9 de dezembro de 2014

Grandes discos de 1994 – The Downward Spiral

A banda Nine Inch Nails (na verdade composta somente por Trent Reznor e músicos de apoio) já tinha dois discos lançados em 1994, Pretty Hate Machine de 1989 e o EP Broken de 1992. Era o momento para o líder e faz tudo da banda, Trent Reznor, criar um álbum ambicioso e conceitual, usando os elementos que dominava muito bem, rock industrial e música eletrônica.


Para a gravação do disco, Reznor se isolou na famosa mansão em que ocorreu um dos maiores crimes da história, quando Charles Manson planejou e seus seguidores mataram várias pessoas, entre elas, a atriz Sharon Tate, que era esposa do diretor Roman Polanski. Nas paredes foi escrita com sangue das vítimas a palavra Pigs (Porcos). O clima tenso e fantasmagórico da casa acabou influenciando a sonoridade caótica e raivosa do disco.

Para a produção, Reznor contou com Flood, que trabalhou com bandas como U2 e Smashing Pumpkins. O conceito do disco é talvez um relato autobiográfico de Trent Reznor, o personagem central passa por diversos estados psíquicos e questiona a religião, o amor e a vida em geral, mostrando um estado de autodestruição, provavelmente causados pelo uso de drogas pesadas.

As canções caóticas, com baterias estrondosas e guitarras enfurecidas, logo caíram nas graças da juventude norte-americana, que estava órfã de um de seus maiores ícones de rebeldia na época, Kurt Cobain havia se matado em abril daquele ano. O mundo perturbador criado por Reznor pode ser muito bem percebidos nas letras fortes e depressivas, que questionam até a existência de Deus, como na música “Heresy”: “Deus está morto / E ninguém se importa / Se existe um inferno / Eu verei você lá”.

“March of the pigs” é uma música essencial no setlist da banda até hoje. Uma canção que altera momentos de fúria e calmaria ganhou um videoclipe de uma tomada só que passava bastante na MTV na época, um vídeo simples que tem a banda tocando em um fundo branco, mas que mostra toda a revolta e pegada do som do Nine Inch Nails. 



“Closer” é a melhor música da banda e ganhou um videoclipe sensacional, um dos melhores feitos na década de 90. O vídeo teve várias imagens censuradas, pois mostrava várias cenas perturbadoras de sadomasoquismo, horror e símbolos religiosos. Dirigido por Mark Romanek, ganhou diversos prêmios. A canção ainda tem um dos refrões mais fortes do rock alternativo “Eu quero foder você como um animal”.



A obsessão pela palavra “Pig” no disco, pode ter sido influenciada pelos assassinatos comandados por Charles Manson, apesar disto ser desmentido por Trent Reznor. “Hurt” foi outro grande sucesso do álbum, música que encerra o conceito do disco, em que o personagem desabafa, em uma letra triste e confessional. A canção foi regravada em 2003 por Johnny Cash e foi o seu epitáfio, seu último videoclipe antes de morrer e também foi dirigido por Mark Romanek.





Anos depois do sucesso do disco, dois garotos invadiram uma escola em 1999, mataram diversas pessoas e cometeram suicídio, episódio que ficou conhecido como o Massacre de Columbine. Logo depois foi divulgado que os dois garotos disseram anteriormente que foram influenciados pelo álbum The Downward Spiral e suas letras para planejarem o crime. Este fato fez com que a mídia e alguns movimentos conservadores se revoltassem contra a banda de Reznor e também com Marylin Manson, que também teve suas músicas citadas como influência para os garotos.

The Downward Spiral foi aclamado pela crítica e pelo público, sendo um dos melhores discos dos anos 90 e o melhor trabalho do Nine Inch Nails até hoje. A mistura bem equilibrada de peso e música eletrônica e o desespero e raiva expressadas por Trent Reznor resultaram em um álbum que preenchia um vazio na juventude norte americana, que se mostrava frustrada e sem perspectivas em meados dos anos 90.



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