Nheengatu é o novo disco da
banda paulistana Titãs e é 18º álbum de uma prolífera carreira. O título é uma
língua derivada do Tupi-Guarani e a capa é um desenho que representa a Torre de
Babel. Agora como um quinteto, a banda lança este novo trabalho com a produção
do requisitado Rafael Ramos, que produziu discos de Pitty, Los Hermanos entre
outros artistas. Este também é o primeiro disco da banda com a participação do
baterista Mário Fabre, que substitui Charles Gavin, que deixou a banda em 2010.
Neste novo álbum, o Titãs
vem com uma sonoridade mais pesada, deixando um pouco de lado as baladas
radiofônicas que estavam presentes nos últimos álbuns do grupo. As letras agora
também estão mais fortes, com mais críticas sociais, ao contrário do romantismo
que permeava algumas letras de trabalhos anteriores. A sonoridade lembra um
pouco discos como Titanomaquia de 1993 e Cabeça Dinossauro de 1986.
“Fardado” abre o disco com
um riff pesado e potente, com uma letra cantada com raiva por Sérgio Britto,
criticando a violência policial. “Mensageiro da desgraça” é cantada por Paulo
Miklos, que continua sendo o melhor cantor da banda, em uma letra que fala
sobre um cara que vive na miséria das ruas, citando a pobreza e o crack. “República
dos bananas” é cantada por Branco Melo, em uma parceria com o cartunista Angeli,
em uma letra com uma estrutura bem característica do Titãs.
“Fala Renata” é uma das mais
pesadas do álbum e tem uma mudança de ritmo no meio mudando de rock para uma
batida meio baião. Com certeza uma das melhores para tocar nos shows. “Cadáver
sobre cadáver” é uma parceria com o eterno titã Arnaldo Antunes. “Canalha” é um
cover de Walter Franco, um dos artistas “malditos” dos anos 70, que também teve
uma música regravada pelo Ira!, a música “Feito gente”. Um dos momentos de mais
calma de Nheengatu, tem um arranjo simples e criativo, com uma boa
interpretação de Branco Mello, apesar de suas habituais desafinações.
“Eu me sinto bem” e “Não
pode” são rocks divertidos, mas bem dispensáveis, com letras mais infantis,
duas músicas que poderiam estar fora do disco. “Flores para ela” é uma das
melhores do álbum, fala sobre violência doméstica tem uma boa linha de baixo e
muito bem cantada por Paulo Miklos. Em “Senhor” o Titãs usa uma base rítmica
que já foi utilizada em músicas como “Massacre” e “Felizes são os peixes”.
Em “Baião de dois” a banda
mistura baião com rock e se sai bem, com uma letra interessante. Para
finalizar, a boa “Quem são os animais?” em que a banda critica a homofobia e o
preconceito racial. O Titãs se sai bem em Nheengatu, um trabalho mais
interessante do que os últimos três álbuns de estúdio lançados pela banda. Ao
apostar em um rock mais pesado e energético e mesmo apelando para velhos
clichês o grupo revigora o seu som e pode dar uma dose a mais de energia aos
seus shows, deixando um pouco de lado o pop romântico que incomodava um pouco
seus antigos fãs.
Uma das raras bandas a manter-se na ativa após tantos anos. Ainda não escutei todas as músicas desse álbum, mas trata-se de um bom trabalho e comparado ao que é feito hoje em dia chega a ser excelente. Abraço
ResponderExcluirEste disco é bem melhor que o fraco Sacos Plásticos, disco anterior deles. Lembra as melhores fase da banda. Abraço!
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