anos oitenta, em tom de despedida e com um fantástico solo de guitarra ao final.

Como em toda sua carreira, David Bowie lançou mais um trabalho em que eleva a arte a sua maior potência, uma obra que fecha com extrema competência uma discografia repleta de grandes discos e canções que influenciaram milhões de pessoas e diversos artistas em todo mundo. Fica a lembrança de um artista completo que nunca se acomodou e sempre surpreendeu. Obrigado Bowie!



2 comentários:

  1. Muito bom texto! Ainda vou dar uma conferida neste álbum!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu Milton! O disco é bem denso principalmente a primeira música, mas vale muito a pena ouvir.

      Excluir