13 de outubro de 2014

Out Of Time – O disco que abriu as portas para o rock alternativo

Eu estava voltando da escola no início dos anos 90. No caminho ouvi uma música que estava tocando em um som de alguma loja e esta canção mexeu bastante comigo, que na época estava com uns 10 anos de idade. Aquela melodia forte e melancólica me acertou em cheio e anos depois fui descobrir que esta canção era “Losing my religion” do R.E.M. Não demorou muito para se transformar em uma das minhas bandas preferidas.


Out Of Time era o sétimo disco de estúdio da banda e o segundo por uma grande gravadora, a Warner. O disco anterior, Green de 1988 tinha feito muito sucesso nos Estados Unidos, mas a banda ainda não tinha estourado no resto do mundo. Lançado em 11 de março de 1991, Out Of Time foi o disco de maior sucesso da carreira do R.E.M. vendendo mais de dez milhões de cópias.

Neste trabalho o grupo se afastava um pouco do rock e fazia um disco com uma sonoridade mais trabalhada, abusando de sons de piano, bandolim e arranjo de cordas. Segundo o vocalista Michael Stipe, este álbum não era um disco de rock n´roll e sim sobre memória, tempo e amor. Isto fica mais evidente no clima e nas letras do álbum. Produzido por Scott Litt e pela banda, mostra um R.E.M mais maduro e evoluindo bastante musicalmente. 

A música de abertura, “Radio song” critica as rádios da época e baixa qualidade das músicas que elas tocavam (imaginem as de hoje então). A banda resolveu inovar e chamou o rapper KRS One para cantar na música. “Losing my religion” vem em seguida e se transformou no maior clássico do R.E.M. Na letra, um homem que se vê perdendo a fé e tentando lutar contra isto. Peter Buck faz um arranjo sensacional com bandolim, com riffs simples e ao mesmo tempo emocionantes. O videoclipe da música é um dos melhores feitos em todos os tempos, mudando a linguagem audiovisual dos vídeos musicais depois de seu lançamento. O vídeo foi influenciado pelas obras do pintor Caravaggio e pelo cineasta Andrei Tarkovsky. 



“Low” é música obscura, com uma percussão e climas estranhos, enquanto Michael Stipe canta com resignação e no final explode com raiva. “Near wild heaven” é cantada pelo baixista Mike Mills e tem um clima meio Birds, com dedilhados de guitarra que dão um clima de esperança e nostalgia. “Shiny happy people” foi outro grande sucesso do disco e tem a participação da vocalista do B52’s, Kate Pierson. A letra tem um tom meio irônico, pois o R.E.M. tinha sido criticado por fazer muitas músicas melancólicas, então fizeram esta falsa canção alegre como forma de deboche. 



“Half a world away” é uma daquelas canções tradicionais do R.E.M., emocionante, reflexiva e com poucos acordes. “Texarkarna” é cantada com propriedade pelo baixista Mike Mills, que mesmo tendo uma voz entranha e até mesmo “fanha” acaba transformando esta canção em uma das melhores do álbum. Destaque também para a ótima linha de baixo feita por Mills nesta canção. “Country feedback” é uma música triste com um slide guitar choroso e uma daquelas letras cantada/falada por Stipe. “Me in honey” fecha o disco com mais uma participação de Kate Pierson, em uma parceria que deu muito certo.


Out Of Time chegou ao topo da parada da revista Billboard e iniciou uma nova era dentro do cenário musical da época. O rock alternativo entrava de vez nas programações das rádios, deixando de lado o surrado hard rock feito nos Estados Unidos nos anos 80. O R.E.M. meio que rolou a bola para que o Nirvana com Nevermind aparecesse com tudo e mudasse de vez a indústria fonográfica no início dos anos 90. Out Of Time é um trabalho de uma banda em seu auge criativo e um dos melhores trabalhos do grupo, disco essencial para quem quer entender o que se passou no rock da década de 90.





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