19 de setembro de 2018

Novo disco da banda Dia Eterno mostra que ainda há música com conteúdo no Brasil


A banda paulistana Dia Eterno foi formada em 2013 e no ano seguinte lançou seu primeiro disco, “A Estação”, gravado de forma totalmente independente e produzido pelos próprios integrantes. As influências desde o início foram basicamente o rock brasileiro dos anos oitenta (Legião Urbana, Plebe Rude, Ira! Titãs e etc..) e bandas como Radiohead, Nirvana e Joy Division.


O cuidado com a mensagem a ser passada no disco, nas letras de seu principal compositor, Roberto Troccoli (que por coincidência sou eu) sempre foi uma característica do grupo, com letras que criticam os problemas sociais e que falam sobre o vazio do ser humano em geral. Destaque para as canções “A Estação”, “Depression Song”, “Cuba” e “Polícia do Pensamento”, esta última, totalmente influenciada pelo livro “1984” de George Orwell.

Este ano saiu finalmente o segundo disco, chamado “A Era da Desinformação”. O trabalho não chega a ser conceitual e muito menos uma Ópera Rock (não temos cacife para isto), mas o que permeia as letras e o clima do álbum é a nossa realidade atual, cheia de “Fake News” e opiniões equivocadas. Com o avanço da tecnologia, ao mesmo tempo em que sabemos de tudo, não sabemos quase nada, devido ao excesso de informações, muitas delas de caráter duvidoso.

“A Era da Desinformação” começa com a pedrada “Admirável Mundo Novo”, canção totalmente influenciada pelo livro de mesmo nome, do autor Aldous Huxley, lançado em 1932. Um pós-punk simples e direto com uma letra que critica o mundo atual, totalmente robotizado e injusto, bem parecido com o mundo imaginado por Huxley em seu clássico livro. “Feliz Ano Velho” vem em seguida e também é um rock bem direto, que fala sobre a corrupção e as velhas promessas que são feitas pelos políticos em todas as eleições no Brasil.



Em “O Cais” o clima e a temática mudam, aqui há tom melancólico de alguém que espera a chegada de seu grande amor, com um solo de guitarra “Herbert Viannico” no final. Uma das canções mais bonitas da banda. “Máquinas do Governo” tem uma batida bem tribal e protesta contra o governo e os impostos abusivos. “Mundo Perdido” tem um som mais viajante, graças ao teclado de Ivan Malta. Na letra, feita pelo baixista Rener Reges, o mundo está prestes a ruir graças ao estado doentio da humanidade atual.



“Labirintos” tem uma pegada meio Capital Inicial e fala sobre os desencontros amorosos de dois jovens. Com uma produção mais elaborada poderia muito bem tocar em qualquer rádio pop rock do Brasil, sem problemas. “Tanto Faz (Esquerda ou Direita)” é outro pós-punk (a banda gosta deste estilo hein?) que fala sobre a eterna briga entre a Esquerda e a Direita no Brasil.

“The Weight of the Consequences” é a primeira canção lançada pelo grupo em inglês. A letra fala um pouco sobre solidão e o peso das consequências na vida das pessoas. Tem um clima meio grunge / meio rock alternativo anos noventa. “Máquinas” encerra o álbum com um clima eletro-rock fechando a temática do disco.


No disco “A Era da Desinformação” a banda Dia Eterno mostra que ainda há espaço na música para canções com letras mais elaboradas, ao contrário do que se vê na grande mídia atual. Mesmo com a produção simples (a banda gravou e produziu o trabalho em seu próprio estúdio) conseguiram passar uma mensagem interessante e mostrar que o rock ainda é relevante para os dias atuais. Disponível na íntegra em todas as principais plataformas digitais (Spotify e Deezer) e no Youtube.



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