Em 2005 saiu Quatro, último
álbum de inéditas dos Los Hermanos. A banda após a turnê de divulgação deste
disco anunciou um hiato em suas atividades, sem previsão de retorno. Desde
então são esporádicos shows de reunião e discos solos lançados tanto por Marcelo
Camelo e Rodrigo Amarante, deixando uma legião de fãs à espera de um novo
trabalho de estúdio.
Os Los Hermanos apareceram
para o grande público no final dos anos 90, com o grudento hit “Ana Júlia”. O
grupo surgiu em uma lacuna surgida no rock brasileiro dos anos 90, que tinha
bandas como o Raimundos, com suas letras sacanas e debochadas e o Planet Hemp,
com seu discurso favorável à legalização da maconha. Faltava uma banda com um discurso
mais poético, que desse vontade de pegar o encarte e dar uma lida nas letras.
Foi aí que os Los Hermanos conseguiram achar uma brecha e conquistar o público.
Com seu primeiro disco
lançado em 1999, com uma mistura de ska, hardcore e letras românticas, o grupo
chegou ao topo das paradas e teve “Ana Júlia” regravada até mesmo por uma
artista internacional, Jim Capaldi, que teve a participação do eterno Beatle
George Harrison na guitarra. Começava ali uma relação de amor e ódio, uns
adoravam o grupo, outros já começava a odiar, devido principalmente e melodia
grudenta de seu maior hit.
Em 2001 veio a grande
guinada na carreira dos quatro barbudos. Bloco do Eu Sozinho foi lançado e
mostrou uma banda muito mais madura e com músicas muito mais experimentais do
que o disco anterior. A gravadora estranhou muito a demo que a banda fez para
este álbum, a mudança no estilo musical e quase não lançou o disco. Foi ai que
se separou o joio do trigo, quem eram os fãs da moda por causa de “Ana Júlia” e
quem realmente entendeu o trabalho da banda e passou a seguir o grupo a cada
novo álbum.
Com um considerável número
de fãs conquistados em 2003 saiu o melhor disco deles, na minha opinião:
Ventura é uma coleção de canções cativantes, que alinhavam bons arranjos de metais
com letras com nível poético um pouco acima da média do rock nacional da época.
Músicas como “O vencedor”, “Cara estranho” e “Último romance” viraram pequenas
pérolas do rock brasileiro do inicio dos anos 2000, conquistando um número maior
de fãs, em sua maioria, universitárias de cursos de humanas, que suspiravam a
cada sílaba dita por Camelo e cia.
Em 2005 saiu o derradeiro
disco do Los Hermanos, 4. Um disco bem mais introspectivo, sem o tradicional
uso de metais e um clima mais triste e melancólico. Desde então saiu apenas um
álbum ao vivo em 2007 e nada de um novo lançamento. As carreiras colo de
Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante vão muito bem e os shows de reunião vão
rendendo uma boa grana para a banda, afinal os caras tem muitas contas para
pagar e é o trabalho deles, mas fica a sensação de um certo oportunismo, por
que não lançar um novo trabalho então?
Talvez o fato de ter dois
compositores na banda tenha acarretado em certo desgaste e competitividade entre os dois, afinal no primeiro
disco eram 12 músicas de Marcelo Camelo e 2 de Amarante e no último vemos um equilíbrio,
são 7 de Camelo e 5 de Rodrigo Amarante. Fica então a expectativa dos fãs de um
dia os Los Hermanos se animem a gravar um trabalho com músicas inéditas, para o
delírio dos fervorosos fãs e desespero dos tradicionais detratores do grupo.
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