2 de julho de 2018

Let it Be – O “pior” disco dos Beatles?


A relação entre os quatro integrantes do Fab Four já não era mais a mesma no final dos anos sessenta, quando Paul McCartney (que nessa época já era assumidamente o líder do grupo) decidiu lançar um documentário chamado “Get Back” e também um álbum com o mesmo nome. A ideia era dos Beatles voltarem às origens, com a banda gravando tudo ao vivo, assim como os primeiros discos e também Paul ainda alimentava a esperança dos Beatles voltarem aos palcos, ideia que não agradava o restante do grupo.


Para a produção foi chamado novamente George Martin, o clássico produtor da banda que trabalhou nos discos dos Beatles que revolucionaram a história do rock, como “Revolver”, “Sgt. Peppers” e etc... grande responsável pelos efeitos que mudaram para sempre o jeito de produzir discos dali em diante. McCartney queria uma produção mais crua, sem toda aquela parafernália de overdubs dos álbuns anteriores, o que logo de cara desagradou Martin.



Para o documentário, os Beatles armaram um show surpresa no terraço da gravadora Apple e desta apresentação, além das imagens, seriam aproveitados os áudios  de algumas músicas para serem incluídas no disco. “Dig a Pony”, “I´ve got a feeling” e"One After 909" foram tiradas do mini show no terraço da gravadora. A apresentação teve que ser interrompida pela polícia devido ao tumulto causado nas ruas por causa das pessoas que paravam ali surpresas para assistir a maior banda de rock de todos os tempos de graça.

Nas sessões de gravação dezenas de músicas foram gravadas, algumas fariam parte do disco “Abbey Road” e algumas canções que fariam parte de discos solos de Lennon (“Jealous Guy”) e de George Harrison (“All Things Must Pass”) foram gravadas em suas versões embrionárias. O clima não era nada bom, a presença de Yoko Ono, segundo reza a lenda, não era bem vista pelos outros integrantes do grupo (Lennon jurava que “Get Back” era um recado velado para que Yoko caísse fora dali).

Para piorar a situação, George Martin caiu fora e não terminou de produzir o disco, então John Lennon chamou Phill Spector, que estava trabalhando com Lennon em seu primeiro disco solo, para terminar a produção. Além de produzir toda a mixagem do álbum final, Spector realizou modificações em algumas músicas: Pegou uma jam session, "Dig It", e outras conversas entre as gravações; alongou "I Me Mine"; desacelerou e acrescentou cordas a "Across The Universe"; colocou cordas e coral em "The Long And Winding Road" e cortou a parte em que Paul fala como um bluesman em "Get Back".


Finalmente em 8 de maio de 1970 saia o disco Let it Be (não mais Get Back, como na ideia inicial de McCartney), juntamente com o documentário com o mesmo nome. McCartney não gostou do resultado final, principalmente das alterações feitas em “The Long and Winding Road”. Anos depois Lennon afirmou que Spector tinha tirado leite de pedra, devido à baixa qualidade e sentimento ruins das canções entregues a ele. O disco acabou sendo o último a ser lançado pela banda, mesmo sendo gravado antes do disco Abbey Road, mas devido a problemas contratuais o álbum Let it Be acabou sendo lançado depois.

Let it Be, apesar de todos os problemas e divergências nas gravações, traz belas canções como a música título, “The Long and Winding Road”, “Get Back” e “I´ve Got a Feeling”, mas também traz canções menos inspiradas como “Dig a Pony”, “Two of Us” e “For You Blue”. Para uma banda normal seria um de seus melhores discos, mas para um grupo que teve discos como Revolver, Sgt Peppers e o Álbum Branco, Let it Be é um trabalho bem inferior, mostrando uma banda lutando contra seus fantasmas interiores.



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