14 de agosto de 2014

Grandes discos de 1994 – Grace

Jeffrey Scott Buckley nasceu em 17 de novembro de 1966 em Memphis. Jeff Buckley como ficou conhecido, era filho do cantor Tim Buckley, cantor de folk que fez sucesso no final dos anos 60 e começo dos anos 70, sendo que seu principal disco, Happy Sad, de 1969 é sempre lembrado em listas de melhores discos da história. Tim Buckley morreu de overdose de heroína aos 28 anos em junho de 1975. Seu filho Jeff tinha na época apenas 8 anos.


Jeff Buckley começou tocando apenas guitarra, pois não queria ser comparado com pai principalmente pela voz, além é claro da grande semelhança física. Tocou em algumas bandas de jazz e funk, até que em 1991 foi chamado a participar de um show tributo a seu pai e acabou cantando algumas canções dele. Além de perceberem ali a semelhança vocal com seu pai, muitos perceberam também o talento de Jeff. Foi neste show que conheceu Gary Lucas e foi convidado a integrar a banda Gods and Monsters. O Gods and Monsters começou a partir de então a chamar a atenção devido a ótimos shows e quando estava prestes a assinar um contrato com uma grande gravadora, Jeff Buckley decidiu seguir em carreira solo.

Em 1992 começou a se apresentar sozinho, só voz e guitarra em um bar chamado Sin-E e logo chamou a atenção de agentes da gravadora Columbia. Em outubro do mesmo ano assinou contrato com a gravadora e antes de gravar seu primeiro disco, fez uma turnê na Europa e gravou o EP Live at Sin-E. Grace, seu primeiro e único disco de estúdio foi lançado em 23 de agosto de 1994 e contou com Mick Ghodahl no baixo, Michael Tighe na guitarra e Matt Johnson na bateria. Buckley além da guitarra e vocal tocou no disco, órgão, dulcimer e tabla. 

Em uma época em que as guitarras do grunge ainda falavam alto nas rádios, Grace apareceu com uma sonoridade diferente, se aproximando mais do soft rock dos anos 70, com uma pitada de blues, folk e música gospel. O álbum é uma coleção de canções que falam sobre perda, saudade e melancolia. Apesar do clima triste, a voz versátil e poderosa de Buckley é um bálsamo e alivia a audição do álbum, graças também aos belos arranjos feitos por Jeff e sua banda de apoio.

“Mojo pin” abre o disco de forma tranquila, mas ao decorrer da música ganha um tom desesperado e um final meio caótico, com grande interpretação vocal de Buckley. “Grace” é uma canção que mostra todo o talento de Jeff, tanto como guitarrista quanto vocalista. “Last goodbye” é muito triste e tem arranjos de corda que podem emocionar o mais duro e frio coração. 



“So real” começa triste e explode em um refrão desesperado, em uma das melhores canções do álbum. “Hallelujah” é uma regravação de Leonard Cohen, mas Buckley canta com tanta autoconfiança que transforma a música em uma canção própria, como todo grande intérprete deve fazer. Em “Corpus Christi Carol” de Benjamim Britten, Buckley mostra sua grande versatilidade vocal, alcançando várias oitavas, algo incomum para uma voz masculina. O disco termina com a hipnótica e tensa “Dream brother”, um grande final para um grande disco.



Grace é sempre lembrado como um dos melhores discos da década de 90 e influenciou muita gente, como Radiohead, Travis e Coldplay. Jeff Buckley tinha conquistado fãs famosos, como Thom Yorke e Cris Cornell. Quando se preparava para gravar seu segundo trabalho de estúdio, Jeff Buckley morreu afogado quando nadava no rio Missisipi em maio de 1997. A música perdia ali um dos seus artistas mais promissores.



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